capítulo 28.

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- preciso que me ouça com atenção. - pede Calebe do outro lado da linha.

- fala.

- eles não podem saber que você saiu, por isso tranca a porta e sai pela janela, não esquece de trazer o material que ele te entregou, pegue os equipamentos e venha até a van, estarei esperando por você.

- entendi. Mas como você vai saber que sou eu? - pergunto sentindo medo e euforia juntos.

- bata na lataria do carro duas vezes. Assim vou saber que é você.

- ok. Estou indo. - me apresso em seguir suas instruções, não esquecendo de pegar minha arma e um gravador de voz. Abro um pouco as cortinas e me certifico de que ninguém me verá descer. São apenas dois andares para baixo, e as paredes não são lisas o que vai facilitar minha decida. Tomo coragem e ignoro a altura da qual posso cair e me apresso em descer logo dali.

Meu Deus que loucura!

Ainda me pego pensando o que eu estou fazendo aqui? Como eu pude aceitar essa missão maluca e insana? Mas fazer o quê? Acho que esse foi um dos muitos momentos que só a uma explicação: um minuto de burrice.

Agora graças a um minuto de burrice, terei de correr risco de vida, mentir para pessoas que eu amo, e ainda por cima fingir ter coragem. Eu mereço.

Chego ao chão e corro pelas laterais da casa até o portão, me esgueiro sorrateiramente pelo muro e por sorte o portão não está trancado, vejo o guarda saindo para ajudar outro cara a tirar o carro do chefe da garagem e aproveito a oportunidade, corro como uma desesperada para fora e não paro até estar do lado da van. Dou duas batidas na porta até ver Calebe abri-la e me por para dentro.

- oi. - diz quando estou dentro do veículo.

- oi.

- o preto realmente lhe cai bem. - diz ele do nada me olhando de um modo estranho.

- obrigada. - digo um pouco confusa olhando para a minha roupa. - aqui está os materiais que recebi.

- certo. - diz pegando os papéis. - vou deixar você no local da reunião e ficarei observando você e eles de longe, enquanto você está ocupada com eles eu faço o plano que você deve entregar logo amanhã de manhã.

- desse jeito conseguirei um pouco mais da confiança deles.

- isso mesmo. Pronta?

- não. Mas vamos. - ele sorri ao ouvir minha resposta e vai para trás do volante. - eu aconselho que coloque um disfarce. Para que não te reconheçam. Tem algumas roupas na maleta verde.

- tá legal. - procuro a tal maleta e verifico que opções eu tinha no momento. Acabo decidindo por um vesito lilás simples e um salto médio. Já devidamente trajada assumo o banco do passageiro na frente.

- Belo disfarce - diz ele sorrindo assim que me acomodo ao seu lado.

- era o melhor que tinha lá - falo na defensiva.

- foi um elogio boba. - explica sorrindo ainda mais fazendo uma curva brusca.

- ah. - falo sem graça. Calebe está muito diferente dele mesmo, se é que isso é possível, ele parecia ter se livrado de algo que o atormentava, e estava mais leve e aparentemente bem feliz. Ele dirige como se estivéssemos com uma mulher grávida prestes a dar a luz no banco de trás do carro, e em menos de alguns minutos chegamos ao restaurante no qual Calebe garantiu que eles escolheriam. Ele estaciona a van e nos separamos, enquanto ele fica ali para vigiar a entrada e saída dos membros da quadrilha eu sigo em direção ao restaurante. Era realmente um lugar luxuoso, com luzes para todos os lados e rosas vermelhas na decoração. Me distraio apenas por alguns segundos por conta da fachada pomposa antes de focar, respirar fundo como de costume, juntar coragem e entrar em ação.

De repente agente duplo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora