Capítulo 149 - Ceifeiro

28 2 0
                                    


– Eu disse que não fomos nós – Leo ouvia Golir berrar para os outros Feiticeiros. Seus pulsos estavam sendo amarrados por grilhões, o prendendo. Junto dele, Pina e Rupest. – Não fizemos nada. Estão enganados quanto a isso.

– Nós fizemos a verificação que mandaram, e achamos os frascos de Antrax junto de suas coisas. Devem ser burros demais por acharem que iriam conseguir fugir para sempre – Muort, um dos Feiticeiros Sentinelas deu um soco na face de Golir, o jogando no chão. – E levante a voz para mim, novamente, e farei com que engula seus dentes de leite, fedelho.

O incidente chamou a atenção de muitos, dos mais antigos aos mais novos, antes dos Aprendizes. Nenhum deles deixou sua face passiva. O nojo estava estampado, olhando com raiva e fúria para três crianças que estavam indo contra uma das regras mais altas da Seita dos Feiticeiros.

Matar alguém dentro das paredes da Grande Morada era como sentenciar a si mesmo. Muitos duvidavam dessa regra por nunca terem ouvido de alguém tentando ou conseguindo matar alguém ali dentro.

Vendo os mais antigos balançando a cabeça, rindo ou comentando sobre o assassinato.

– Pobres crianças – diziam. – Vão ser mortas em menos de dois dias.

E claramente, no dia seguinte, não só os Mestres, como os Aprendizes e Veteranos, foram chamados para a Marca da Morte. Eles ficaram juntos, sem que houvesse separação por status, sendo que alguns dos mais baixos foram ajudados por outros, sendo realocados para posições mais à frente.

Twini e Leonardo estavam lado a lado, em um canto, vendo a lateral da plataforma erguida. Mestre Bushep e Reus se posicionaram também um ao lado do outro, e foram jogados os três traidores diante seus pés.

O trio usava uma espécie de placa de ferro prendendo seus braços ao lado do corpo, usada diretamente para escravos, na Antiga Era Escravista. Os pulsos eram presos por correntes que brilhavam em tom verde, seus pés atrelados a blocos de concreto e suas bocas seladas por uma Runa negra.

– Foram idiotas por terem aberto investigação dentro do próprio dormitório – Twini disse cruzando os braços, sorrindo para Rupest lançando sua fúria gruindo. – Ele ainda consegue fazer som mesmo com uma Runa. Eu não gostaria de ficar contra ele.

– Eu o mataria – Leo não hesitou. – Faria com que engolisse o veneno ele mesmo, quantas vezes fossem necessárias.

Twini sorriu ao seu lado.

– Assistiria com prazer. Mas, Mestre Reus ainda está me observando. Entregar os próprios colegas não parece ser algo que um Feiticeiro goste. - Seus ombros se elevaram, não ligando. – Não me importo para isso mesmo.

Leonardo não respondeu, os Mestres deram um passo adiante, gerando o silêncio entre os demais. Os outros Mestres ficaram por trás dos maiores pilares da Morada dos Feiticeiros, com seus olhos cerrados, três deles bem receosos e distintos.

As provas eram suficientes para mandar prendê-los. A morte estava apenas um passo de distância àquela altura.

Quem iniciou a autoria fora Mestre Bushep:

– Por muitos anos, creio que todos se lembrem disso, tivemos uma regra que indicava a morte aqueles que praticavam a morte a companheiros. A ligação de vida e morte é uma regra, não uma exceção. Feiticeiro Xingu deu a vida para criar esse ligamento e nós precisamos fazer o mesmo. Ele mesmo veio a nós, pela semana passada, a dizer que não se quebrava as regras. Por esse fato, as regras ainda vivem, mesmo que muitos de nós a achemos erradas.

Seu dedo esquelético foi apontado para Rupest, o mais próximo dele.

– Três pequenos Aprendizes, com uma soberba e ingenuidade maior que o próprio ego, buscaram uma forma de tentar matar vários outros discípulos. Indiciaram outro e tentaram plantar provas para que não fossem pegos. - Ele sorriu, como se aprovasse a ação dos três. – Deveríamos bater palmas para essas crianças. Foram mais longe do que nós pensamos, e por um erro, um descuido, irão pagar.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora