Eu me chamo Ricardo, sou um garoto sonhador, briguento, exigente, tímido, teimoso, impaciente, impulsivo e também de bom coração. Acho que nasci romântico também, ou seja, com qualidades e defeitos, como qualquer pessoa. Eu não sabia onde tudo me levaria, no caso do meu romantismo, não sabia se seria duradouro, foram incontáveis decepções. Gostar amorosamente pode ser difícil às vezes, eu percebi isso precocemente, mas o que me fez conformar, foi saber que até o Brad Pitt já teve dificuldade na arte da conquista, e se ele teve dificuldades, imagina eu!
Mas a vida não se baseia apenas em encontrarmos o nosso par ideal, há muita coisa a se viver, pode ser assustador às vezes, pois é um mundo muito competitivo e cruel, contudo nossas experiências preenchem as páginas do nosso livro da vida, e o meu livro ainda estava só no começo. Nem sabia ao certo o que fazer dele, a única coisa que eu sabia, foi que Deus nos deu o livre arbítrio para fazermos a coisa certa... Mas qual seria a coisa certa a se fazer?
Eu me lembro muito bem a primeira vez em que me apaixonei... Eu tinha exatamente cinco anos de idade...
-Ricardo, já colocou o tênis? Você vai se atrasar para o seu primeiro dia de aula!
-Mãe, já vou! Você viu o meu Homem-Aranha?
A minha mãe sempre foi tão bonita, morena, com cabelos negros, compridos e cacheados, ela não é alta e nem baixa, seu nome é Denise. Ela sempre foi uma mulher que se esforçava muito para cuidar da casa, cuidar de mim, do meu irmão e ainda trabalhar. Ela era vendedora, vendia roupas em uma loja tradicional da cidade, sempre que me levava para a escola, ia depois direto para o serviço. Seu casamento não estava um "mar de rosas", ela e o meu pai, mal se falavam. Meu irmão não percebia que as coisas não estavam bem, talvez pelo fato dele ter apenas quatro anos, mas eu conseguia perceber que naquele casamento já não havia mais amor, mesmo um pouco mais velho que meu irmão, percebia tudo. Tudo que eu queria um dia era amar, e poder casar com uma pessoa que me desse o mesmo amor que eu sentisse, queria reciprocidade, companheirismo, carinho e fidelidade, e sentia muito por não ver tudo isso envolvendo os meus pais. Meu pai era policial, e não passava muito tempo em casa, às vezes eu achava a minha mãe muito sobrecarregada por isso, mas ela ainda conseguia ser linda e vaidosa.
-Não sei! Ontem mesmo você estava com ele na mão.
Eu não conseguia encontrá-lo, e sem meu grande amigo, como eu poderia enfrentar meu primeiro dia de aula? Me senti tão maduro naquele dia, eu estava crescendo. Minha mãe estava na cozinha, arrumava as coisas por lá, lembro que fazia muita neblina naquele começo de dia, era bem de manhãzinha, ela usava um sobretudo, estava muito bonita como todos os dias. Eu corri a última vez no quarto pra tentar encontrá-lo, até que bisbilhotei na cama, e ele estava debaixo do meu travesseiro.
-Ah sapeca! Achou que iria se esconder de mim, né? Hoje é o nosso primeiro dia de aula! -E assim o beijei, corri, antes que a minha mãe me chamasse outra vez.
Ela pegou minha lancheira, colocou-a em mim, pegou sua bolsa, e assim saímos naquela manhã fria e escondida na neblina. Não andamos muito, chegamos rápido, minha mãe me deixou na porta da escola, me deu um beijinho no rosto e disse:-Se comporte mocinho, depois a mamãe vem te buscar.
Tinha um playground no jardim da escola, na minha sala, muitas crianças. Entrei meio acanhado, estava um pouco atrasado, todos me olharam, só havia um lugar vago bem na primeira fila, péssimo isso! Eu ficaria em evidência, isso não cessaria aqueles olhares. Depois da primeira impressão de cada um se apresentar, e da professora começar a ensinar as primeiras lições, logo veio o recreio. Eu brincava com meu querido Homem-Aranha de trinta centímetros, e as outras crianças se interagiam entre si, eu preferi brincar sozinho.
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Quem Eu Vou Levar Para o Baile?
Teen FictionRicardo sempre ansiou por gozar de bons momentos, tudo baseado na amizade ou no amor, desde muito jovem sempre se deparou com diversas decepções e conflitos. Com a chegada da puberdade muita coisa aconteceu, de metamorfoses à sensações. Uma companhi...