O distrito de São Paulo estava promovendo uma exposição militar, as notícias sobre os casos de corrupção denunciados pelos mineiros havia criado uma nova tensão entre os dois distritos. Neon, a lider do distrito, tem cabelos pintados de rosa, eles são cheios e desgrenhados, não são nem cacheados e nem lisos, curtos e não parecem ter muita movimentação. Usa uma saia justa negra com detalhes rosa nos ombros, as mangas coladas vão até seu pulso e a saia desce até suas coxas. Ela caminha pelo Centro Geral de Comando do distrito, diversos funcionários andam para lá e para cá. Alguns de terno e gravata, outros com roupas mais despojadas, e outros até bem chamativos, como uma jovem mulher que caminha em direção a Neon, posturada, ela anda enquanto "segura" uma tela formada por um holograma, seu vestido modelo anos 50 é feito de um tecido vermelho e brilhante, seus cabelos castanhos claros ondulados caem até suas costas de maneira perfeita, no topo de sua cabeça, um chapéu da mesma cor que seu vestido, tão brilhante quanto. A garota se aproxima de Neon e começa a andar aos passos dela.
- Quais as notícias, Beatriz? - Pergunta Neon enquanto caminha rápido e análisa o espaço a sua volta.
- Ana e a delegação do Rio de Janeiro já chegaram, senhora. Se encontram na exposição, a assembleia deve começar em meia hora.
- Ótimo. Vamos até elas, quero vê-la antes da assembleia. - Neon tinha sempre um olhar confiante e ameaçador.
As duas pegaram um elevador transparente que lhes dava a vista de cima do distrito de são paulo às 18 horas da noite, os arranha-céus iluminavam o lugar até onde os olhos conseguiam ver.
- É fato que, até o dado momento, não há provas dos crimes de corrupcão apontados pela delegação de Minas, mas suponhamos que achem, o que faremos? - Pergunta Beatriz.
- Nada, teremos sido derrotados, por isso precisamos esconder qualquer evidência de corrupção, se existir. - Retruca Neon rapidamente.
Beatriz a observa em dúvida, ao notar, Neon tenta se explicar.
- Devemos manter a liderança aqui na Zona Especial. Somos responsaveis por 60% da produção científica da Zona, é injusto que queiram nos dar apenas 1/4 dos resultados finais. Então de fato não me importo, se quiserem que seus estados recebam mais da tecnologia aqui produzida, que seus representantes distritais trabalhem mais.
- Entendo, Senhora. Mas driblar as investigações que serão lideradas por Ana pode não ser muito fácil.
- Talvez também não seja tão dificil...
Chegando no primeiro piso, podiam ver a exposição ocorrendo como o planejado. Andróides de guerra, canhões, exoesqueletos de batalha... Tudo sendo mostrado e transmitido também pela mídia, aquilo não era atoa, Neon tinha promovido a exposição para mostrar aos outros distritos o poder bélico de São Paulo, diante daquele cenário, ela queria ter certeza de que soubessem que qualquer tentativa de rebelião contra a governança paulista poderia ter resultados catastróficos.
Neon caminhou por entre a exposição, civis curiosos davam atenção aos vários profissionais que os atendiam, alguns até tentavam chamar a atenção de Neon, mas ela os dispensava com um gesto e um sorriso.
Em uma das últimas "atrações", um tanque de ultima geração, formidável, grande e robusto, estava Ana, a garota usava um uniforme feminino militar, até mesmo a boina, seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, exaltando mais ainda os cachos nas pontas, deixando apenas sua franja lisa caindo sobre sua testa, ela estava sozinha quando Neon chegou e parou ao seu lado, admirando junto à ela aquela peça militar intimidadora.
- Quantos fluminenses acha que seriam necessários pra parar um desses? - Perguntou Neon em tom sarcástico, Ana continuou olhando para o veículo.
- Está com medo? - Perguntou Ana, e então virou-se para ela.
- Medo? Porque estaria?
- Convocou uma Assembleia Geral na tentativa de atrasar o começo das investigações, sabe que o conselheiro não vai acatar seu pedido, eu VOU começar as investigações.
- Então ainda bem que não tenho nada a esconder. E quanto a você Ana, tem? - A garota não respondeu, continuou analisando Neon - Não respondeu minha pergunta sobre o Tanque. Bem, ao menos responda esta: Como acha que a população geral da Zona Especial reagirá quando descobrirem que a liderança de Ana tem executado criminosos sem um julgamento?
- Não sei, mas sei que que seja la a forma que reagirem, terão uma resposta.
- Ótimo...- Neon sorriu.
- Senhora, parece que está na hora da assembleia. - Disse Beatriz.
Neon virou as costas e caminhou para longe de Ana. Neon sabia que ela não se sentiria intimidada com as ameaças de vazamentos dos videos de execução promovidos por ela, mas este não era o intuito final de Neon.
A Assembleia Geral era onde encontravam-se os lideres distritais para uma reunião, para resolver possiveis problemas, ou poderia ser convocada para um julgamento, já que funcionava também como uma suprema corte dentro da zona. O juiz ou conselheiro geral era um senhor de 60 anos, era um ministro do STF.
O juiz sentava na ponta da grande mesa de madeira rústica, de um lado sentava a delegação de Minas, que acusava o presidente paulista por corrupção, do outro lado da mesa estava Neon e o resto de sua delegação, Ana estava no mesmo lado que a delegação de Minas, mas 3 cadeiras afastada deles, ao seu lado estava Vitória, a única que havia ido com ela para a assembleia, Angela e Luiza haviam ficado no QG.
