alone (adjective): isolated from others.
|HARRY POV|
Depois da aula do professor policial, que nem sei o nome verdadeiro acabar, fui direto até ao jardim atrás do meu edifício, visto ser o único lugar mais calmo desta escola. Deitei-me na relva perto de um chafariz e coloquei os meus earophones nos ouvidos.
Coloco a minha mochila debaixo da minha cabeça e fecho os olhos com o albúm dos The 1975 a deixar-me relaxar. Neste momento eu já nem quero saber se tenho uma nova aula daqui a dez minutos. O que me interessa mesmo é ficar relaxado e não pensar nas coisas que me aconteceram nesta última semana. Foi tudo demais para mim.
And you're a liar (E tu és um mentiroso)
At least all of your friends are (Pelo o menos, todos os teus amigos são)
So am I typically a child in my heart (Então eu sou o tipicamente, uma criança no meu coração)
It's my party (É a minha festa)
And I'll cry to the end (E eu vou chorar até ao final)
You must try harder (Tu deves esforçar-te mais)
You're kissing all of my friends, you (Tu andas a beijar todos os meus amigos, tu)
"Harry? Que estás aqui a fazer deitado? Tens aulas daqui a dois minutos." Nem me importei em abrir os olhos e ver quem estava a acabar com o meu relaxamento porque de qualquer maneira, eu sabia de quem se tratava.
"Autumn, deixa-me em paz." Sem abrir os olhos e sem me mexer, continuei a ouvir a música You, e falei. Não quero saber se vou chegar atrasado à próxima aula, eu só quero relaxar um bocado.
"Se tu vais faltar, eu também vou. Eu também não queria aturar a professora Lindsay, honestamente." O QUÊ? NÃO. EU QUERO FICAR SOZINHO.
"Eu quero ficar sozinho. Se queres faltar, vai para outro lugar." Eu sei que soei rude, mas eu não dou uma merda para isso agora. Eu quero, claro que quero que ela fique comigo, mas depois daquilo que se passou à meia hora atrás eu não vou mais ser amigável com ela. Aquilo afetou-me, porque eu pensava que eramos amigos, mas afinal, como sempre, enganei-me.
"Porque é que estás a ser um idiota? A sério não te compreendo neste momento.", oh, a sério que não sabes?
"Eu é que sou o idiota?" Pergunto irritado, levantando-me na relva, e deixando cair os meus earphones por cima da mochila. Não lhe dou oportunidade de responder quando falo, "Tu é que decidiste ignorar-me na aula, agora queres o quê?" O seu rosto estava confuso, mas logo depois formou um ´O' na sua boca, como se tivesse percebido o que tinha acontecido e o porquê de toda a minha idiotice de agora.
Peguei na minha mochila, guardei os meus earphones, e por fim olhei-lhe nos olhos, "Acho que não vou faltar à aula. Adeus.", falei mais calmo, e deixei-a sozinha com um olhar confuso.
Caminhei até à sala número 46, que ficava no primeiro piso, no edifício dois, e bati à porta, sabendo que estava precisamente outra vez atrasado.
Esperei nem um segundo até que a voz de uma senhora é-me ouvida, "Entre."
Abri a porta, e dei um primeiro passo, vendo a turma toda a olhar-me.
"Desculpe o atraso, não volta a acontecer."
"Como é o novo aluno, eu não me importo, pode sentar-se na última mesa, lá ao fundo, visto ser a única que não está a ser utilizada." Disse e sorriu-me.
Ia a fechar a porta, quando esta, aparece Autumn interrompendo os meus movimentos de a fechar. Dou um passo para trás, fitando os seus olhos azuis como o céu, e rolei os olhos, sabendo que não podia dar parte fraca depois de como reagi para com ela à pouco tempo.
"Autumn, como sempre atrasada. Já era de esperar." Reviro o meu corpo, indo em direção ao fundo da sala e sentando-me, pegando num caderno A4 que outrora era preto, mas neste momento está colado com pedaços de papel e autocolantes das minhas bandas preferidas.
"Professora Lindsay, não volta a acontecer. Prometo."
"Eu sei que isto vai acontecer novamente, mas hoje como estou com um bom humor, eu deixo desta vez." Suspira, e pega no livro de ponto laranja.
"Obrigada Prof. Lindsay." Autumn agradeceu, sorrindo e fechou a porta.
"Ah pode sentar-se à beira do Harry, sendo o único lugar vago." BOA. Não a sério, estava a ser irónico, isto é totalmente mau e desagradável.
Tentei protestar, mas nada me saía da boca porque por mais que eu queira que ela não se sente à minha beira, o meu coração está a pular por contentamento. Autumn, logo murmurou algo e sentou-se ao meu lado, tirando o caderno e o livro da disciplina de Inglês. Com tanta coisa, nem tinha reparado que estava na disciplina de Inglês, no entanto não dou uma merda.
"Já que já estamos todos aqui e não falta mais ninguém, eu e os outros professores de inglês estivemos a pensar, e chegamos à conclusão que todas as turmas vão fazer um trabalho de 7 páginas sobre as almas-gémeas. O trabalho vai ser a pares e tem de ser entregue daqui a um mês, ou antes.", falou. "Alguma dúvida?" Perguntou."O par é a professora que vai escolher, ou podemos ser nós?" Uma rapariga de cabelo preto, no qual é-me desconhecida perguntou.
"Não, Ms. Tryann. Eu vou escolher, e como ainda não decidi, vão ser os vossos colegas do lado." Ripostou, e levantou-se a sua cadeira, escrevendo as informações no quadro. "Depois de passarem os apontamentos, podem perguntar as vossas dúvidas." Disse, e voltou para o seu lugar.
Mas o quê? Eu vou ter de fazer uma porra de um trabalho sobre almas-gémeas com a minha parceira do lado, neste caso, a Autumn, a miúda por quem eu estou rendido desde que me deitou ao chão e me acertou nos tomates ? Really? Só podem estar a brincar comigo. É que nem morto faço um trabalho com ela, ainda por cima sobre esse assunto e são 7 páginas.
MEU DEUS. A professora Lindsay disse mesmo 7 páginas? É que não há bastante para escrever ou pensar sobre almas-gémeas. Pelo o menos, é o que eu acho. FOGO. E eu a pensar que a prof. Lindsay afinal não era assim tão má de todo, visto que me deixou entrar e nem me marcou falta ou levou-me ao Sr. Hitler, mais conhecido como o director deste hospício, que por acaso até tem um lugar para relaxar – a menos que sejas interrompido por uma rapariga gótica, com os olhos mais bonitos que alguma vez viste e o cabelo tingido de cores que nem eu sei descrever, nem tu irás saber.
"Parece que nos vamos conviver mais vezes e eu não te vou deixar em paz." Falou, com o olhar atento em mim.
"É parece que sim." Ripostei e fiz um sorriso cínico, que me foi oferecido pelo o olhar confuso sob para comigo. "Queres começar quando?" Decidi perguntar, brincando com a caneta preta e a azul.
"Pode ser hoje, não tenho nada combinado. Depois do almoço, não temos aulas da parte da tarde." Sugeriu, com uma voz calma e agradável, quase como se a sua mente estivesse a vaguear por lá.
"Hum..Não sei se posso." Levo a mão, para coçar a parte de trás do meu cabelo e pescoço, como sinal de nervosismo. Na verdade não sei porque o estou...talvez seja por estarmos os dois a falar muito perto um do outro...não sei, talvez.