Gênesis

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No primeiro dia, o Homem criou a civilização. Humanos civilizados. Seres de topo de cadeia, de mente maravilhosa e perversa. E Ele viu que não era bom.

No segundo dia, o Homem Civilizado fez o comércio. Roubou da Terra o ouro e a prata. Fez dos selvagens seus escravos. Vendeu tudo que parecia ter valor. Fez o ouro virar moedas e, mais tarde, papel. E Ele viu que não era bom.

No terceiro dia o Grande Homem fez os prédios. Cobriu o sol com concreto e empilhou a civilização em caixas sobrepostas verticalmente. Presos como ratos em uma jaula cinza, os civis sorriam. E Ele viu que não era bom.

No quarto dia, o Homem criou os combustíveis. Cavou enormes sulcos na Terra e queimou seu negro sangue para mover o mundo. E o ar, de repente, não era mais puro. E Ele viu que não era bom.

No quinto dia, o Homem deus inventou as indústrias, as estradas, a guerra e a fome. A miséria, as doenças, o preconceito e a discriminação. A morte, o desespero, a corrupção e a manipulação. A alienação, a exploração, o assédio e o estupro. As leis falhas, os tribunais injustos e as selas superlotadas. A desigualdade, os políticos ruins, os juízes mal formados. A desesperança. E Ele viu que nada era bom.

No sexto dia, o Homem criou as armas químicas e as bombas atômicas. E Ele sabia, desde o princípio, que não era bom.

No sétimo dia, o homem Desesperado, com as criações do dia anterior, matou ao seu mundo e a si próprio.

E nunca mais viu coisa alguma.

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