XLI-Na mente e no coração

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Chegaram até o grande salão onde Laian já estava, de mãos no rosto e expressão preocupada. Assim que percebeu a aproximação de Sol  pareceu surpreso e encantado; ele endireitou cadeira da mesa e a puxou à frente da sua para que ela sentasse. Sol agradeceu meio cabulada e permaneceu em silêncio.
- Você está... muito linda. O rei quebrou o silêncio.
- Obrigada, respondeu Sol se servindo. Ignorado o olhar do rapaz sobre ela.
- Sei que não sou digno de seu perdão Sol, causei muita dor a você...
- E muitas outras pessoas! Inocentes. Ela gostaria de não falar sobre aquilo, ela nem sentia fome, sentia saudade de Eprain, sentia saudade de Charlotte e de Caspian...
- O que posso fazer para fazê-la se sentir melhor? Laian parecia decidido em continuar a importunar a Sol.
Apenas que me poupe de ouvi-lo. Era isso que ela gostaria de dizer, mas não o fez.
- Nada do que você fizer irá me fazer sentir melhor rei Laian.
Aquilo soou muito rude vindo da boca de Sol, ela notou isso. Mas não se importou. Deixou transparecer seu desagrado com a presença dele. Ele por outro lado, parecia calmo, paciente como ela nunca pensou ser da natureza dele. O que acontecia? Qual teria sido o motivo de tamanha transformação? Onde ficaram os insultos contra Sol e todas as pessoas?
- Tudo bem, vou poupar você de ouvir minha voz então... ela foi pega de surpresa, ouvir aquilo a deixou se sentindo culpada, ele lia pensamentos? Orava Sol em segredo para que não. Ela não gostaria de despertar a ira do rei tirano novamente. E daquele momento por diante ninguém disse mais nada, comeram, trocaram olhares, observaram tediados as janelas e por fim cada um foi para seus lados. A noite já se aproximava e Sol procurou se recolher cedo. Laian também, mas ele não conseguia dormir, seus sentimentos não deixavam, e todas as vezes em que fechava os olhos era a imagem dela que vinha em sua mente. Ele lançou um dos fofos travesseiros contra a parede e caminhou até a janela, estava muito frio e o calor vindo do quarto aquecido pela lareira o fez se sentir melhor. Depois de um certo tempo observando o mundo lá fora e tentando descansar a mente para a viagem de amanhã cedo, ele se aproximou de sua espada onde estava também a coroa de seu primo Caspian. Segurou o objeto precioso nas mãos e se recordou do momento em que feriu Caspian, como ele desejava que tudo aquilo fosse um sonho. Ele não podia ter sido tão cruel, podia? Nesse momento ouviu algo no corredor, eram passos, o coração de Laian bateu depressa, seria Sol? Mas ao correr até a porta e ficar lá parado na espera de que ela batesse, nada se ouviu. Ele abriu a imensa porta, mas não havia nada além de paredes e tapetes estampados pelo chão.
Do outro lado dos cômodos Sol dormia profundamente, ela sonhava com Caspian, com dança e com fadinhas cantando, sonhou que estavam em um grande baile e que Sol dançava com Caspian ela estava muito feliz, ele também sorrindo para ela, mas derrepente não era mais Caspian e sim seu primo Laian, os olhos azuis como duas pedrinhas de anil e os lábios rosados sorriam para ela. Sol ficou confusa, e mais confusa ainda quando se viu abraçando e beijando seu maior inimigo. Ele parecia devolver o carinho com intensidade de amor, lhe beijando a face e conduzindo ela na dança graciosamente. Sol sentia suas pernas tremerem, ela não conseguia desviar seu olhar dos dele, os cabelos prateados do rapaz reluziam com a luz do gigante salão e assim aquela valsa se findou com o despertar de Sol, as luzes do baile eram na verdade a faixa de luz vinda do raio solar que vinha da janela, Sol abriu os olhos indecisa, por um momento teve a sensação de estar em Eprain, mas era só o tempo frio que havia cessado um pouco aquela manhã e ela se arrumou rapidamente para encontrar com Laian, daqui há alguns instantes estariam partindo em viagem.

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Eles já estavam prontos, montados em seus cavalos, Laian presenteou Sol com um de seus melhores animais que ela logo tratou de pôr um nome, Estelar, Laian achou o nome estranho, mas Sol disse ser celestial, o rei nada disse, ao invés disso ficou feliz por ver Sol sorridente enquanto acariciava seu mais novo amigo. Estelar era branco com alguns pontos negros espalhados pelo corpo, pintas gigantes por assim dizer... e tinha os olhos azuis como os do rei. Mas ela preferiu ignorar isso também.
Os dois estavam preparados com suprimentos para a longa viagem e armas para se defender, Laian com sua inseparável espada e Sol com um arco e flechas que mesmo não sendo de Eprain era muito bem trabalhada e ornamentada. Era negra e tinha uns detalhes em ouro. Antes de partirem Laian recebeu muitas instruções de seu conselheiro Elfo, o Lord Mafri. O ser extremamente frio e de cabelos cumpridos e completamente brancos não de velhice, mas algo tão branco quanto a neve se despediu de seu jovem rei como se ele fosse só um garotinho em busca de aventuras, Laian beijou Mafri no rosto como um filho beija seu pai e por um momento Sol percebeu o quanto Laian amava aquele elfo, ela se recordou do que Charlotte havia dito sobre o amor que o rei do Sul tinha por aquela espécie, assim como Caspian pelas fadas. Já estava quase chorando ao ver aquela cena quando saiu de seus pensamentos ao ouvir seu nome ser pronunciado por Laian.
- Perdão... o que disse?
- Se você sente-se pronta para partimos.
- Sim! Exclamou a menina endireitando a postura e segurando firme as rédeas de seu cavalo.
Laian foi na frente e Sol logo depois olhando pela uma última vez o elfo que lhe retribuiu o olhar apenas com um riso forçado. Talvez ele não entendesse ainda o porque o rei mudara de idéia em relação a ela. Mas o olhar de desprezo e o sorriso falso do elfo não desanimavam Sol; ela não pertencia aquele reino, não era seu lugar, na verdade, de uns bons tempos para cá Sol já não fazia idéia de onde realmente era seu lugar. Ela e seu cavalo correram velozes para alcançarem o rei, a luz que vinha do Sol trazendo uma gostosa sensação de calor nas bochechas já rosadas da garota não durou muito tempo, logo desapareceu por entre as densas nuvens que se formavam rapidamente; Laian disse que previa uma forte tempestade, mas que ela não temesse, ele conhecia alguns vilarejos no caminho para Ascalom onde poderiam pernoitar para não congelarem na longa noite que se iniciaria algumas horas mais.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora