Capítulo 17

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Me levanto da cama e faço a minha entediante rotina matinal. Respiro fundo e me olho no espelho, colocando uma mexa de uma antiga franja atrás da orelha. Me encaro no espelho e analiso o panorama da minha vida.

Tudo era tão diferente de uns meses para cá. Antes, eu estaria me preocupando com as provas do meu antigo colégio, escolhendo entre uma roupa ou outra, mas agora, eu converso com cobras e sou uma bruxa. Nem em meus sonhos mais bizarros eu imaginaria uma coisa dessas. A última prova do Torneio Tribruxo seria depois das férias e eu literalmente não fazia ideia do que seria. Ultimamente Harry tem tido umas dores de cabeça, e pelo que eles tentaram me explicar, era relacionado com um bruxo do mal que queria matar ele. Uma coisa super normal para adolescentes de quatorze anos. E com esse 'perigo iminente', Hermione insistiu para que eu pedisse aulas particulares com o Professor Flitwick.

Pisco mais algumas vezes e saio do transe. Pego a minha varinha e alguns livros que Hermione tinha me dado sobre azarações e os contra feitiços. Passo pelo quadro e rumo em direção à sala de feitiços para ter a minha segunda aula de reforço.

"Bom dia Srta Eduarda" o professor me cumprimenta assim que passo pela porta. Retribuo a saudação e coloco os livros em uma das mesas. "Bom, hoje eu estava pensando em começar a trabalhar com os feitiços não verbais. Eles só são pedidos em testes específicos para aurores no Ministério, mas eu acho que todos devem saber lançar um feitiço não verbal".

"Mas professor, como funciona esse feitiço não verbal? Quer dizer, pelo que eu estava lendo, a pronúncia é de extrema importância na realização de um feitiço, serve como um guia da energia mágica, assim como uma varinha".

"E você está certíssima, a pronúncia é muito importante, mas não uma coisa indispensável para a realização da maioria dos encantamentos. Os únicos feitiços que não se concretizam l pronúncia são os feitiços mais poderosos das Artes das Trevas, como a Maldição da Morte. Mas para feitiços de proteção e até alguns de ataque, a pronúncia não precisa ser feita".

Ele me pede para eu ficar de frente a ele e com a varinha empunhada.

"Certo, agora tente realizar um Expelliarmus, sim?" Ele diz e eu mordo a boca numa tentativa de reprimir a voz.

Imagino a magia do Expelliarmus saindo da minha varinha, indo de encontro com a do Professor, e a fazendo voar longe. Imagino com todas as minhas forças, quase sentindo uma corrente atravessando o meu braço.

"Era para estar acontecendo alguma coisa?" Pergunto ainda com o cenho franzido.

"Em sua primeira aula? Não, senhorita, essa aula é apenas de introdução à esse tipo de magia. Mas, vamos lá, na maioria das vezes, os feitiços não verbais são desencadeados através de alguma emoção forte. Raiva, alegria, qualquer tipo. Pense em alguma coisa intensa e tente novamente" ele diz e se põe em uma posição de ataque.

Uma emoção intensa? Vejamos, talvez a raiva do dia em que a Parkinson e eu brigamos. Me concentro novamente na varinha. Sinto a raiva fluir pelo meu corpo, a adrenalina fazendo o meu coração bombear mais forte e meu braço esquentar.

Imagino novamente a cena do possível desarmamento e uma luz vermelha sai fraca e ineficaz de minha varinha. Bufo ainda com raiva por não conseguir produzir um feitiço completo.

A "aula" acaba e corro até o salão para ver se conseguia ainda tomar o café da manhã. Consigo chegar a tempo de até receber as cartas. Recebo uma carta de meus pais e uma caixa com os meus doces "trouxas" favoritos.

Abro a carta de meus pais ali na mesa mesmo, um tanto eufórica, fazia um tempo que eles não me escreviam. Na carta eles perguntavam se eu iria passar as férias em casa. Retiro um pedaço de pergaminho e uma pena, começando uma carta.

Queridos pai e mãe
Fiquei muito feliz pela carta e a cesta de doces que vocês me mandaram. Está tudo bem aqui na escola, não se preocupem. Quanto às férias, os Weasley's me convidaram para passar algumas semanas com eles e queria saber se eu poderia. Vejo vocês em um mês.

P.S: Não se assustem com a ave que irá entregar esta carta, ela pode ser um tanto assustadora, mas Vector é um amor.

Termino de escrever e selo a carta, pego meus materiais e vou indo para a Floresta Proibida. Tiro um pacotinho de M&M's e o abro, sentindo o maravilhoso gosto do chocolate. Chego até a cabana de Hagrid e avanço mais um pouco pela mata. Avisto uma caixa de madeira entre as árvores e me aproximo.

"Bom dia Vector. Eu tenho uma carta para você entregar" falo quando chego na entrada do ninho dele.

Ele abre os olhos e me encara, esperando a ordem. Passo a mão nas penas do pescoço e ele pia alegre, eu pego a carta e amarro na perna da ave. Digo o endereço da casa de meus pais e ele levanta voo. Fico mais alguns momentos olhando para o céu e dou meia volta.

"Filho de uma.. " falo colocando a mão no peito por causa do susto que Malfoy me deu.

Ele simplesmente estava ali parado, em um momento quase surreal, sendo iluminado pelo luar. Eu não podia negar, ele realmente era bonito, mesmo que seu caráter estragasse aquele rosto.

"Você quer me matar? Seguir uma jovem donzela até uma floresta proibida e ficar olhando ela não é legal". Digo tentando esconder o susto.

Ele dá uma risada e faz um sinal para que voltemos para o castelo. Draco me acompanha até aporta e eu me despeço dele, indo procurar Hermione. A encontro na biblioteca, para a minha sorte, sozinha.

"Oi Hermione, como você está?" digo me sentando na mesa dela cheia de livros.

"Eu vou bem" ela diz e volta a ler. Eu respiro fundo e olho em volta, vendo se não tinha ninguém próximo.

"Hermione, você acha que tem alguma chance de Draco Malfoy ser, sei lá, um vampiro?" eu pergunto falando rápido e ela me encara por alguns segundos.

"Claro que não Eduarda, da onde você tirou essa ideia?" ela pergunta rindo.

"Sei lá, é que aconteceram umas coisas muito doidas ultimamente com o Malfoy. Daí eu associei esses ocorridos com as características de um vampiro de qualquer filme".

"Não, os vampiros se assemelham mais com os seus zumbis do que com os próprios vampiros. Mas o que aconteceu?" ela pergunta e eu conto tudo, do dia em que eu o acordei pulando encima dele até o que havia acontecido dias atrás com o diretor e a mãe de Draco.

"Isso é muito estranho. Mas eu te garanto que eu vou achar a resposta para o que Draco Malfoy é" ela diz e volta a estudar. Eu me despeço dela e vou para a aula de História da Magia com Haiden.


My Little Mudblood [D.M]Where stories live. Discover now