Ótimo. Agora, além de ser meu colega, Gabriel senta do meu lado no espelho de classe. E ele não vai desistir de me irritar. Se você quer guerra, Gabriel Styn, você terá uma guerra. Mordisquei a ponta do lápis, pensando. Ignorá-lo é a melhor opção, e será isso que eu vou fazer.
- Então seu nome é Alice. - disse ele lentamente me alisando e desconcentrando-me da aula pela milésima vez, aumentando a vontade de mandá-lo a merda em 1000% (se é possível). - Por que você não me contou quando te chamei de Alexy? - eu rio fraco, mas continuo encarando a professora e sua explicação sobre produtos notáveis.
- É bom rir às vezes. - digo e me permito olhar para ele - Principalmente de você, Gabriel Styn. - eu coloco ênfase em seu nome o fazendo ranger os dentes e apertar um pouco o lápis que estava em sua mão. Ele não disse nada até o final da aula da manhã.
Ao sairmos todos da sala de aula, cada um vai para seu alojamento e eu vou para meu trabalho. Chego à biblioteca do Internato e me ajeito atrás do balcão. Pego meu material de estudo e lá fico até dar meu horário. Enquanto guardava meu material ouço uma voz do outro lado do balcão.
- Você em uma biblioteca, docinho? - digo para Gabriel e me levanto da cadeira em que estava. Coloco a mochila apoiada em meu ombro e saio de trás do balcão.
Gabriel demora algum tempo para responder, mas me encarava ajeitar tudo. Vou andando até a saída, devagar. Não que eu esperasse ele me responder, mas queria ouvir o que ele iria falar. Até que ele abre a boca:
- Ah, você trabalha aqui? - disse ele. Era óbvio que ele sabia a resposta, então ri.
- Sim, não é todos que possuem um pai bilionário que paga tudo para o filhinho mimado. - digo como uma indireta (bem direta). Porém, por algum motivo fui honesta com ele. Paro de andar, mas não viro para trás - Se eu não trabalhar todos os dias aqui na biblioteca, perco 20% da minha bolsa aqui no Internato.
Encaro o chão, pensativa. Mas isso ocorre por pouco tempo, pois logo já volta a andar para a saída. Gabriel não diz mais nada, apenas me segue até a saída da biblioteca. Nós dois saímos do local e vamos por caminhos diferentes até o edifício que ocorrem as aulas propriamente ditas. Entramos sem nos olhar na mesma sala de aula e sentamos um do lado do outro, esperando a aula começar.
- Desculpa. - eu encaro Gabriel, confusa ao ouvir sua fala baixa. Ela olhava fixamente para a janela ao seu lado. Eu o encaro, sorrindo sincera. Pela primeira vez, sorrio sincera para Gabriel Styn.
- Não se preocupe. Eu não me importo em trabalhar. - ele me olha, prestando atenção em cada palavra que eu dizia - Cada um possui suas lutas e, talvez a minha vida nunca seja cheia de riquezas que nem a sua, mas eu gosto das minhas lutas. Elas me fazem eu. Não sei se eu iria gostar de mim se eu não as tivesse.
Percebo a baboseira que falei e enrubesço, me ajeitando na cadeira e focando no professor que tinha acabado de entrar na sala de aula. O professor de Português fala sobre funções da linguagem resumidamente e, quando faltavam apenas uns 15 minutos para o fim da aula, ele começa a explicar sobre um trabalho em dupla que ele faria sobre análise sintática. Suspiro. Odeio análise sintática e odeio trabalho em dupla, eu sempre acabo por fazer tudo.
- Alice, já que você é representante de turma, - eu já sabia o que ele ia dizer, mas tive esperança que minha mente estivesse enganada - por favor, acolha o aluno novo.
Olho para o professor querendo matá-lo. Merda, merda, merda! Eu senti o sorriso satisfeito de Gabriel queimar minha pele.
- Professor, o senhor não pode cogitar a chance de eu fazer o trabalho sozinha? Tenho certeza que o aluno novo se sentiria bem mais acolhido fazendo dupla com algum menino da nossa turma, não é? - eu encaro Gabriel com meu olhar de "se você disser qualquer coisa que não seja para me ajudar, eu te mato", mas ele ri se ajeita na cadeira e encara o professor, satisfeito com o que iria dizer.
- Na verdade, sor, eu me sinto muito mais a vontade em fazer o trabalho com a representante. E eu acho que poderia comentar o dinheiro que me pai doou para essa escola, ele não iria gostar de ver que seu filho não pode nem escolher sua dupla na aula de Português. - ele me olha desafiador.
Eu te odeio tanto. Eu odeio o quão idiota tu é e o como tu acha que pode fazer o que quiser por causa do teu maldito dinheiro. Penso olhando para Gabriel e depois olho para o professor que engoliu em seco após a fala de Styn. Bato fraco na mesa, me dando por vencida. Já sabia o que o professor iria falar.
- Alice, está resolvido. Vocês dois farão dupla juntos e nada mudará meu pensamento. - ele fala as outras duplas depois, mas eu encarava Gabriel querendo matá-lo.
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the new me
Teen FictionTudo que Alice mais odeia é quem ache que pode fazer tudo que quiser por conta do dinheiro que possui. Porém essa é a descrição exata de Gabriel Styn, filho do dono da maior companhia de eletrônicos da América Latina, é a pessoa que o destino parec...