Ela me destrói

Dez

Quando o som da porta se abrindo no andar de baixo soou, Ella não esperava pelo que estava por vir, seu pai estava com os olhos inchados e o rosto vermelho, semelhante a ela quando passava as noites chorando, quando ele avistou a menina no sofá da sala sua expressão pesarosa foi inevitável.

-Filha porque não me atendeu? Te liguei a noite toda.-Perguntou sentando ao lado da filha, Ella ficou preocupada com o olhar do pai.

-O celular não estava tocando.- Deu de ombros, mentir, pela primeira vez não pareceu tão errado.

-Eu... eu tenho uma péssima notícia para te dar.- Suspirou antes de encará la.- Ontem a noite me ligaram no meio do turno, e...- Ele estava nervoso, as palavras se perdendo no meio das frases, Ella suspirou até algo compreensível saia do meio de suas falas sem nexo.- Sua mãe teve uma overdose.-Algumas lágrimas silenciosas caiam de seu rosto enquanto ele encarava a filha. -E Deus filha, eu nem sabia que ela estava usando essas coisas.

Isabella ficou em choque por alguns segundos, observando apenas seu pai chorar e falar coisas que naquele momento ela não conseguia entender, sua mãe morrerá, Isabella pediu para que ela não fosse, e por não escutar a filha a mulher morrerá. De certa forma Fátima, a mãe de Ella, estaria em um lugar melhor, longe dela, e de toda a tristeza que ela trazia com sua presença, então ela sorriu, mesmo não se vendo sabia que estava sorrindo exatamente como "Ela" sorria para Kisha, um jeito louco.

-Bom agora ela deve estar bem melhor não?-Disse se levantando.

-O...o que?- César encarava a filha com confusão, a poucas horas ele estava em prantos pela notícia, pensando no estado que a filha ficaria ao descobrir que a mãe morrerá, porém lá estava ela, com um sorriso no rosto, como se essa fosse a melhor coisa que lhe acontecerá em anos, e realmente era, porquê agora ela não teria que carregar a dor da mãe, nem a de ninguém.

-Longe de nos, mais feliz.-Explicou subindo as escadas e correndo para o quarto, Ella deitou na cama e gargalhou, não baía bem o motivo mas o fez.

Hugo a ligou momentos depois, combinaram de faltar a aula e darem uma volta de moto, ele a levaria para um lugar especial. O papo durou um bom tempo, Hugo queria conhecê lá mais, saber mais sobre tudo que envolvia Isabella Kisha, todos os seus gostos e desgostos, seus medos e sonhos, tê-la por completo em sua vida.

No mesmo horário de sempre Ella se despediu de seu companheiro antes de desligar a ligação, rumou para a biblioteca e se encontro com Bruno que lhe esperava a porta da biblioteca.

-Oi Bruno.-Cumprimentou ainda sorrindo.

-Oi Kisha.-Ella se conteve ao escutar o segundo nome, nada faria ela deixar de sorrir.

-Por que está aqui fora, não vai escolher nenhum livro?-Tentou entrar, porém Bruno se meteu em seu caminho.

-Não,hoje eu pensei que a gente poderia tomar um sorvete.-Ele sorriu, feliz por ver os olhos de Ella brilharem.

-Seria ótimo.-Disse já o acompanhando para o outro lado da rua onde se encontrava a sorveteria.

-Então como anda as coisas com seus pais?-Acho menina quebrou o gelo depois que fizeram seus pedidos.

-A mesma de sempre, pegando no pé dos meus irmãos e enchendo muito o meu saco.-Ele disse suspirando o fez Ella rir.

-Os seus irmãos devem ser crianças ótimas.- Ela sempre quis uma irmã mais nova, adorava a idéia de ter com quem passar o tempo e falar da droga de vida que levava.

-Eles são os piores, sempre aprontando todas.-Bruno amava os irmãos apesar dos dois serem bem mais novos que ele, sempre o perturbando e armando pegadinhas.

-E você não aprontava quando era criança?-Ela perguntou já sabendo a resposta, Bruno tinha cara de menino levado.

-É... eu tive meus momentos, e os seus pais? Ainda brigando.-Mudou de assunto percebendo que ele estava falando muito de si mesmo.

-Acho que eles nunca mais vão brigar.-Deu de ombros, ainda era difícil pensar que nunca mais teria a mãe em sua vida, mas era reconfortante saber que ela nunca mais iria ficar triste.

-Pediram o divórcio? Kisha eu sinto muito, eu tenho certeza que foi melhor assim.-Ele disse se aproximando dela e pegando em sua mão para passar conforto, Ella soltou um risinho baixo.

-Não, é que... a minha mãe morreu.-Soltou de uma vez o que fez com que Bruno ficasse sem palavras.

-E... eu nem sei o que te dizer.-Ele puxou a menina para um abraço, ele achava que estava a consolando, mas ali nos braços dele a única coisa que Ella pensava era o quão bonzinho ele era, e o quão fofo estava sendo.

-Obrigado Bruno.-Disse se separando dele, Ella o encarou, eles estavam próximos, muito próximos, Bruno temia que a garota escutasse as batidas ansiosas de seu coração.

Os lábios do casal se encostaram em um beijo casto, sem a malícia que Hugo lhe proporcionava, apenas um encostar de lábios tímido, Ella foi ousada e entreabriu os lábios intensificando o ato para um beijo completo, e foi tão bom quanto os que ela compartilhará com Hugo.