Caligrafia Interna

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Cara, finalmente resolvi focar em postar "Você pode me ouvir" aqui, além do Spirit ahdhshd

Boa leitura <3
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"Todoroki-kun, me desculpe, mas... você já beijou uma garota?" 

Todoroki sentiu as bochechas ferverem e desviou o olhar, concluindo que o carpete branco era mais favorável que agora o esverdeado. Apertou as mãos, voltou os olhos, releu e finalmente levantou o rosto para Midoriya. 

Izuku abaixou a cabeça e levou o lençol que o cobria da cintura para baixo até o nariz, escondendo-se. Não fazia menção de consertar a situação, apenas aguardava uma resposta. 

- J-já... 

Sim, já havia beijado uma garota. Não é surpresa, tinha dezesseis anos e tinha uma boa aparência, era natural que atraísse outras pessoas. E, infelizmente, Shouto fez até mais que beijar uma garota.  A lembrança da noite em que perdeu sua virgindade era algo que odiava recordar. Foi terrível, não é legal fazer esse tipo de coisa com alguém que você não gosta. Todoroki recorda-se que foi difícil sentir algum prazer naquilo. 

Novamente, o som de palmas foi ouvido, Shouto ergueu a cabeça para dar de cara com um bloco de notas. Izuku segurava o bloco ainda de bochechas coradas, mas havia determinação colorindo suas feições. 

“E é bom?” 

- Q-que tipo de perguntas são essas, de repente? – questionou, tentando fugir da pergunta. 

Em seguida, veio três sinais: Eu quero saber. Todoroki sentiu certo orgulho por conseguir entender ao menos uma frase. 

- Depende muito – Suspirou, fitando Midoriya. – A situação, a pessoa e o quanto você gosta dela. 

Izuku novamente gesticulou, porém dessa vez Shouto não compreendeu. Tombou a cabeça para o lado, fitando as esmeraldas que o analisavam com curiosidade. Com mãos determinadas, escreveu. 

“É melhor beijar alguém que você gosta do que alguém que não goste? ”

- Você realmente precisa socializar mais. – Todoroki riu, desistindo de desviar do assunto. – Eu não sei. Nunca gostei de alguém de uma maneira tão intensa. Mas por que tanta curiosidade? 

Shouto aguardou pacientemente enquanto Midoriya rabiscava rapidamente o papel. 

“Filmes, novelas e livros. Há romance e beijos em todo lugar, mas eu nunca descobri o que é isso exatamente”. 

Com calma, Todoroki soltou todo o ar que inconscientemente havia prendido. Era meio que óbvio o motivo daquele interrogatório. 

Izuku nunca teve a oportunidade de ao menos saber como é a sensação de beijar uma garota. Preso naquela cama, sem frequentar uma escola, sem socializar. É as consequências, e mesmo assim Izuku parecia lidar bem com isso. Ele era um rapaz de um sorriso fácil e contagiante. 

Fitou o rosto delicado do garoto, notando que sua pele era bem pálida, o esperado de alguém que quase não sai de casa para pegar algum sol. E só então, Todoroki percebeu que ele gesticulava, pedindo para se aproximar. Perguntou-se se aquele gesto podia ser considerado libras. 

Estava sentado mais ou menos na linha das pernas de Izuku, então ergueu a banqueta e posicionou-se quase que de frente para ele. Ao ajeitar-se e olhar para cima, foi surpreendido pela mão dele, que tocou sua bochecha suavemente. Shouto estava sem ação, em dúvida entre expulsá-lo ou deixa-lo ali. 

Izuku pareceu notar seu constrangimento, pois novamente riu. Aquela risada muda e mesmo assim sincera, Todoroki quis saber como era sua voz. Midoriya baixou o rosto para o bloco, escrevendo novamente. Os cabelos esverdeados lhe caíam tão bem, contrastava com a tez branca e as bochechas avermelhadas, pintadas pelas pequenas sardas. 

Você pode me ouvir?Onde histórias criam vida. Descubra agora