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18• "Primeira dama"

15 de março de 2007, Adelaide.

Pela primeira vez naquele ano a casa dos Clements estava cheia. Pela primeira vez naquele ano eles não precisavam fingir.

-Onde está a Hayden?-Katherine saiu da cozinha com as mãos segurando um grande recipiente, chamando a atenção do marido que soltou um pequeno suspiro.

-Não consegui fazer ela sair do quarto hoje.-George deu de ombros o que fez a mulher já se irritar. Desde o falecimento da mãe de George as coisas haviam piorado no relacionamento deles.

-Eu vou lá, atende a porta.-A mulher passou suas mãos pelo vestido decotado em seu corpo e subiu as escadas da casa calmamente, ouvindo a voz fina da filha de longe.

-É muito bom te ver senhorita Housetoff! Aceita um chá? Claro que sim, senhora.

Katherine observou a filha passeando pelo grande quarto com pequenas alpacas em seus braços cobertos pelo casaco do pai.

Ela geralmente não tirava mais ele e isso no fim preocupava Katherine. Era óbvio que sua filha não tinha comportamento normal. Geralmente ela tinha comportamentos sempre iguais e sempre fascinada por apenas um assunto.

Mas nos últimos meses a pequena Hayden havia se isolado totalmente, Katherine e George queriam acreditar que era a falta da avó que antes vivia com eles.

Mas aquilo já estava passando dos limites.

-E então a bruxa verde pegou a princesa!-Katherine entrou no quarto da filha com um sorriso enorme, levando suas mãos para a cintura fina da garotinha causando cócegas.

-Mamãe! Você chegou.-A voz fina de Hay era sempre baixa, mesmo que animada ela ainda parecia ter medo de falar.

-Eu disse que não iria nem sentir minha falta, mas no meu caso.-A mulher apertou a filha em seus braços e deixou que um sorriso escapasse quando ouviu um suspiro da parte da garotinha.

Semanas depois tudo acabou.

Em um passeio até o parque, Hayden teve uma crise de pânico e a mulher percebeu que não era apenas coisa de criança.

Hayden colocava suas pequenas mãos no ouvido e apertava os olhos como se a vida estivesse a levando embora, e ela estivesse lutando para ficar.

Katherine juntou toda a coragem que ela tinha e levou o corpo trêmulo de sua filha até o hospital mais próximo, deixando apenas um recado para George quando levaram sua garotinha para longe.

Ela teve que segurar seu lado materno para não invadir a sala e a tirar dali, acalmando seus gritos finos com um abraço mas nem a mulher sabia o que acontecia com a filha.

-Senhora Clements?-Um homem alto saiu no corredor com um semblante tão calmo que até irritou Katherine.

-Sou eu, onde está a Hayden?

-Ela está bem, agora está dormindo na área infantil.-O rapaz tentou acalmar a mãe mas nada parecia acolher aquela mulher.-Hayden teve um ataque de pânico, acreditamos que começou por conta do barulho.

-Do barulho? Mas..Hayden nunca teve problema com barulhos.-A mulher não conseguia entender, seus lábios logo se entreabriram ao lembrar da forma que ela corria para o pequeno sótão escondido em seu quarto quando ligavam o som.

Hayden sempre foi sensível ao barulho mas eles nunca notaram.

-Nós temos certeza que ela é uma garota saudável, mas aconselhamos a fazer alguns exames e acompanhamento psicólogo.

Então a mulher puxou o cartão que estava na mão do doutor, era até um cartão bonito com um grande "Donna Dillamond" brilhando em frente.

Ela faria isso por sua pequena Hayden.