Apenas algumas horas me distanciavam da pergunta feita por Elouera. Mesmo que tenha sido pego de surpresa, a minha resposta só poderia ser uma: Sim, vamos tentar. Agora estávamos sentados lado a lado, esperando pela ginecologista obstetra. Elouera havia me dito que, antes de tentarmos, seria interessante ter uma opinião médica, aceitei. Mesmo antes de concordar em participar da concepção daquela criança, tinha deixando de lado algumas horas de sono para fazer uma busca mais detalhada sobre o assunto.
Poucos dias ao lado de Elouera e eu sabia que os gestos repetitivos de olhar no celular ou procurar por uma posição confortável eram sinais de que estava desconfortável, até mesmo nervosa. Não a culpava, estava da mesma forma, mas por motivos diferentes. Alcancei a mão que estava próxima e entrelacei os dedos. Seu olhar demorou sobre as nossas mãos, quase instantaneamente a vi relaxar na poltrona.
– É engraçado. – murmurou e a fitei. – Fazer isso com alguém além do Owen.
A pergunta já estava na ponta da língua: Quê?! Quem diabos é Owen e o que ele veio fazer num ginecologista com você? Mas, fomos interrompidos por uma sorridente médica na casa dos quarenta.
– Olá, Elouera, Darel. – estendeu a mão em nossa direção, dando uma sacudida firme. – Sou a Laura Sutton, por favor, venham por aqui. – apontou em direção à porta, atrás de si.
Fiz um gesto para que Elouera fosse na frente e a segui, Laura nos indicou as poltronas estofadas em frente à impecável mesa de vidro.
– Vejo que é a primeira consulta de vocês, em que posso ajudá-los? – perguntou solícita.
– Somos futuros tentantes. – Elouera deu um sorriso rápido. – Viemos em busca de esclarecimento e auxílio médico.
– Que ótima notícia! Hoje em dia, em que o divórcio e a falta de tempo para a família imperam, é realmente reconfortante ver um casal tão jovem tomar essa iniciativa. – Elouera não contradisse o casal e eu muito menos o faria. – Quando vocês pretendem começar a tentar?
– O mais rápido possível. – novamente Elouera respondeu.
– Estou realmente feliz por vocês. – a médica sorriu e moveu o mouse minúsculo. – Bom, para o começo de tudo, ambos precisam colher exames de sangue para avaliar doenças infecciosas sexualmente transmissíveis, como hepatites B e C, sífilis, AIDS, e outras doenças como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus. Ok?
Uma parada rápida no que digitava e uma olhadela em nossa direção, assentimos e ela voltou para o seu discurso empolgado, o qual ouvíamos atentamente. Nesse ínterim, a mão feminina procurou pela minha, essa foi aceita de muito bom grado.
– Além disso, é preciso fazer o exame de tipagem sanguínea, dosagem do açúcar no sangue para detecção de diabetes, hemograma completo para ver uma possível anemia, colesterol e dosagens hormonais para avaliar a função ovariana. O mais importante, quando vocês pretendem fazer os exames?
– Hoje mesmo. – respondi e obtive uma leve pressão na minha mão direita.
– Vocês estão decididos. – fez um movimento afirmativo com a cabeça antes de fazer uma chamada. – Por favor, Janice, avise ao Travis que estou lhe enviando um paciente. – não esperou a resposta e logo voltou a atenção em nossa direção. – Antes que passemos para os exames, vocês têm alguma pergunta?
– Tomei a liberdade de fazer uma pequena pesquisa e tenho uma dúvida. – disse e vi Elouera me olhar, surpresa. – Não é necessário esperar estar próximo do dia da ovulação para ter a copulação, mas há conflito sobre quantos dias o esperma pode sobreviver, o que você indica?
– Ótima pergunta, isso vária de homem para homem. A sobrevivência de um esperma varia de dois a cinco dias, já no caso do óvulo, a duração é bem menor, em torno de vinte e quatro horas. Nesse caso, seria interessante ter relação antes do período da ovulação e alguns dias depois. A questão aqui é: manter os espermatozoides sempre renovados. Elouera, quando fui a sua última menstruação?
– Cerca de dez dias. – ela respondeu após uns segundos.
– Ciclo de vinte e oito dias? – diante a resposta afirmativa, Laura voltou a digitar rapidamente. – Amanhã começa a sua pré-ovulação. Portanto, os próximos dias devem ser bem aproveitados. Mais alguma pergunta?
Automaticamente fizemos um sinal negativo e simultaneamente ouvimos a batida discreta na porta.
– Darel, por favor, acompanhe minha assistente.
