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Depois do meu sonho que foi real na verdade, tive muita dificuldade para dormir, estava com medo que acontecesse novamente, e eu não poderia chegar simplesmente com Antonie ou com a Maria e pedir para dormir junto com eles, teria que explicar o motivo, e o que eu mais quero é esquecer tudo isso e levar minha vida normal como sempre.

Preparei um chá de camomila, que me aliviou um pouco, e voltei para cama, já era quase cinco horas da manhã, as seis eu levantava, mas é claro que eu não poderia perder a chance de dormir mais um pouco. Parecia mais que eu apenas tinha fechados os olhos e o despertador já tocou me fazendo levantar.

Ao terminar de me arrumar para o colégio, fui tomar café e na cozinha só encontrei Maria.

- Bom dia, Maria - Sorri - Cadê o Tonie?

-Bom dia, Agnes! Dormiu bem?

- Tive um sonho, pesadelo, mas fora isso tudo certo.

-Que bom! - Disse enquanto preparava seu café - Seu irmão disse que hoje teria que ir mais cedo por causa de uma reunião, nem tomou café em casa, disse que comeria na empresa mesmo.

-Tonie sendo Tonie - Ri - Ele deveria as vezes se preocupar mais com ele, não viver nessa correria.

- E tem mais uma coisa - Ela parou de comer e olhou para mim - Ele te quer lá depois do colégio, falou para não te deixar esquecer.

-Acho um pouco difícil eu esquecer disso, mas obrigada.

Terminei meu café em silêncio, Maria terminava de ler as notícias, me despedi e fui para o colégio que ficava a poucas quadras de casa. Era começo de agosto ainda, mas estava feliz por estar terminando o meu terceiro colegial, não sabia o que cursar na faculdade, mas aposto que Tonie faria eu fazer algum curso como administração, ou algo do gênero, ou seja, algo que eu não gosto, ainda não tivemos essa conversa, mas sei que se aproxima cada dia mais.

Cheguei na escola e fui para minha sala, digamos que eu não tinha muitos amigos lá, eu conversava com as pessoas quando necessário, mas não era algo de se ficar se apegando muito. Minha única amiga lá era a Duda, sempre conversávamos, e não era uma pessoa que se aproximava por interesse, ela sempre estava lá para tudo, fosse qualquer coisa, sabia que ela estaria comigo.

Eu estava esperando a Duda chegar enquanto via minhas redes sociais, que eu usava mais para ver memes, quando alguém senta na cadeira ao meu lado tirando a minha atenção da tela do celular. Olhei para ver quem era, mas não o conhecia, e como as meninas de trás estavam cochichando deveria ser um aluno novo.

-Agnes, você não sabe - Disse a Duda chegando - Estou indignada, eu estava assistindo um anime, eu torci tanto para aquele casal ficar junto no final, mas não, ele não me ouvi e ficou com uma tão escrota.

Nunca gostei de animes, mas eu ouvia a Duda, entendia sua indignação porque passava por isso com minhas séries.

- Bom dia, Duda - Ri- Eu sei como é, a gente torce, grita, mas eles só acabam fazendo cagada.

- Então, tô com ódio! - Disse, seus olhos mudaram de foco e chegou mais perto de mim perguntando baixinho - Quem é aquele?

- Não sei, deve ser aluno novo - Disse - Mas eu nunca sei quem é dessa sala ou não vive aparecendo gente aqui.

- Uia, ele está te olhando - Disse ela rindo.

- Mas eu estou arrumada - Peguei meu celular para ver se tinha algo de estranho em mim - Tem alguma coisa no meu cabelo?

- Não, você está normal.

Odeio quando as pessoas ficam me olhando sinto como se tivesse algo de errado comigo, como dentes sujos, cabelos bagunçado, mas aquele dia eu estava normal.

O Fernando nosso professor de geografia chegou e logo foi falando do garoto novo.

- Se apresente meu querido - Disse o Fer apontando para o aluno novo - Nome, de onde você é, quantos anos, namora, solteiro, RG.

- Meu nome é Leonardo, tenho 18 anos, eu vim do Rio de Janeiro, e eu sou solteiro.

- Ouviram meninas? - Riu o Fer - Solteiro nosso amigo Léo.

Depois disso a aula passou normal, intervalo eu e a Duda ficamos conversando e vendo as garotas vindo para cima do Leonardo, senti até um pouco de dó dele.

- Elas não perdem uma carne fresca - Disse a Duda - Apesar que com aquele bronzeado fica difícil não notar.

- Credo, Maria Eduarda! - Disse - Ele é bonitinho, mas não deve passar disso.

O resto das aulas passou normal, e quando finalmente acabou, eu fui almoçar no restaurante lá perto, depois teria que ir ficar o restante do dia na empresa, e só de pensar a chatice que seria me deu preguiça.

Enquanto caminhava até o restaurante, senti como se alguém me seguisse, olhei para trás, mas não havia ninguém, continuei meu caminho mas aquela sensação me acompanhava, até que olhei do outro lado da rua, e foi aí que meu coração começou a bater mais forte, e minhas pernas fraquejaram um pouco, aquele menino da Igreja estava me observando na outra calçada, continuava a usar aquela túnica branca, mas parecia que as pessoas não o notavam.

Fui atravessar a rua, mas acabei não olhando, um carro que estava vindo buzinou, e por Deus conseguiu desviar de mim, mas quando olhei de novo, o garoto não estava mais lá. Algumas pessoas se aproximaram para ver se eu estava bem, se queria que chamasse alguém, mas não tinha me ferido apenas agradeci.

Peguei meu almoço, mas estava com pouca fome, com certeza estava mais assustada com o garoto do que o quase atropelamento. Como aquilo era possível? Por que usa aquelas roupas? Como ninguém percebia? Por que eu?

Angelus Onde histórias criam vida. Descubra agora