No meio do terremoto (Ellen)

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ELLEN

OUÇO UM GRANDE ESTALO, porém James está em cima de mim e eu não consigo ver nada.

– Sai de cima de mim – eu o digo.

James então se levanta e pede desculpas, voltamos a sala central correndo, James segura minha mão com força, mas nem se quer me olha novamente, Heaven e Eliot parecem preocupados com algo e eu continuo a sentir pequenas vibrações em meus pés.

De repente um abalo forte nos assola, porém em poucos segundos ele passa. Um silencio toma conta da sala, todos nos olhamos com receio, James ainda não largou minha mão, e eu também não faço menção de puxa-la, me sinto um pouco mais segura ali. Agora todos somos jogados ao chão, é como se o terremoto tivesse retornado com ainda mais força, eu bato o rosto contra o solo outras duas vezes até conseguir me apoiar, ajudo James a se levantar e me aparo em uma das empoeiradas paredes verdes.

– Para fora agora! – Beathriz ordena.

James aperta novamente minha mão, porém me fixo no mesmo lugar, sinto de falta de algo que deveria estar comigo, olho para todos os lados, mas apenas vejo poeira e objetos caindo, ao fundo consigo ouvir um miado, Simba!

Solto-me de James e corro em meio ao desmoronamento da sala, de baixo de um amontoado de pedras eu ouço novamente o miado de Simba, observo uma brecha entre as pedras e calculo que consigo passar por ali [Eliot: – Fitness] me abaixo e começo a rastejar para dentro, porém me sinto puxada pelos pés novamente para fora.

– O que você pensa que está fazendo? – James me pergunta arqueando as sobrancelhas.

– O que você pensa que está fazendo? – eu devolvo a pergunta – eu vim salvar o Simba.

– Aqui é muito perigoso, precisamos sair – James me responde estendendo a mão.

– Saia você, ninguém te pediu pra ficar – digo voltando novamente para dentro da brecha.

Muita poeira entra em meus olhos, mas eu tento os manter abertos, Simba está acuado e com o rabo preso. Vou mais fundo para conseguir alcança-lo, mas ele está bastante assustado, me estico o máximo que eu posso e finalmente consigo retirar as pedras que o prendia. Puxo ele para perto de mim, mas não consigo retornar para fora, a viga de ferro que segura as pedras a cima de minha cabeça começa a ceder, meu coração dispara e eu aperto o Simba, e quando eu acho que esse finalmente seria meu fim, sou novamente puxada para fora, fico em baixo de James, ele me olha bem fundo nos olhos, sua cabeça perece ferida, está sangrando.

– Precisamos conversar – ele me diz um pouco ofegante.

– Quando a gente acabar a missão – eu respondo – isso se ainda existir mundo.

Tento rolar para fora da casinha que James fez sobre mim, mas sou bruscamente freada, meu cabelo parece ter ficado preso entre as toneladas de pedras que quase esmagaram minha cabeça há pouco. Eu olho para James, que me olha de volta, parece ter entendido o que eu quis dizer e some em meio a poeira, eu me viro de bruços para tentar proteger o Simba de qualquer coisa que resolva cair do teto, James não demora muito e retorna com um machado, sem muitas delongas o empunha e corta meu cabelo em apenas um golpe – Oh, meu cabelo. Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti. E de tristezas vou viver, aquele adeus, não pude dar – com meu novo penteado na altura dos ombros, coloco Simba dentro da minha blusa e corro com James para fora da velha estação.

[James: – Anastácia se preocupando com um animal? quem diria hein.

Ellen: – Surpresa nenhuma, me preocupo com você.

James: – Quem te compre que te conhece.

Ellen: – James, esse ditado também não é assim.]

Ellen Chistyakova - PangeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora