Capítulo 1 - Você É O Delator?

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(Goyang)

10 anos atrás

O capitão Kim estava nervoso. Aquela operação precisava dar certo ou a vida inocente de um adolescente iria pelos ares. Detestava como o destino podia de fato fazer uma pessoa estar no lugar errado, na hora errada. Fazia uma semana, uma longa semana, que a porra de um assassino em série tinha sido encurralado.

Mas claro que esse babaca iria conseguir fugir, afinal, tinha conseguido se manter impune e sempre um passo à frente durante 5 longos anos. Era justamente por terem sido longos anos desse caso, que o capitão Kim resolveu que o melhor plano era não ter plano e agir invadindo o local onde descobrira que a escória morava.

O problema era: a porra do babaca tinha ido ao mercado, então quando estava voltando para casa e viu a polícia, fugiu. Mas claro que a polícia estava à espreita de uma atitude dessas e a perseguição começou. O problema morava na fodida perseguição.

Cercado e praticamente condenado, o assassino sabia que precisava de uma válvula de escape e qual seria a melhor válvula do que um refém? Por pensar que essa era sua única chance, o assassino invadiu uma lojinha de conveniências no final da tarde e pegou o balconista como refém.

O adolescente de 17 anos estava no lugar errado e na hora errada, mas o que poderia ter feito? Ficado em casa coçando o saco e ver sua mãe se virar sozinha para sustentar os dois? Tudo bem que agora que seu irmão mais velho tinha saído de casa as despesas tinham diminuído, mas mesmo assim ainda eram despesas e por isso trabalhava de meio período naquela lojinha. Era um bairro seguro.

Mas para se tornar morto, basta estar vivo e aquele adolescente descobriu isso da pior maneira possível. Era inteligente o suficiente para perceber que aquele acontecimento no fim de tarde não era um simples assalto. Bom, os 7 dias confinado naquele local apenas tinham confirmado sua intuição.

Todos os policiais, psicólogos federais e até a família do jovem adolescente tinham se mobilizado para tentar entrar em um acordo com o assassino. Mas o cara não pregava o olho um minuto sequer e ainda tinha feito o favor de quebrar as câmeras, para que ninguém assistisse quando cochilasse por uns 15 minutos.

Não estava tendo problemas de ficar confinado naquela loja, porque ali tinha de tudo um pouco e conseguia viver. Estava usando dos dias para perceber a rotina dos federais e tentar sua rota de fuga. Levaria o adolescente junto, porque se algo acontecesse, o usaria como seu escudo.

Mas o capitão Kim, a mente por trás da justiça, não dormia mais que 10 minutos por dia e vinha bolando todos os tipos de planos. Precisavam arriscar, assim como já tinham arriscado antes, e ver se conseguiam salvar o adolescente em vida. O senhor Kim ficava nervoso, porque seu neto e seu orgulho só tinha 16 anos, ou seja, podia ser seu neto ali! Não conseguia pensar como reagiria se soubesse que seu precioso menino estava confinado com um assassino e sendo usado de refém.

Portanto, aquele era o último dia que o capitão iria permitir que o jovem garoto permanecesse em cativeiro. Sabia que o adolescente não iria morrer, porque era realmente o escudo do assassino, mas também sabia que se o homem encontrasse outro refém, o adolescente descartado como um nada. Estaria morto.

Estava determinado a invadir o lugar, quando, de repente, viu uma agitação estranha dentro da loja. As janelas tinham sido cobertas pelo assassino, todavia, uma delas acabara de ser descoberta por um puxão. Não foi necessário muito tempo para assimilar que o adolescente estava lutando com o serial killer.

O adolescente sabia que qualquer deslize que cometesse, morreria, mas sabia também que estava mais com o pé na cova do que na vida, então tinha resolvido agir. Ficou preso e chorando por tempo demais, precisava colocar um pouco em prática o que aprendeu quando lutava com seu irmão mais velho. Claro que uma lutinha de irmãos não se comparava a uma luta de refém e assassino, mas o adolescente já se via sem saída e por isso agia. Instinto ou imprudência? Se saísse com vida, era ganho.

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