O terceiro grunhido, agora mais baixo - parecido com o choro de um lobo desesperado - fez com que Michael apressasse os passos para fora de seu quarto e seguisse para a escada de incêndio, localizada no meio do corredor do 8º andar. Pegar o elevador seria uma perda de tempo enorme quando um certo ômega praticamente gritava para ser atado, dois andares acima do seu, a julgar pela intensidade do cheiro nas escadas.
Colocou todo o peso do seu corpo nas mãos ao abrir a porta corta-fogo do 10º andar e inspirou fundo novamente. O cheiro doce daquele ômega já tomava conta de todo o andar e seu corpo respondia àquilo. A calça já lhe incomodava a ereção evidente entre suas pernas. Algumas gotas solitárias de suor escorriam pela lateral do seu rosto enquanto se aproximava da última porta do corredor.
Michael segurou na maçaneta da porta e a empurrou para dentro, abrindo-a cautelosamente. Sabia que um ômega em heat poderia agir de forma impulsiva e, mesmo sendo biologicamente mais forte, não queria correr riscos, por isso, entrou no quarto lentamente. Permitiu-se ser embriagado pelo cheiro natural daquele ômega, ainda mais forte dentro do quarto. Nunca havia sentido um cheiro tão bom e tão viciante quanto aquele. Sua boca salivava e seu membro pulsava dentro de sua calça, como se de repente o destino de sua vida fosse atar aquele ômega.
— Luke?
Não obteve resposta, mas ouviu o barulho de uma respiração forte em algum canto do quarto. Trancou a porta atrás de si e permitiu-se entrar e passar rapidamente seus olhos pelo chão, encontrando um Luke encolhido, encostado na parede enquanto abraçava as próprias pernas. A cabeça apoiada em seus joelhos fazia com que os fios cacheados caíssem para frente. Michael observou o garoto ainda encolhido, os ombros subindo e descendo numa respiração cadenciada, como quem busca manter o próprio controle.
— Luke, você está bem?
Michael se abaixou na frente do garoto, que ergueu os olhos. As pupilas tão dilatadas quanto as suas, praticamente escondiam todo o azul dos olhos bonitos. Um sorriso carregado de luxúria se formou no rosto do ômega quando os olhares se encontraram. Michael prendeu a respiração por um momento, tentando conter seus instintos para não segurar aquele ômega pelos braços e atá-lo ali mesmo.
— Achei que não o veria tão cedo. — Por um breve momento, milésimos de segundo, esqueceu que era um Alfa quando foi tomado pela voz extremamente grave de Luke. Engoliu em seco ao sentir seu membro pulsar em sua calça novamente. — Você não tem ideia de quantos alfas precisei dispensar até que eu finalmente sentisse o seu cheiro.
De repente a pele de Luke aparentava estar mais macia ao toque, mais brilhante. A voz cada vez mais grave fazia com que o peito de Michael estremecesse a cada palavra pronunciada. Não sentia mais nada além do cheiro de baunilha e da atmosfera daquele quarto pesando sobre seus ombros. Encararam-se por alguns segundos até que o silêncio foi quebrado pela voz rouca de Michael.
— Desde quando?
— Desde que cheguei no hotel e, ao subir para meu andar, senti o seu cheiro quando o elevador passou pelo 8º andar. — Luke sustentou seu sorriso sujo ao se levantar e desviar de Michael, que levantou logo em seguida, seguindo-o. — Um cheiro bem marcante, devo dizer... Amadeirado com um leve toque de nicotina. Sexy. — Luke enfatizou a última palavra ao se sentar na cama, segurando em seu membro dolorosamente rígido e mordendo o lábio de forma sutil.
Michael aproximou-se do ômega, curvando-se o suficiente para encarar o rosto perfeito de perto, passou a ponta do dedo indicador pelos lençóis de seda, ao lado do corpo de Luke. Clifford ainda sustentava o olhar suplicante do ômega quando os olhos azuis abandonaram o seus e acompanharam os movimentos que fazia sobre a cama. Instintivamente, Luke lambeu os lábios, imaginando como seria sentir aquelas carícias em seu corpo. Clifford não deixou de notar e grunhiu contido encarando os lábios cheinhos.
Quando seus olhos se encontraram novamente, Clifford sorriu ladino, a proximidade dos rostos exigia um beijo, ele sabia que Luke estava necessitado – ele também – e precisava ser atado, mas, todo o questionamento para aumentar aquela atmosfera completamente sexual começava a fazer parte do momento. Queria ver aquele ômega ceder a seus instintos, queria vê-lo implorar para ser atado. Para ser atado por ele. E, no fundo, queria poder fazê-lo seu ômega.
— Seu cheiro também não passa despercebido, Hemmings. — moveu o corpo para frente fazendo com que Luke se deitasse, subiu na cama e se posicionou no quadril do ômega, prendendo-o entre suas pernas e se ajeitando de modo que as ereções se tocassem enquanto os olhos se conectavam de forma surreal. Luke suspirou. — Por um momento pensei ser algo como...
— Velas aromáticas? — Luke riu sem quebrar o contato visual. Michael somente esboçou um sorriso e deu de ombros. — Eu pensaria o mesmo.
— Nunca havia sentido um cheiro parecido com o seu. Você é... — Apoiou as mãos na cabeceira da cama e se abaixou, esfregando a ponta do nariz no pescoço de Luke com sutileza, causando arrepios no ômega. — Diferente.
Luke fechou os olhos e aproveitou aquele início de contato íntimo. Instintivamente suas mãos agarraram os cabelos de Michael e moveu minimamente sua cintura, causando uma leve fricção entre os dois, o suficiente para que Michael segurasse com mais força na cabeceira após conter um gemido em sua garganta.
— Devo confessar, Michael, — A voz do ômega agora não passava de um sussurro. — Desde o momento em que coloquei meus olhos em você naquele elevador, contei os segundos para o meu heat. Sabe, nunca fui de me apegar a ninguém, mesmo escolhendo muito bem os alfas que me ajudariam nesse momento, mas, quando você entrou naquele elevador... — Essa pequena revelação balançou o ego de Michael, arrancando-lhe um sorriso vitorioso — nunca desejei tanto que meu heat durasse mais que somente dois dias.
De fato, Michael nunca havia se sentido tão atraído por um ômega em sua vida. Sua mente trabalhou com afinco para que percebesse, naquele momento, que Luke havia preparado todo o ambiente para que chegassem onde estavam agora. Um ômega sabia calcular o ciclo do seu heat. Havia se programado e havia escolhido Michael.
O alfa se afastou por um momento, voltando a encarar Luke por alguns segundos. Enquanto seu cérebro trabalhava, suas mãos corriam pelos braços do ômega, subindo pelos mesmos, causando arrepios pela pele. Luke fechou os olhos e aproveitou o momento de carícia, quando sentiu Michael se pressionar contra ele, voltando com o jogo de perguntas.
— Não é a sua primeira vez em um evento como esse, é? — Michael mordeu levemente o lábio pela fricção causada por ele mesmo. Luke negou com a cabeça e mordeu o lábio inferior. — Bom, também não é a minha primeira vez interpretando um estilista, Luke, você já me viu outras vezes, não viu?
O ômega respondeu com um aceno de cabeça. Combustível suficiente para que Michael confirmasse para si mesmo que ômegas ao redor do mundo o desejavam não só quando estavam em heat, mas fora dele também. O alfa podia jurar que uma vez fez um ômega entrar em heat antecipadamente ao passar uma semana com ele.
Michael se afastou de Luke e se colocou de pé na cama, recebendo um gemido de reprovação em resposta. No estado em que o ômega se encontrava, perder o contato de seu corpo com o de um alfa como Michael era a última coisa que ele precisava. Não teve tempo suficiente para reclamar, o alfa moveu a cabeça levemente, como um sinal para que ele se virasse de bruços, comando que foi prontamente obedecido pelo ômega.
— Não sei com relação a outros alfas, mas, para mim, é sempre gratificante saber que ômegas pelo mundo me querem para ajuda-los em seu heat. — Michael sorriu convencido, sentando-se sobre o corpo do ômega enquanto passava a ponta dos dedos pelas costas de Luke e o observava empurrar a cintura para baixo, em busca de qualquer fricção que pudesse aliviar o incômodo entre suas pernas. — Tire a camiseta que está vestindo. Quero vê-lo por inteiro.