Capítulo catorze.

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- Dayane? - Carol chamou ao se aproximar da mesa, vendo os olhos castanhos intensos se erguerem e lhe fitarem. - Pode vir aqui um minuto?

- Ainda não terminei de comer. - Dayane falou e Carol suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a maior.

- Obrigada. - Carol disse baixinho, se arremessando nos braços de Dayane sem dar tempo da outra falar nada. - Eu amei. - Ela completou, sentindo finalmente os braços da maior se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.

- De nada. - Ela replicou, sentindo Carol se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.

- Como conseguiu? - Carol perguntou, removendo os braços do pescoço de Dayane, por outro lado, Dayane permaneceu com seus braços ao redor de Carol. - E não seja grosseira em sua resposta. - Se aprontou em dizer ao ver que Dayane iria abrir a boca para dizer algo.

- Hey! - Dayane repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. - Pare de saber como eu vou agir.

- Não dá. Você é previsível. - Carol disse rindo baixinho e Dayane franziu os olhos.

- Não vou te contar como consegui então. - Dayane disse e Carol abriu a boca surpresa.

- Não! Day, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. - Carol disse e Dayane riu, suspirando.

- Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. - Dayane respondeu e Carol desviou o olhar para Aline, que havia tossido alto.

- De nada. - Aline falou e Carol sorriu.

- Obrigada por isso. - Carol disse e Aline se espreguiçou.

- Eu preciso dizer "de nada" de novo? - Carol riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Dayane.

- Coma! Você quase não comeu nada. - Carol impôs e Dayane negou.

- Não estou com fome. - Dayane replicou e Carol sentiu Dayane começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Dayane não fazia carinhos.

- Mas precisa comer. - Carol insistiu e Dayane voltou a negar.

- Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.

- Certo. - Carol disse, vendo Aline olhar confusa para Dayane.

- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. - Aline disse do nada, se levantando. - Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.

- Você não está atrapalhando. - Carol disse, se aconchegando mais nos braços de Dayane.

- Tchau. - Aline falou, se afastando e Isabella riu.

- Nem pense em sair, Isabella. Não estão atrapalhando. - Carol disse ao ver o olhar de Alex de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a menor ergueu seu rosto, fitando Dayane com um sorriso divertido nos lábios.

- O que foi? - Dayane indagou.

- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? - Ela indagou e Dayane suspirou. - Que bilhete foi aquele? - Ela perguntou rindo.

-  Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... - Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Carol não sabiam que elas não estavam realmente juntas. - Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. - Carol franziu o cenho e a fitou.

- Por quê? - Indagou confusa.

- Você merece mais do que isso. - Dayane disse, olhando para baixo e Carol levou uma mão até seu queixo, o erguendo.

- E se eu não quiser mais do que isso? - Carol indagou, encarando-a com intensidade e Dayane suspirou.

- Você quer mesmo a médica, não é? - Dayane perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Carol negou com a cabeça, voltando a fitá-la.

- Não estou me referindo à ela. - Carol informou e Dayane se levantou, jamais deixando de olhá-la.

- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. - Dayane disse e Carol se levantou junto. - Você merece mais.

- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. - Carol disse veemente e Dayane passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Carol, acariciando-o.

- Destemida como sempre. - Dayane disse sorrindo nostálgica e Carol estranhou a atitude. - Os anos passam, mas você não muda.

- Anos? Você me conhece de antes? - Carol indagou e Dayane negou com a cabeça.

- Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. - Dayane disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.

- Espere! - Carol chamou, seguindo-a. - Dayane! - Tentou novamente, sem êxito. - Eu não acredito em você. - Carol disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Dayane frear no mesmo momento e se virar para ela.

- Não acredita em quê? - Dayane indagou e Carol a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.

- Que esteja sonolenta. - Carol disse quase arfando e Dayane riu.

- Tudo bem. - Dayane disse dando de ombros e Carol segurou seu pulso, não deixando a maior continuar seu caminho.

- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. - Confessou. - Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado etampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.

- Ah é? - Dayane perguntou e Carol assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Dayane.

- Sabe o que mais eu acho? - Carol indagou dando mais um passo a frente, vendo Dayane negar com a cabeça e prender a respiração. - Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. - Umedeceu os lábios e tomou ar.

- E no que mais acredita? - Dayane perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.

- Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.

- Não me importo com você e não quero te beijar, Caroline, não alucine. - Dayane disse fazendo uma careta e Carol a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.

- Então me prova. - Carol sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Dayane antes de roçar seus lábios nos dela.

- Carol, pare!

- Não! - Carol negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. - Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.

- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. - Dayane disse com a voz ligeiramente falhada e Carol colocou as mãos na cintura da garota.

- Sim, é um desejo meu. - Carol confessou, roçando seus lábios nos de Dayane .- E se não for seu também então me afaste...

Os olhos castanhos intensos queimavam Carol e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Carol exalando das duas.

- Não posso fazer isso... - Dayane disse baixinho. - Não consigo te afastar. - Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.

- Então me beija... - Carol murmurou e no instante seguinte os lábios de Dayane pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.

***

Presa por acaso (Dayrol)Where stories live. Discover now