❝Ela será amada e temida. Aqueles que a amarem saberão que a morte a acompanha e saber disso os fara temê-la❞.
—𝕱𝖗𝖆𝖌𝖒𝖊𝖓𝖙𝖔𝖘 𝖉𝖔𝖘 𝕽𝖊𝖌𝖎𝖘𝖙𝖗𝖔𝖘 𝕯𝖗𝖚𝖎𝖉𝖆𝖘,
533 ɗ. Ƈ
Não há como esconder o medo para sempre. Não dá para fingir o tempo todo que sou impenetrável pelos terrores que sempre me assombraram. Descobri, já fazia um bom tempo, que quando adormecia, todos meus medos me encontravam. Nos meus pesadelos era quando estava mais vulnerável e todos meus monstros estavam lá... com as suas garras afiadas e devidamente prontos para me atacar. Entretanto, de todos os pesadelos que já tive, um especificamente foi o que mais me aterrorizou.
Era o quarto dia após minha sentença de morte ter sido decretada. Era mais um dia em que o odor repugnante da morte tanto em minhas mãos, quanto nas minhas costas me seguiam como uma marca invisível. Eu devia estar aterrorizada, no entanto, nada me perturbou mais do que aquele terrível pesadelo.
"Tudo estava escuro e assombrosamente silencioso. Eu estava sozinha em meio às sombras. Porém, não demorou muito até que as silhuetas de duas pessoas, começaram a tomar forma um pouco mais à frente de onde eu estava. Com muita cautela, aproximei-me das sombras daquelas pessoas e o susto foi grande quando dei-me conta de quem se tratavam... Lá estavam meus pais: minha mãe com o seu pescoço retorcido num ângulo agonizante e meu pai com a garganta degolada, respingando sangue em sua veste branca que toda manchada do mais vivido vermelho, e ao redor do pescoço, minava uma pequena correnteza de sangue que escorriam até sua barriga.
Dei um pulo para trás, pois aquela imagem de fato me aterrorizou. Papai esticou a mão em minha direção, como se quisesse me alcançar. Mamãe virou seu corpo de modo que seu rosto se voltasse para mim, seus olhos azuis — assim como os meus — estavam cheios de lágrimas.
— O que fizeram com você minha pequena? — ela sussurrou docemente.
Meus olhos se encheram de água. Eu sentia tanto a falta deles.
Dei alguns passos para frente, tentando alcançá-los, e quando de fato estava chegando próximo de ambos, seus rostos se modificaram e a face de Björn, bem como do fazendeiro, tomaram o lugar da de meus pais. Novamente, recuei dois passos para trás, completamente aterrorizada.
Ambos homens andaram até a mim, como se fossem predadores. Eu não fugi. Embora estivesse com medo, não fiz qualquer menção de fugir do ataque iminente. Ataque este, que não veio. Pois, os vikings apenas andaram em círculo ao meu redor, tentando — eu presumi — me acuar, me amedrontar e me aterrorizar... E estavam conseguindo.
— Quer saber como é a morte, Erieanna? — Björn sussurrou bem próximo ao meu ouvido.
Não respondi. Achei melhor não falar com os mortos.
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SACRIFÍCIO
Historical Fiction🏆 Vencedor do WATTYS 2021 na categoria FICÇÃO HISTÓRICA 🏆 C O N C U R S O S: #1º LUGAR no projeto OBRAS DOURADAS; #1 ° LUGAR no concurso UM MAR DE ROSAS; # 1º LUGAR concurso PENSE, CRIE E ESCREVA; #1º LUGAR no Concurso HEROÍNAS EM PALAVRAS; #2º L...