- Antes de tudo, saibam que estão sendo filmados, e o que for dito aqui será transmitido ao vivo para o público. Então vamos logo com isso, o acusador primeiro.
- Obrigado Senhor Conselheiro. Meu nome é Pedro, sou lider do distrito de Minas Gerais, e me entristece muito que uma assembleia seja convocada apenas com o intuito de atrasar o começo das investigações. Ja faz 2 anos que o Presidente Paulista exerce seu cargo, se formos avaliar as estatísticas do governo anterior, verão que o desenvolvimento tecnológico em todos os estados do sudeste cresceu cerca de 4% a 5%, e desde que o presidente paulista assumiu, o estado de São Paulo tem crescido acima da média, entre 6% a 7%, enquanto que os outros estados do sudeste cairam, crescendo apenas 2%. Se isto não for corrupção, é uma má gestão das graves. - Esclareceu Pedro, o garoto tinha 27 anos, cabelos negros e cacheados, pele clara e olhos verdes. Usava um sobretudo negro naquele dia.
- Com licença senhor conselheiro, gostaria de ressaltar que na verdade esta não é uma evidência tão clara de corrupção por parte de nosso presidente, afinal o que impede de na verdade a corrupção está acontecendo nos estados ou em esferas da rede pública da Zona Especial que não dizem respeito ao presidente? Entendo a preocupação, mas é preciso muito mais planejamento e responsabilidade que isso para fazer uma acusação grave como esta.
- De fato, garoto... sua acusação se baseia em dados que na verdade podem ser fruto da pura má gestão dos estados, porem entendo certa preocupação quando observamos o fato de só ter começado a acontecer após a posse do presidente paulista, mas a lei aqui não é comandada nem por você e nem por Neon, e sim pelo distrito do Rio de Janeiro. Todos sabem que a verba deve ser utilizada de forma inteligente, cabe a eles decidirem se é uma causa que vale a pena ser investigada a fundo ou se é necessária mais evidências. - Disse calmamente o conselheiro, todos olharam para Ana.
- Concordo com toda a sua fala, conselheiro, mas notamos demasiada preocupação por parte da delegeção de São Paulo e que me parece bastante suspeita, investigaremos o caso sim, mesmo eles tendo convocado essa assembleia para atrasar em duas semanas o começo das investigações, muitas provas já podem ter sido queimadas neste período de tempo. - Disse Ana em tom sério, olhando nos olhos do conselheiro.
- E porque deveriamos confiar em vocês para isso? - A voz de Neon cortou a sala. O conselheiro olhou abruptamente para ela.
- Oras, Ana é lider de seu distrito, que por sua vez é o distrito que comanda a polícia e as investigações da Zona, que tipo de pergunta é esta?
Neon tirou de sua manga seu celular, colocou-o na mesa e começou a transmitir imagens em hologramas de cameras de segurança, eram agentes executanto supostos criminosos ainda na rua.
- Existe uma vasta coletânea de agentes de Ana assassinando criminosos antes de um julgamento, principalmente de sua companheira mais leal, Vitória, que se senta aqui com a gente esta noite. - Victória serrou os lábios.
- Mas o que significa isso? - Disse o conselheiro perplexo - Você deve explicações à suprema corte garota!!
- Porque não tratamos disto aqui? - Pergutou Neon.
- Porque esta assembleia não foi convocada para isso, o que não significa que ela saíra impune. Isso pode resultar na perda de seu cargo, Ana. - Respondeu o conselheiro.
- Talvez nunca devessemos ter deixado que ela o ocupasse, se me lembro bem, não foi ela quem apertou o botão para bombardear a cidade de santos matando mais de 1 milhão de pessoas? - Disse Neon em tom provocativo.
- Vocês ameaçaram nos atacar, estavamos nos defendendo e em guerra.- Disse Ana, suas expressões eram de raiva.
- Apenas ameaçamos, até então só estavamos participando da guerra contra o Rio de forma indireta... talvez se São Paulo tivesse de fato entrado na guerra, vocês teriam sido massacrados.
- Ou talvez... - Ana segurou-se um pouco, o silêncio tomou a sala, até que a garota disse. - Ou talvez tivessem perdido muito mais que santos, talvez sua avenida paulista tivesse virado pó. - Ao escutar aquilo, Neon sorriu, era o que ela queria que Ana disesse.
- Já chega vocês duas! - Disse o conselheiro já furioso - Ana, garotinha, você tem muita sorte por não ter sido presa pelo resto de sua vida pelo o que fez no passado, vai responder sobre esta série de assassinatos que tem promovido, e Neon, chega de provocações, eu sei bem o seu perfil, e as investigações vão acontecer, se não tem nada a esconder você não deve se preocupar, e ponto final. - O conselheiro bateu seu martelo como um juiz, os líderes e suas delegações se levantaram e caminharam para fora, Ana foi a primeira a passar a passos largos, seguida por Vitória.
No lado de fora, uma multidão tomava as ruas em silêncio olhando para Ana, que caminhou até seu motorista. Aos poucos gritos como "assassina" e "genocida" começaram a aparecer, junto com as centenas de vaias. O carro, já com Ana e Vitória dentro, acelerou, a multidão tentava bater no vidro e tacava ovos nas janelas.
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Brasil 2.0
ActionO cenário brasileiro muda para algo que ninguém imaginava. Rio, corpo da cidade maravilhosa, se torna uma ditadura. São Paulo e Minas guerreiam por 1 ano, e após a criação das Zonas Especiais, esses três estados precisam aprender a conviver juntos d...