🖤CAPÍTULO 2🖤

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🖤Dylan:

Viver intensamente. Esta é a única coisa que realmente desejo na vida.

Talvez, seja por isso que sempre entro em confusão. O problema é: não me arrependo disso. Não me arrependo de não ser perfeito e comportado como o Rodrigo, muito menos de ser expulso pela quinta vez de uma escola.

Todo mundo já foi expulso de alguma coisa, certo?

Acho que o Rodrigo nunca foi, mas ele não conta.

Tinha apenas 3 anos na primeira vez que fui expulso de um lugar. Foi de uma maneira bem sútil, mas considero aquilo uma expulsão. Estávamos em uma festa de aniversário de um cara que trabalhava com meu pai, então, eu e Alicia começamos correr pela casa e derrubar algumas coisas valiosas, como umas peças de vidro ou sei lá o que. Apenas por causa disso, nossos pais foram chamados em um canto afastado e ouviram a seguinte frase: "Desculpa, mas não tem como eles ficarem aqui se não se comportarem."

E nós não nos comportamos.

Sou obrigado a escutar essa história sempre que faço algo errado - o que é bem comum. Se meus pais não fossem melhores amigos dos pais de Alicia, tenho certeza que já teriam se mudado para ficarmos o mais longe possível um do outro.

Não somos amigos, ao contrário, nos odiamos desde que nascemos. Não podiam colocar nossos carrinhos um do lado do outro que, em menos de cinco minutos, já estaríamos chorando ou, quando crescemos mais um pouco, trocando tapas e beliscões. A única coisa que nos mantém unidos são as grandes merdas que fazemos. Mas, nesse momento, com os olhos grandes e azuis dela perfurando os meus, acredito que nem a merda que fizemos irá nos manter unidos. Ela quer me matar, não sei exatamente o porquê, mas ela quer.

Se bem que, ela sempre quer me matar.

- Podem entrar. - a diretora abriu a porta.

- As damas primeiro, geladinho de chorume. - falei, olhando para Alicia e seus pais.

- Desde quando você é um cavaleiro, cara de cu com câimbra? - ela se levantou e cruzou os braços.

- Calem a boca. - meu pai cerrou os dentes.

- Podemos entrar todos juntos? - minha mãe perguntou.

- Claro que podemos. - Ester falou, dando de ombros - Sempre entramos.

A diretora apenas revirou os olhos e entrou em sua sala, deixando a porta aberta. Tonny, pai de Alicia, arqueou uma sobrancelha, aquele era o sinal que nós - os que fizeram a merda - deveriam entrar primeiro. Cruzei os braços e bufei, assim como Alicia, nos dirigimos até a porta e tentamos entrar ao mesmo tempo, o que fez nossos ombros baterem um no outro, dando início a uma série de empurrões para ver quem entraria primeiro. Até que senti uma mão mais grande e forte pressionar minhas costas, me obrigando entrar primeiro. Deve ter sido o meu pai.

- Sentem-se separados.- a diretora falou, apontando uma cadeira a direita e outra a esquerda tão longe uma da outra de modo que uns cinco elefantes caberiam entre a gente tranquilamente.

Nossos pais estavam com muita raiva, isso eu tinha certeza. E seus rostos ganham expressões ainda mais sérias e rígidas quando se sentam nas cadeiras do meio, me fazendo pensar que eles conseguiram ler meu pensamento sobre os elefantes.

Nem tudo é azulOnde histórias criam vida. Descubra agora