Já havia passado quase duas semanas e Gabriela ainda não acreditava no que tinha acontecido. Sabia que havia errado e feio, e se odiava terrivelmente por isso, por não ter percebido que estava errando, por achar que ela estava exagerando como sempre em relação aos ciúmes.
Depois que Peixinho encerrou a ligação, não conseguiu parar as lágrimas que já desciam desde vem antes disso. Chorou no travesseiro do quarto de hotel, se odiando por ter sido tão idiota e mais uma vez ter estragado tudo. Amava muito Carolina, mais do que a si própria até, e agora a tinha perdido. E não sabia mais o que fazer.
Como ela havia dito, não se falaram por quase duas semanas. Ela havia literalmente sumido das redes sociais, de tudo. Aquela foi a primeira vez que realmente não sabia do paradeiro dela, o que ela estava fazendo, o que estava pensando, não sabia de absolutamente nada. Não que quisesse monitora-la, mas sentia falta, muita falta.
E esse afastamento todo a fez refletir sobre a forma que ela deveria ter se sentido quando acabou se concentrando demais no trabalho e consequentemente deixando-a cada vez mais de lado. Ela deveria ter sofrido bastante com isso, coisa que já acontecia há mais de mês e se surpreendeu ao perceber o quanto ela se segurou durante todo esse tempo, o quando ela foi adulta e engoliu os ciúmes e o restante dos sentimentos ruins.
Também acabou pensando nas palavras que ela disse em relação a Paolla e o que a loira havia dito em seu ouvido naquele bar matutava sem parar. Será que ela estava se referindo a si mesma? Gente...
Mas não queria saber da resposta, porque na verdade aquilo não era importante. Não se importava com o que Paolla sentia ou deixava de sentir, não estava nem aí, porque a única pessoa que importava já não estava mais por perto. Por isso chamou sua empresária para conversar e colocou tudo a pratos limpos. Explicou o que havia acontecido e não se surpreendeu quando ela fingiu surpresa, apenas continuou o assunto e deixou claro que a partir daquele momento, teriam contato apenas profissional. Porque queria - e conseguiria - reconquistar o amor de sua vida. E consequentemente a confiança dela.
Depois disso, apenas se concentrou no trabalho e esperou até ela voltar. Não havia mais nada para se fazer.
(...)
Embora tivesse terminado o namoro, Peixinho não tirou a aliança do dedo. Sabia que dar mais esse passo terminaria de destruir seu coração e o medo de que ele não pudesse mais se reconstruir foi maior que tudo. Por isso o manteve em seu dedo, mesmo que o peso dele tivesse triplicado.
O momento de tristeza profunda só durou o dia do término. Peixinho era alto astral de mais para deixar que os sentimentos ruins a consumissem por tanto tempo, pois isso acordou cedo e foi para academia. Precisava gastar energia, colocar tudo de ruim para fora e voltar a sorrir com o que mais gostava de fazer.
Precisava suar.
Por isso foi para a esteira, onde seu personal aplicou um treinamento intervalado por um período de trinta minutos. Adorava esse tipo de treinamento, pois saía da academia quase carregada. No treinamento, precisava correr a uma velocidade de 12km/h por 2 minutos e diminuir a velocidade para uma caminhada de 6km/h pela metade tô tempo. Depois disso, fez um treinamento de força pesado para membros superiores e já estava saindo da academia quando encontrou uma pessoa que não via desde o almoço na casa de sua mãe.
- Meu amor, eu fiquei sabendo - foi a primeira coisa que Lívia disse, se aproximando já de braços abertos. - Eu sinto muito.
Carol a abraçou apertado, sentindo o cheirinho adocicado do perfume que ela usava.
- Vai passar, tá tudo bem agora.
Ante de ir embora, dedicou um pouco de seu tempo para conversar um pouco com uma de suas melhores amigas. Colocaram as conversas em dia, falaram sobre suas famílias e também sobre os trabalhos. E foi então que o convite surgiu:
- Vamos semana que vem pra Boibepa? Podemos chamar a Nat e a Clah, o Victor também.
