Eitan Novaz não chegava a ser um depravado, mas seu histórico problemático com mulheres era extenso demais para quem se candidatara a curadoria de um museu como a Pina. Era com isso que Luckas pretendia persuadir o homem que convenceu sua irmã a se submeter àquele "Reality" Show de problemas.
Encontraria Eitan e extrairia dele a justificativa da decisão de sua irmã, independente dos meios que precisasse usar. Por sorte, sua "presa" tinha o hábito de correr no parque Ibiraquera ao entardecer, e sua rota incluía um bosque que seria perfeito para pôr em prática seu plano.
— Vamos tentar não exagerar, né Loki? — comentou Luckas, afagando a cabeça de um enorme cão que o acompanhava.
No entanto, após abordar e ter sua presa em fuga para o bosque, uma misteriosa flecha atingiu Eitan em uma das pernas. A fuga era prevista, mas não aquilo. Obedientemente, o cão correu em direção ao ferido, na intenção de evitar que quem quer que o tivesse abatido concluisse a tarefa antes que Luckas conseguisse respostas.
Já próximo do desacordado, uma flecha lhe passou de raspão, rasgando seu terno. A figura imponente de uma bela índia com aura de guerreira, portando um o arco e flecha apontada para ele e exigindo saber seu nome, fez com que o rapaz levantasse as mãos em rendição.
— Curioso... Fala bem meu idioma... Me chamo Luckas. Espero que retribua a cortesia de revelar seu nome e suas intenções com esse babaca... — indicou o corpo adormecido.
— Sou Inaiê. — respondeu ela de forma direta, e dizendo que levaria Eitan com ela, pois precisava que ele lhe desse respostas.
Com cautela, Luckas se colocou entre Inaiê e o homem desacordado.
— Mais nenhum passo! — reclamou ela, com o arco pronto para um disparo.
— Um instante... Preciso que ele me responda algumas coisas também... Talvez possamos nos ajudar. Me permita fazer as coisas do meu jeito...
— Seu jeito? Explique. — exigiu a índia, incomodada, encarando de relance sua própria mão.
— Difícil explicar... Digamos que farei ele falar de qualquer jeito. Poderia por favor abaixar o arco? Não lhe sou uma ameaça, dou-lhe minha palavra.
Inaiê lançou um insulto sobre o valor que a palavra que estranho teria, mas abaixou o arco. Luckas sabia que a visão dela sobre seus semelhantes não era de toda incorreta, no entanto, sempre prezou por honrar sua palavra, e a desconfiança dela não mudaria isso.
Seguiram para dentro do bosque, enquanto esperavam Eitan acordar para iniciar o interrogatório. Luckas perguntou a Inaiê o que ela havia usado na flecha e o que queria de Eitan. A índia se limitou a reclamar de tantas perguntas com mau humor, mas em seguida revelou que havia usado um veneno que ela sabia dominar a dose correta para apenas entorpecer e não matar. Levantou também um comentário sobre o quanto Loki era interessante e, por mais que a aura de Inaiê denotasse confiança, Luckas não sabia como ela reagiria se contasse que o animal era um Pesadelo materializado. Na dúvida, Luckas ignorou o comentário, se explicando que por estar atrás de respostas, perguntar era inevitável.
— Temo que tenha de deixá-la pra trás, caso continue sem dizer a que veio.
Dando-se por vencida, Inaiê mencionou uma amiga em perigo, questionando se o nome "Caosvinos" dizia algo a Luckas e, apesar do nome não soar estranho, não lhe dizia nada. Agora em uma clareira, longe dos olhares curiosos, ambossessaram a caminhada e o cão escorou Eitan numa árvore. Este começara a gemer, dando sinais de consciência.
— Vai reconsiderar responder minha pergunta agora? — perguntou Luckas.
— O que? — resmungou o homem, ainda desnorteado — Você é louco? E quem é essa maluca? De onde ela brotou?
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Watch-Pad: O Reality-show de Papel [Evangeline]
Mystery / ThrillerEvangeline MacDouglas de Oliveira é uma talentosa restauradora de artes que dedica sua vida totalmente ao trabalho, pois se sente mais segura dessa forma. Comunicativa e de fácil socialização - apesar de estar brigada com seu pai - seu único defeito...