ii. good at making promises

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Pareceu, por um instante, que o hospital inteiro ficou em silêncio e as respirações se tornaram absurdamente altas, como uma intensa ventania. Louis já estava familiarizado com a situação.

Harry soltou um soluço estrangulado, seus olhos banhados em lágrimas e fazendo o possível para não entrar em pânico.

— O que isso- o que isso quer dizer? — George foi o primeiro a se pronunciar, agora segurando ternamente a mão de Harry. — O cabelo dele vai cair?

O médico, que se aproximava para explicar os exames, nem se deu o trabalho de responder a dúvida estúpida.

— Os aneurismas surgem quando há uma região enfraquecida na parede de um vaso sanguíneo — indicou o resultado de Harry, onde se via com clareza que algo estava fora do comum. — O vaso dilatado é preenchido com sangue e pode romper a qualquer momento, o que leva o paciente a uma hemorragia.

— C-como isso aconteceu?

— Harry, cerca de 5% da população mundial tem um aneurisma cerebral. Algumas pessoas nascem com um e outras adquirem ao longo do tempo.

— E eu vou m-morrer? — Seu olhar estava completamente assustado. Ele tremia de nervoso.

— Lembra que eu disse que estava tudo sob controle? — Esperou uma resposta positiva. — Vamos cuidar de você, Harry. Eu e minha equipe estaremos aqui para te auxiliar em todo esse processo, e sei também que você contará com todo o apoio de sua família — olhou para George. — Peço para que se acalme, sim? Vou buscar uma água para você e, assim que estiver mais tranquilo, continuamos.

Louis deixou o quarto e se dirigiu até o bebedouro mais próximo, enchendo dois copos descartáveis com água.

Sua cabeça estava explodindo.

Nos outros corredores, naquele exato momento, algumas famílias estavam sendo agraciadas com uma nova vida, enquanto outras tinham que se preparar para dar a amarga ordem de desligamento dos aparelhos.

São coisas opostas e profundas demais.

Ele parou em um dos vários pontos de chá-fé — pequenas mesas com garrafas de café e chá preparados periodicamente, copos de isopor, adoçante e açúcar — que eram distribuídos estrategicamente pelos andares para usufruto dos funcionários, e colocou dois sachês de açúcar em um dos copos com água.

Deu um longo suspiro antes de retornar para a bolha de angústia.

— Aqui, Harry, tome tudo — estendeu o copo de água com açúcar e esperou que o paciente aceitasse.

— Obrigado, doutor — tomou o primeiro gole e fez uma careta. Ele odeia água com açúcar. — Uh, muito ruim.

— Esse aqui é só água — Louis estendeu o outro copo e lhe ofereceu um meio sorriso.

Ele aguardou que Harry parasse de tremer. George estava inquieto, jogando seu peso de uma perna para outra e orando internamente.

— Está se sentindo bem, querido?

— Um pouco assustado, mas vou ficar bem. Eu te amo — sussurrou e encarou o doutor.

— Eu te amo mais — Harry respondeu abertamente e abriu um grande sorriso, mostrando todos os seus dentes brancos. — Obrigado por vir me acompanhar.

— Então… — Louis se pronunciou. — Podemos continuar?

— Sim, claro.

— Não é muito comum que o paciente descubra que tem um aneurisma antes que ele se rompa, porque o quadro geralmente não apresenta sintomas — explicou. — Por isso, Harry, é muito importante que esteja aqui hoje.

aneurysm • lwt+hesOnde histórias criam vida. Descubra agora