- Dayane? - Carol chamou ao se aproximar da mesa, vendo os olhos castanhos intensos se erguerem e lhe fitarem. - Pode vir aqui um minuto?
- Ainda não terminei de comer. - Dayane falou e Carol suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a maior.
- Obrigada. - Carol disse baixinho, se arremessando nos braços de Dayane sem dar tempo da outra falar nada. - Eu amei. - Ela completou, sentindo finalmente os braços da maior se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.
- De nada. - Ela replicou, sentindo Carol se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.
- Como conseguiu? - Carol perguntou, removendo os braços do pescoço de Dayane, por outro lado, Dayane permaneceu com seus braços ao redor de Carol. - E não seja grosseira em sua resposta. - Se aprontou em dizer ao ver que Dayane iria abrir a boca para dizer algo.
- Hey! - Dayane repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. - Pare de saber como eu vou agir.
- Não dá. Você é previsível. - Carol disse rindo baixinho e Dayane franziu os olhos.
- Não vou te contar como consegui então. - Dayane disse e Carol abriu a boca surpresa.
- Não! Day, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. - Carol disse e Dayane riu, suspirando.
- Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. - Dayane respondeu e Carol desviou o olhar para Aline, que havia tossido alto.
- De nada. - Aline falou e Carol sorriu.
- Obrigada por isso. - Carol disse e Aline se espreguiçou.
- Eu preciso dizer "de nada" de novo? - Carol riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Dayane.
- Coma! Você quase não comeu nada. - Carol impôs e Dayane negou.
- Não estou com fome. - Dayane replicou e Carol sentiu Dayane começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Dayane não fazia carinhos.
- Mas precisa comer. - Carol insistiu e Dayane voltou a negar.
- Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.
- Certo. - Carol disse, vendo Aline olhar confusa para Dayane.
- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. - Aline disse do nada, se levantando. - Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.
- Você não está atrapalhando. - Carol disse, se aconchegando mais nos braços de Dayane.
- Tchau. - Aline falou, se afastando e Isabella riu.
- Nem pense em sair, Isabella. Não estão atrapalhando. - Carol disse ao ver o olhar de Alex de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a menor ergueu seu rosto, fitando Dayane com um sorriso divertido nos lábios.
- O que foi? - Dayane indagou.
- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? - Ela indagou e Dayane suspirou. - Que bilhete foi aquele? - Ela perguntou rindo.
- Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... - Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Carol não sabiam que elas não estavam realmente juntas. - Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. - Carol franziu o cenho e a fitou.
- Por quê? - Indagou confusa.
- Você merece mais do que isso. - Dayane disse, olhando para baixo e Carol levou uma mão até seu queixo, o erguendo.
- E se eu não quiser mais do que isso? - Carol indagou, encarando-a com intensidade e Dayane suspirou.
- Você quer mesmo a médica, não é? - Dayane perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Carol negou com a cabeça, voltando a fitá-la.
- Não estou me referindo à ela. - Carol informou e Dayane se levantou, jamais deixando de olhá-la.
- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. - Dayane disse e Carol se levantou junto. - Você merece mais.
- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. - Carol disse veemente e Dayane passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Carol, acariciando-o.
- Destemida como sempre. - Dayane disse sorrindo nostálgica e Carol estranhou a atitude. - Os anos passam, mas você não muda.
- Anos? Você me conhece de antes? - Carol indagou e Dayane negou com a cabeça.
- Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. - Dayane disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.
- Espere! - Carol chamou, seguindo-a. - Dayane! - Tentou novamente, sem êxito. - Eu não acredito em você. - Carol disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Dayane frear no mesmo momento e se virar para ela.
- Não acredita em quê? - Dayane indagou e Carol a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.
- Que esteja sonolenta. - Carol disse quase arfando e Dayane riu.
- Tudo bem. - Dayane disse dando de ombros e Carol segurou seu pulso, não deixando a maior continuar seu caminho.
- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. - Confessou. - Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado etampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.
- Ah é? - Dayane perguntou e Carol assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Dayane.
- Sabe o que mais eu acho? - Carol indagou dando mais um passo a frente, vendo Dayane negar com a cabeça e prender a respiração. - Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. - Umedeceu os lábios e tomou ar.
- E no que mais acredita? - Dayane perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.
- Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.
- Não me importo com você e não quero te beijar, Caroline, não alucine. - Dayane disse fazendo uma careta e Carol a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.
- Então me prova. - Carol sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Dayane antes de roçar seus lábios nos dela.
- Carol, pare!
- Não! - Carol negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. - Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.
- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. - Dayane disse com a voz ligeiramente falhada e Carol colocou as mãos na cintura da garota.
- Sim, é um desejo meu. - Carol confessou, roçando seus lábios nos de Dayane .- E se não for seu também então me afaste...
Os olhos castanhos intensos queimavam Carol e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Carol exalando das duas.
- Não posso fazer isso... - Dayane disse baixinho. - Não consigo te afastar. - Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.
- Então me beija... - Carol murmurou e no instante seguinte os lábios de Dayane pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.
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Presa por acaso (Dayrol)
RomanceO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Caroline Biazin não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando de dinheiro o suficiente para pagar...