– Certo. – Elouera segurou mais firme em minha mão antes de afrouxar, o jeito aflito que me olhava denunciava seu nervosismo. – Nos vemos daqui um pouco, ficará tudo bem. – murmurei essa última parte em seu ouvido, não me passou despercebido o leve arrepiar da sua pele, mas fingindo não notar a reação afetada, depositei um beijo demorado em sua testa.
Dei mais uma olhada em sua direção antes de acompanhar a moça, seguimos em direção ao elevador e, após dois andares abaixo, estava diante da porta do Travis Craig, seu nome estava posto discretamente numa plaqueta na parte superior da porta. Uma batida e um entre foi ouvido por nós, a moça abriu a porta.
– Olá, Darel, como está? – o homem grisalho estendeu a mão em direção.
– Ótimo. – respondi, pondo-me logo à vontade, sentei na poltrona a sua frente, ele permaneceu em silêncio enquanto avaliava as anotações em seu monitor.
– Pelo que posso ver, você está aqui para os exames relativo à concepção, certo?
Respondi que sim, os próximos minutos foram gastos respondendo às perguntas de praxe: tipo sanguíneo, se fumava ou bebia, quais eram meus hábitos alimentares e minha rotina.
– Seu exame de sangue será agendado para amanhã, é recomendado que você permaneça em jejum de no mínimo doze horas antes do procedimento. De acordo?
– Sim. Podemos marcar para segunda-feira? – após passar metade da noite em claro, acordamos atrasados para qualquer coisa, e conseguir aquela consulta tinha sido um golpe de sorte. Nem ao menos tivemos uma refeição decente antes de chegar ali, e a perspectiva de passar mais algumas horas sem comer era realmente frustrante.
– Certo. – alguns cliques depois, o exame havia sido alterado para dali a três dias. – Aliado a este exame, temos também o espermograma, sabe como funciona?
– Sim, ele vai avaliar a quantidade e as condições dos espermatozoides da amostra, podendo assim verificar como está a minha fertilidade. – a minha pesquisa tinha recaído nesse assunto, não estava completamente cego.
– Além de muitas vezes, apontar para outros fatores da sua saúde reprodutiva, como as condições da próstata, por exemplo. – e completou. – Para que você tenha sucesso neste exame, é necessário que esteja em abstinência sexual num período de dois a sete dias. Isso inclui não apenas o sexo convencional, mas masturbação ou qualquer outra forma que provoque uma ejaculação. Você está apto para esse exame?
– Sim. – respondi sem hesitar.
– Sendo assim, venha por aqui. – acompanhei-o por uma porta lateral, que nos levou a um corredor com várias portas de ambos os lados. – Oferecemos um conteúdo erótico para facilitar a coleta. – disse, abrindo a porta, e me deu passagem para o pequeno quarto. – É recomendado a higiene antes do procedimento, tudo o que você precisa encontrará no banheiro. Estarei te aguardando no consultório.
– Certo. – esperei que a porta fechasse antes de observar tudo a minha volta.
O aposento composto apenas por uma poltrona, ao seu lado uma mesa e em cima desta o pote para a amostra, de frente para este, estava um rack de painel em tons claros. De um lado uma pilha de revistas, do outro, vários DVDs. A televisão de tela plana em um tamanho considerável jazia a meia parede, sob esta, o aparelho de vídeo. Caminhei em direção à porta discreta a minha direita, o ambiente era impecável. Retirei a minha calça, junto com a boxer, e os deixei pendurados no lugar apropriado ao lado do espelho, troquei os sapatos pelos chinelos hermeticamente fechados em um plástico. Fiz a minha higiene rapidamente, e voltei com uma toalha seca para a saleta.
Analisei o material fotográfico, nada me agradou.
Voltei a atenção para a pilha de DVDs. Tem cara de chata. Irritante. Artificial. Zoofilia. Homossexual. Gang bang. Ia devolvendo cada item, ignorado a sua origem. Dupla penetração, franzi as sobrancelhas, o que é meu é apenas meu. Descartei aquele também. Europeias. Japonesas. Lésbicas... Opa! Claro que, como qualquer homem, ver um vídeo daquele me deixaria animado, mas não foi o vídeo que me chamou a atenção, mas sim a capa. Mesmo que os cabelos estivessem artificialmente cacheados, foi o suficiente para me lembrar da mulher que havia deixado para trás.
A conhecida pontada veio tão rápida quanto a imagem da Elouera no seu momento de prazer. Deixei os DVDs de qualquer jeito ali e me permiti pela primeira vez pensar sobre aquilo. Deixando qualquer falso moralismo, tinha feito o possível e o impossível para não pensar nela, porque não era aquela imagem que eu queria guardar. Desabei na poltrona e logo já estava segurando o membro, este já dava sinal de vida. A próxima imagem a me açoitar foi o dia no parque. O corpo feminino grudado ao meu e a sensação da respiração batendo em meu pescoço.
Como seria sentir aquela respiração batendo suavemente contra o meu membro?
Arfei ao imaginar Elouera de joelhos a minha frente, as mãos femininas no lugar das minhas, percorrendo toda a extensão do meu eixo. A glande repousando em seus lábios e a língua brincando com o frênulo. Um gemido rouco escapou por minha garganta. Minha mente trabalhava rapidamente, imaginando como seria poder afundar em sua garganta, sua mão masturbando continuamente de forma ágil, enquanto seus lábios acolhiam meus testículos, sugando afoita, antes de me tomar novamente em seus lábios. Quase não podia controlar a reação do meu corpo, já estava dolorosamente rígido. Mas a minha tortura mental ainda não havia terminado. O próximo passo seria estar no vale entre os seios fartos, sendo avidamente pressionado por ambos enquanto a língua rosada descansaria na fenda em minha glande a cada investida feita por mim. Atrapalhado, quase deixei cair o minúsculo pote para a coleta. Encaixei o dito próximo à glande e fiz os últimos movimentos, imaginando que no lugar daquele objeto estariam os lábios carnudos esperando por mim.
Reclinei exausto sobre o encosto da poltrona, esperei a respiração normalizar antes de tomar o rumo do banheiro. Mesmo assim, sentia-me inquieto. Estava ansioso por mais, e daquela vez não apenas meras fantasias. Aproveitei e tomei uma ducha relâmpago, logo já estava com a amostra em mãos, voltando pelo mesmo caminho que havia chegado.
– Com licença. – parei um instante, a porta estava aberta e Travis parecia absorto encarando o monitor.
– Entre. – tomei o meu antigo lugar e estendi a amostra na direção dele. – Vou marcar a consulta para daqui a quinze dias, é o tempo máximo para o exame ficar pronto. Alguma dúvida?
– Nenhuma. – disse no mesmo instante em que o telefone sobre a mesa tocou.
– Um minuto. – ele pediu antes de atender. – Claro, já terminamos por aqui. – desligou, já se levantando. – Creio que por enquanto é só. Boa sorte para você e sua esposa.
– Obrigado. – agradeci antes de me retirar.
Segui para os elevadores e em seguida até a sala da Laura. Uma leve batida para anunciar a minha presença.
– Junte-se a nós, Darel. – três passos e já estava ao lado da Elouera. Se quando eu saí ela já estava nervosa, agora ela nem ao menos me olhou. – As últimas considerações que darei a vocês hoje são as seguintes: sem pressão para engravidar na primeira tentativa. Vocês precisarão estar relaxados e tranquilos na hora do coito. Muito amor e carinho, sem pressa. – sorriu gentil. – Outra coisa que é válido lembrar é a questão do pós-coito. Não tenha pressa de levantar da cama ou erguer o quadril para ajudar a natureza, apenas deite-se de lado e permaneça por no mínimo quinze minutos. Procurem por posições que tenha uma profunda penetração. – escorregou em nossa direção uma receita. – É bom começar a uso do suplemento de sulfato ferroso, isso auxiliará à formação do sangue da placenta e do feto, também para compensar a perda durante o parto. Certo? – diante do aceno afirmativo, concluiu. – Por hoje, ficamos por aqui.
Laura deu a volta na mesa e veio despedir-se de nós. Elouera estava em silêncio enquanto andávamos até o estacionamento. Parecia estar dispersa, alheia ao fato que eu estava ali. O caminho para casa foi feito da mesma forma, ela permanecia virada para janela, e por sua postura, sabia que nem mesmo a paisagem retinha sua atenção.
– Você está bem? – perguntei por não aguentar mais aquele silêncio. – Aconteceu alguma coisa enquanto estive fora?
– Sim. Não, nada aconteceu. Vamos apenas esperar os exames, enquanto isso, podemos ir tentando. – balançou a cabeça devagar, mais falando para si mesma do que para a minha pessoa. – Você se importa de começarmos amanhã?
– Sem problemas, Elouera. – mal terminei de responder e ela já estava perdida em pensamentos.
Assim que chegamos em casa, Elouera foi para o escritório. Sem saber o que a afligia e tendo que – forçadamente – respeitar o seu espaço, fui para o meu quarto. Quando desci horas mais tarde, ela ainda permanecia em seu escritório. Findei a noite tendo apenas a companhia de Alyne, que naquele instante, era a mesma coisa que estar sozinho.
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Último Presente [Degustação]
RomanceAlyne Walker deseja ter um filho, era uma ideia boa, até ela contar que prefere o método tradicional. Isso seria um pouco difícil, pois assim como Alyne, a esposa, Elouera Cohen também é uma mulher. A situação torna-se ainda mais complicada quando o...