- Ah, vamos! Eu não sei se eles vão poder ir não, estão bastante atolados no trabalho, sem contar que alguém tem que cuidar das lojas. Se eu for, Clarisse tem que ficar. O novo brechó tá arrancando nossa alma.
Lívia riu, mostrando os dentes brancos. Ela vestia um short justo e top, ambos pretos. Os cabelos escuros estavam presos em um rabo de cavalo alto e os fones de ouvido brancos estavam pendurados no fone. Carolina continua ouvir de longe de então alto que o volume do celular tava.
Depois de pouco mais de vinte minutos de conversa, recebeu uma ligação de Clarisse e se despediu da amiga, dizendo que ligaria para ela ainda hoje para colocarem tudo em ordem. Lívia apenas concordou e a abraçou, avisando que convidaria o pessoal, mesmo sabendo que a chance de não irem era bem mais que o contrário.
(...)
Já fazia uma semana que não falava com Gabriela. Estava com tantas saudades que chegava a ser sufocante, mas não foi atrás, disse a si mesma que não iria. Por isso nem se preocupou em entrar em redes sociais, exceto o Instagram, pois precisava postar divulgações em seu perfil, afinal fazia parte do seu trabalho. Mas sempre era uma entrada bem rápida, pois a maior parte do trabalho estava sendo feita por uma maravilhosa Clarisse Peixinho, que entrega em sua conta para fazer postagens de novas fotos e divulgar possíveis matérias da qual acabou fazendo parte sem que nem mesmo soubesse.
Então o final de semana chegou, enrolado do jeito que mais gostava. Victor e Natália não puderam comparecer, pois precisavam terminar sei lá o que em relação a trabalho. Não conseguiu entender absolutamente nada do que ele queria dizer com aquilo. Dias depois ficou sabendo que Hari esteve na cidade em uma estala de avião - a filha da puta não falou nada - e que acabou passando três horas no aeroporto de Salvador. Natália acabou indo até ela e Victor foi de intrometido só porque a goiana estava acompanhada de um colega de trabalho gay. Mas era uma bicha muito safada mesmo.
Clarisse acabou aceitando, mesmo que tivesse protestado por causa das lojas, mas não adiantava argumentar contra sua irmã.
Acabou que no fim Sérgio apareceu e acabou com todos os planos dela. Eles não tinham voltado ainda e talvez aquele fosse o momento, por isso acabou deixando a viagem de lado e se concentrado somente ao namorado - ou ex - que tinha sumido por meses e do nada resolveu aparecer como se nada tivesse acontecido. Se fosse Clarisse, tinha ido para a viagem e o deixado para trás.
Amava Sérgio demais, ele era um amor de pessoa , mas tudo na vida tem um limite. Tudo. E jamais suportaria ter que ficar dois meses sem saber onde seu namorado ou namorada estava. E se ele aparecesse daquela forma, sem mais nem menos e com a cama mais deslavada possível, o mandaria tomar no lugar onde o sol não queima.
Ah, não tinha mais paciência para esse tipo de coisa. Pelo amor de Deus.
Por isso no fim, acabou indo somente as duas. Quando encontrou com Lívia, ela estava com um vestidinho solto e florido, sobre os cabelos um chapéu de palha branco e olhos escuros cobrindo os olhos castanhos.
- Pronta para esquecer de tudo, miga? - Ela perguntou, um sorrisão tomando conta do rosto.
- Eu tô só precisando, viu?
- Simbora então, meu amô - de um jeito carinhoso, ela passou o braço por seus ombros e sorriu de novo.
Peixinho não conseguiu fazer outra coisa que não fosse sorrir também. Lívia Cady era um poço de alto astral e leveza.
Tudo que estava precisando em sua vida naquele momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Te Espero No Farol
FanfictionSalvador - Bahia, Carnaval 2020. Um encontro dos participantes um ano depois da última edição do Big Brother Brasil revelará para Carolinha Peixinho o que ela nega com todas as suas forças. Suas dúvidas e sentimentos mais cruéis estarão em jogo, afi...