Aeroporto Ilegal

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-- Writer --

Hye estava tão frágil. Sua emotividade aparente a fez se entregar facilmente àquele abraço. A situação de ambos parece confusa, mas não é. Jimin sempre foi fechado, só contava seus segredos e medos para seus Hyungs ou quando mais jovem para seu pai. Era de se estranhar as lágrimas dele. Por que estaria chorando? Por que resolveu mostrar o que estava a sentir para ela? Na verdade, o choro não era de tristeza, muito menos de dor, era de raiva. Ele estava confuso. Tinha em mente tudo que iria fazer assim que o bebê nascesse, mas ainda restava uma dúvida dentro de si. O que eu sinto por ela? Ódio seria a primeira coisa que alguém pensaria, caso conhecesse a história dolorosa daqueles dois. Ele tinha uma enorme vontade de abraçá-la e tentar de alguma maneira cessar seu choro e sua dor. Mas Park estava com raiva de si mesmo por sentir aquilo. Na cabeça dele a única coisa que poderia se sentir por Hye era ódio, e nada mais.

Dando por si após uns soluços, Hye o empurrou. Afastou-se de imediato. O melhor a se fazer era manter distância dele. Jimin virou-se de costas escondendo seu rosto vermelho e molhado. A morena foi em direção ao banheiro, talvez fosse um bom lugar para se trancafiar e se isolar. O loiro passou a mão pelo cabelo bagunçado, fungando em seguida. Tratou de engolir o choro e respirou fundo. Em passos desajeitados ele foi até a janela e abriu as cortinas, olhando a mata ao redor.

— Que droga! — Massageou as têmporas, irritado com o que acabara de acontecer. Xingou-se mentalmente por ter dito aquelas coisas a ela. Onde a cabeça dele estava naquele momento? Simplismente deixou-se ser levado pelo mar de sensações e pensamentos. Ele queria conselhos, alguém que pudesse lhe dizer o que fazer. Mas só então ele percebeu a falta que seu pai fazia. Park Young-Hee tinha sido um homem exemplar aos olhos dele. Seguiu os passos de seu appa desde muito novo. Agora ele sabia o valor que o falecido tinha em sua vida. Pegou seu telemóvel o mais rápido que pôde e discou o número de sua mãe. Talvez Sra. Park pudesse lhe consolar e aconselhar-lhe.

Alô? Meu filho?

— Omma! — A mulher se assustou com a voz rouca e chorosa do filho.

Jimin, o que houve? Por que chora? — Indagou preocupadíssima.

— Mãe, eu não sei o que fazer! — Andou de um lado para o outro. Umedeceu os lábios secos antes de prosseguir. — Eu estou confuso. Agora está tudo embaralhado...

Explica direito, Jimin!

Hye... Ela... — Controlou sua respiração ofegante. — Aquela menina tem algo que mexe comigo. Estou com raiva de mim mesmo por conta disso. Esse Jimin não sou eu. Pensei que conseguiria matá-la, mas falhei na missão... — Deixou as palavras escaparem. Acabou por misturar algumas sílabas de tão nervoso.

Como assim não a matou? — Gritou sentindo seu sangue esquentar.

— Isso não vem ao caso. Eu só quero que me diga o que fazer.

Mas em que circunstância? Tudo que eu te pedi foi que matasse a menina e o bebê. Nada mais!

— Mãe! Podemos usar a criança e ela como reféns, não acha? — Desviou do assunto principal. — Eu te explico logo mais, quando eu estiver na França. — Encostou-se na parede, ao lado da janela. — Mãe... Eu só quero você me ajude em algo. Me escute!

Para com esse mimimi de confusão, garoto! Nem pense em criar sentimentos pela sua prima. E se tem um plano em mente que precise de Hye e a criança vivos, então que seja. Só quero que me conte tudo amanhã.

Eu vou sair da Coréia pela madrugada. — Explicou. — Não se preocupe. — Suspirou.

Jimin... Não crie sen... — Antes da frase ser terminada, ele desligou. A frustração aumentou assim que percebeu que mais ninguém poderia entendê-lo e ajudar-lhe. Resolveu bater na porta, chamando por Hye.

— Sai! Me deixa em paz! — Ela gritou, enquanto se encolhia sentada no chão. — Eu só quero ficar sozinha!

— Hye... — Sussurrou o nome dela, chocando suas costas contra a madeira e deslizando-as pelo material até ficar sentado. Resolveu reprimir tudo aquilo que sentia. O fato é que Jimin sentia atração pela garota, mas o passado os separava. O destino os queria longe um do outro. Apesar de sentir algo por ela, o ódio continuava ao seu lado, o desviando junto ao rancor do bom caminho. Era incrível a capacidade que a ambição tinha de mudá-lo em poucos segundos. Era como se a fragilidade dele colocasse todos os sentimentos em perigo, mas que quando as lembranças se apoderavam de sua mente, tudo fosse embora e o homem cruel retornasse a ele, mais forte e aparente do que nunca antes.

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| 21:00 PM |

O tempo passou. A menina continuava dentro do banheiro, silenciosa e sem sequer fazer um movimento. Jimin estranhou a demora. Nem sequer o jantar ela tinha comido. Não suportando o atraso ele bateu novamente na porta gritando por ela.

— Hye! Você precisa sair dessa merda! Nós vamos sair ainda hoje do país! Não quero atrasos! — Recebeu um chute na porta como resposta. — Que ousadia! — Desferiu o soco na madeira. — Se você demorar mais do que cinco minutos... — Hye sabia perfeitamente o que aconteceria, mas não ligou. — HYE! ABRE A PORTA! — Escutou o som das chaves e se afastou um pouco. Os passos eram lentos, porém a garota saiu do cômodo. O rosto estava inchado e o cansaço era evidente. Por pouco ela não ia ao chão, Park a segurou. — Escolha a roupa mais quente que tiver. Tome um banho. Vamos sair em alguns minutos. — Ordenou. Ela se soltou dele, se apoiando na parede. O criminoso saiu do quarto a passos fundos.

Sra. Go ajudou Hye a ajeitar sua mala. Não eram tantas roupas, uma única mala foi o suficiente. A gestante trajava uma camiseta branca com um casaco azul claro por cima, uma calça jeans escura e tênis brancos. Ela estava se sentindo melhor depois do banho e de trocar o curativo de seu ferimento. Estava tão tristonha. Deixar a Coréia era a última coisa que ela queria naquele momento. Com a mala de mão, em sua destra, Sra. Go acompanhou a menina de cabelos ondulados até a sala. Jimin se levantou do estofado e encarou as duas. Ele guardou seu celular no bolso de seu casaco, soltando um bufo.

— Vamos! — Pegou a mala da mão da senhora de idade. — Não temos muito tempo. — Puxou Hye pelo braço, a fazendo arfar brevemente. O rapaz, que levava consigo vestes negras, foi até a porta com a garota ao lado. No lado de fora três súditos aguardavam dentro de um carro. — Entra logo! — Abriu a porta do passageiro. Hye obedeceu mesmo hesitante. Após deixar a mala em seu devido lugar ele entrou no automóvel, sentando no banco do motorista.

— Então essa é a princesinha da CB?! — Um dos homens comentou.

— Olha só. Tem mesmo cara de metida. Já comeu ela, Jimin? — Outro perguntou, na cara de pau. Park encarou-o pelo retrovisor.

— Calem a boca! — Estalou a língua no céu da boca, estressado. — Silêncio, porque a viajem até o aeroporto é longa e eu não quero me estressar com besteiras. — O aeroporto ilegal ficava em Busan. A área era camuflada, sendo assim radares não podiam detectar nenhum avião que saísse de lá. O aeroporto seria desativado assim que Jimin saísse da Coréia, por motivos óbvios. Eles iriam parar primeiro na China¹ — onde tinham alguns parceiros de negócios do império Park —, Ucrânia² e Itália³. Em alguns dias estariam na França. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora