Adrian
As semanas passaram rápido até demais. Meus dias se baseiam apenas em estar pronto o bastante para jogar no jogo da final. Que está próxima, mas ao mesmo tempo longe demais. O período de provas passaram e com ele a escalação do time de basquete. Nossas posições ficaram as mesmas, decididas pelo novo treinador. O antigo, que também era o meu particular, se mudou da cidade e por isso foi substituído. Não consegui medi-lo, mas pelos treinamentos que tivemos com ele ao longo do mês, ele é rigoroso, e simpático com todos nós, diferente do que saiu. Eu tive uma conversa com ele, que eu precisava dar a minha força total no jogo de final de ano, e assim, poder ser visto, quem sabe, por alguma empresa. Ele disse que pelo meu empenho, eu conseguiria ir longe, porém não me convenceu. Então eu comecei a dar mais do que o meu sangue. Eu me dediquei ao máximo que eu podia.
E é por isso que eu estou socando sem parar o saco de boxe. Suor desce pelas minhas costas e por todo o resto do meu corpo. Desde o mês que se passou, e até agora, ganhei uma massa muscular que antes eu não tinha. Comecei a correr todos os dias na quadra de atletismo da escola nas últimas semanas. Treino todos os dias na quadra da escola e dedico todo o meu tempo ao basquete. Todo o tempo que eu tenho, e estou focado apenas nisso.
Porém, meu tempo com Chloe se tornou escasso, e não nos vimos tanto, apenas nos corredores quando ela está com as amigas ou quando ficamos em alguma aula igual. E ela sempre me lança o sorriso mais lindo que ela pode, e eu sei que em todos eles ela quer me passar coragem. Chloe entende perfeitamente o meu lado e por isso me deu espaço suficiente para o esporte. E eu a amo mais por isso. Ela é perfeita. Até demais.
Lanço o punho direito no saco, seguido do esquerdo, e então a perna direita. A música alta estourando pela caixa de som da sala de academia da escola me impulsiona a bater mais forte. E mais forte que a última vez. E então soco duas vezes e depois giro o corpo em 360º e golpeio o saco com a perna. Quando paro, respiro fundo, o ar escapando pelos meus pulmões com força. Seguro o saco até parar no lugar. Sinto minhas pernas arderem, e meus braços não estão diferentes. A adrenalina corre pelas minhas veias e comandam a minha vontade por mais. Pego minha mochila e saio da sala, indo para o ginásio fechado.
Pego a bola e então me posiciono no meio da quadra mal iluminada. A luz amarelada focada no centro da quadra me lembra cenários de filmes adolescentes e então rio do meu pensamento. Porém o pensamento é substituído pelo voz do meu pai ecoando no meu subconsciente e então me concentro na cesta a minha frente.
Do meio da quadra eu corro até a linha limite de três pontos e arremesso a bola na cesta, errando. Corro mais, simulando um passe de bola e marcação de outro jogador e então desviao da possível figura a minha frente. Inclino os joelhos, levanto os braço e então arremesso a bola em um giro perfeito e logo sendo enterrada na cesta. Sorrio maliciosamente para a cesta e então corro até a outra ponta da quadra, desviando de imaginários jogadores, fazendo passes de bola. Faço isso sucessivamente, até estar tão cansado que paro, sento no chão então deito no meio da quadra.
A luz amarelada focada no meu rosto me cega e apenas a enxergo. Minha respiração rápida é o único som que eu escuto por todo o local vazio. Quando sinto minhas costas mais relaxadas, me levanto. Apenas quando me posto de pé, e olho para a arquibancada, é que noto, pela primeira vez, a figura ali sentada. Coloco a mão acima dos olhos para identificar quem quer que seja, e então identifico ser o treinador Reegan. Sua face mal clareada pela luz me encara e sua expressão séria, me passa imediatamente um frio na espinha.
Mal posso formular uma pergunta pelo por quê dele estar aqui, quando sua voz se faz presente pela primeira vez no local:
— Faça novamente.
Ergo as sobrancelhas em clara surpresa, e então franzo o cenho para o seu pedido. Como se notasse, ele esclarece:
— Repita o que você estava fazendo. Fingir estar em um jogo.
Fico paralisado por alguns segundos antes de me mover, em clara confusão.
Volto para o centro da quadra onde eu comecei o jogo, e logo quicar a bola, e começar a correr e repetir os movimentos e passes. Arremesso três vezes na cesta e nas três, acerto. Corro até a cesta oposta, acertando novamente.
Quando termino, olho ofegante na direção do treinador, e noto que agora ele está de pé e a expressão séria ainda presente.
— Onde você aprendeu isso? - indaga.
Dou de ombros, quicando a bola, desinteressado.
— Faço isso desde criança, quando eu treinava sozinho em casa.
— Eu já tinha notado seu talento nos treinamentos, mas agora eu realmente estou surpreso com o seu desenvolvimento sozinho. Você tem uma destreza única, e isso é raro.
Paro de quicar a bola imediatamente e então meu olhar ser atraído para a figura do treinador na arquibancada.
— Obrigado. - é apenas o que consigo dizer. Desde muito pequeno e que comecei, então, a treinar, nunca tinha recebido um elogio profissional. Nem mesmo o meu trinador particular. Ninguém. E então agora, esse elogio vindo do Sr. Reegan, faz algo dentro de mim se acender. Esperança.
— Eu estou realmente impressionando. Desde minha formação em Harvard no basquete, até minhas experiências com vários jogadores profissionais, nunca tinha visto tamanha desenvoltura em quadra. E sozinho. Você realmente me impressionou.
O meu sorriso orgulhoso é estampado no meu rosto sem eu nem ao menos perceber.
— Nossa, obrigado, Sr.Reegan, de verdade. Eu... Eu não sei nem oq dizer.
— Não diga nada, apenas faça o que você fez agora, no dia do jogo final. Se você fizer isso, pode ter certeza, você não vai se arrepender.
E dito isso, ele se vira e sai do ginásio.
Suas palavras martelam na minha cabeça desde o caminho que eu faço para casa até me deitar. Suas palavras gravam na minha memória, e o fato de ele ser formado em basquete, na faculdade de Harvard me deixa intrigado pelo por quê dele estar trabalhando em uma escola de uma pequena cidade. E com esses pensamentos, durmo e meu corpo imediatamente relaxa, devido ao grande esforço das últimas semanas, e antes de me entregar completamente ao sono, penso em Chloe.
E é com um aperto enorme no coração que eu informo a vocês que Entrelinhas está entrando em reta final. E não sou capaz de opinar em estar muito feliz em finalizar mais uma obra, ou triste por ter de me despedir dessa história!🤧❤️
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ENTRELINHAS
RomanceChloe Brown e Adrian Parker tem algo em comum. Os dois amam literatura. A biblioteca Libélula, é o refúgio preferido dos dois, e coincidentemente, onde se viram pela primeira vez. Adrian é jogador de basquete do colégio Wood High School, que fica n...