21-Bitches broken hearts (Alex)

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Desligo a ligação quando Daniel me chama. Jogo meu celular com força na cama e deito meu tronco, deixando as pernas para fora. Com as mãos, aperto meus olhos evitando lágrimas, sentindo meu rosto avermelhar. Fico assim por um tempo, até escutar batidas na porta seguidas de um rangido.

- Alex? - Escuto a voz doce de Sacha e me sento. Ela abre mais a porta, entrando um pouco no quarto. - Você está bem? Escutei daqui do lado você falando alto. Parecia zangado.

- Estou bem, Sasha. - Digo desviando o olhar. Ouço passos e uma porta sendo fechada. Vejo duas pernas bronzeadas com os pés nus, vindo em minha direção.

Encaro o rosto de Sasha. Seus olhos claros, mais claros que os meus, me olham com preocupação, esquadrinhando meu rosto. Ela se ajoelha em minha frente, ficando mais baixa que eu, e joga seus cabelos longos e escorridos para trás de seus ombros. São tão opacos e escuros quanto carvão. Sasha devia ser mais parecida com minha mãe. Olhando as fotos de 18 anos desta, idade atual de Sasha, posso ver todas as semelhanças. Ela é praticamente a fotocópia da mãe. Mas eu só poderia ter certeza se a tivesse conhecido. Bem, na verdade eu conheci, mas por tempo insuficiente para grava-la em minha memória.

- Você não parece bem. - Ela segura uma de minhas mãos que repousava frouxamente em cima do meu edredom. - Sabe que entre nós não há segredos, não é?

- Sei. - Puxo minha mão de volta para mim e me afasto para trás. - Só não quero falar sobre isso agora, okay? - Digo incomodado.

- Tudo bem. - Sasha muda de posição e se senta em minha cama, ao meu lado. Ela encosta a cabeça e as costas na parede, deixando seu corpo ereto. - Então... - ela diz em tom brincalhão. - E aquele garoto que estava no seu quarto ontem a noite? Eu não vi o rosto dele direito, mas parecia muito um de seus amigos. Como era mesmo o nome dele... - Ela ergue os olhos tentando se recordar.

- Daniel. - Eu completo e Sasha fica surpresa, boquiaberta.

- Aquele que namora a loirinha?

- Aquele que sempre vem aqui em casa há 10 anos. - Digo ríspido. - Como você não se lembra dele? - Olho para ela com uma sobrancelha levantada.

- Eu me lembro dele. - Sasha diz sentida. - É que é meio chocante. - Ela dá um sobressalto. - É aquele que você tinha uma quedinha antes do Kyle?

- Não era uma quedinha, era um baita tombo. - Corrijo-a. - E sim, era ele. - Olho para baixo.

- Ele terminou com aquela menina?

- Não. - Digo mordendo a bochecha. Sasha faz um barulho em negação.

- Alex você precisa parar com esse rolo agora. Enquanto ele não terminar com a menina vocês têm que se afastar. Não vai querer ser a outra, ou melhor, o outro. Imagina quando ela descobrir?! - Ela balança a cabeça em negação.

- Já paramos. - Eu a encaro. - Hoje mesmo.

- Então era com ele que você estava gritando?

- Sim. - Respondo frouxo. Sasha se aproxima mais, encostando nossos ombros.

- Você fez o certo. -Ela sorri reconfortante.

- A Margareth, namorada dele - acrescento para Sasha entender. Ela não é nada boa com nomes. - descobriu que ele tinha traído ela. Só não sabe com quem. - Aponto com o dedão para mim mesmo em uma careta. - Ele disse que não teve sentimento. - Olho para o lado balançando a cabeça em mais uma tentativa de segurar as lágrimas. Sinto a mão de Sasha em meu ombro. Olho para ela e repouso a cabeça no desta. Ela muda a mão de posição e faz cafuné em meus cabelos, brincando com as mechas em seus dedos.

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- Ele pode ter dito isso no desespero. - Ela diz pensativa. - Talvez ele não queria ter dito isso.

- Se teve sentimento, por que ele continua com ela? - Pergunto com a voz fina. Sasha respira fundo.

- Tem coisas que são muito complicadas Alex.

- Será que ele estava me usando? - Pergunto com medo de receber a resposta.

- Talvez sim. - Ela para de mexer em meu cabelo, pensando. - Ou talvez não. Acredito que não. Vocês são amigos a muito tempo. Ele podia estar apenas confuso e acabou te enfiando no meio disso. O que importa é que você já saiu do meio dessa bagunça.

- Mas e se eu não quisesse sair?

- Então você não estaria fazendo o certo.

- E se eu não quisesse fazer o certo? - Me levanto do ombro de Sasha e olho para ela com olhos fracos. - E se eu ficasse com ele só mais um pouquinho e depois acabasse com tudo de vez?

- Então seria você quem estaria usando ele. - Sasha me responde suavemente. Ela adocica sua voz. - Alex, eu sugiro para seu bem que você se afaste um pouco dele. Para deixar ele por a cabeça no lugar. Depois vocês voltam a ser amigos como antes.

- Eu não quero que sejamos amigos como antes. - Digo desgostoso.

- Mas vocês precisam ser. - Sasha diz cansada.

- O que você faria Sasha? - Ela ri.

- Eu ficaria com ele. Mas não antes de lhe dar um tapa e dizer para decidir logo antes que fique sem mim. - Ela corre as mãos ao lado do troco em uma expressão esnobe. - Sou edição limitada. Não me quer? Então tchau e vaza. - Rio junto com ela. - Faria isso porque, bem, só faço burrada. Você não pode seguir meu exemplo.

- Eu não quero ficar sem ele para sempre Sasha. Não mesmo.

- Tem coisas que precisamos aprender a viver sem. Nem tudo o que você quer lhe é dado.

Olho para baixo. Sinto um enorme nó em minha garganta e um aperto tão forte em meu peito que sinto que terei uma parada cardíaca. Meu coração dói tanto que penso que vai explodir. Mordo o lábio inferior com força e acabo arrancando uma pelinha que o faz sangrar. Sasha se aproxima de mim e me abraça, levando minha cabeça por cima de seu ombro. Ela a aperta contra ele.

- Desculpa patinho. - Ela diz com dor. - É como as coisas são.

Patinho. Dou um sorriso ao ouvir a palavra. Ela me chama assim desde quando eu tinha cinco anos. Eu vivia com um pijama de patinhos amarelos, e eu não vestia nada que não tivesse uma estampa parecida. Sasha acabou me apelidando assim, me chamando dessa forma até hoje. Como vingança, eu a chamo de "Salsa", um trocadilho com seu nome.

- Vou pensar sobre seu conselho. - Digo com um meio sorriso.

- É o melhor para você. - Ela afasta meu rosto com as duas mãos. - Não quero ver você chorando por homem, Alex Julliard. - Solto um riso nasalado.

- Tarde demais.

🦆


No outro dia me acordo com pesar. Não sei se deveria ir buscar Daniel hoje. Depois daquela grande briga ontem, ele vai ficar se explicando, ou brigando comigo, ou agir como se nada estivesse acontecido. - A pior das opções.

Eu já estou ignorando suas mensagens, junto com as de May, que também quer saber sobre o ocorrido. Eu só acho que é melhor eu conversar com eles quando eu estiver com tempo e cabeça. Mas não posso deixar de responde-los, isso é certeza.

I dont like boysOnde histórias criam vida. Descubra agora