12 - Quente como verão

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Consigo parar o soco antes de acertar o rosto da garota da casa dos Na.

- Ficou louca? - pergunto. - Como você chega do nada tocando no ombro das pessoas?

- E você sai batendo em todo mundo que te toca? - pergunta assustada.

- Eu achei que fosse uma pessoa específica - me justifico. - E o que você está fazendo aqui?

- Eu quero falar com você - diz.

- Eu estou bem. Por que não volta para o seu namorado? - pergunto seco. Além de Suk ter me irritado eu estou cansado.

- Por favor, HoSeok. Você não disse que queria que fossemos amigos? - pergunta.

- E você não pediu desculpas e foi embora? - pergunto cínico. - Como sempre.

- Tudo bem - fala. - Você está certo, eu estou sempre fugindo de você, mas o que aconteceu ontem não foi legal. Eu me senti mal pelo Soo ter começado uma briga com você por minha causa.

- Olha, tudo bem, eu não dou a mínima para aquela discussão estúpida. Se era só isso não precisa se preocupar - falo me afastando dela.

- Na verdade, eu... queria pedir desculpas por ter fugido de você esses dias. Eu estava realmente receosa com relação a você.

- Por quê? - pergunto confuso.

- Eu não sabia se podia confiar em você ou não. Eu estou passando por uma fase complicada na minha vida e o Soo acabou dizendo umas coisas que ficaram na minha cabeça... me desculpe - fala se curvando levemente.

Suspiro, então seu namorado colocou pensamentos errados sobre mim na cabeça dela.

- Que tipo de coisa? - pergunto cruzando os braços.

- Nada de importante - diz.

- Então não é importante que um cara que nem me conhece fale mal de mim para os outros? - pergunto irritado.

- Não leve tão a sério, ele só queria me proteger - diz.

- Porque eu sou, claramente, uma ameaça - digo com deboche.

- Por que você continua fazendo isso?

- Isso? - pergunto Com deboche.

- Sim, você tem uma resposta sarcástica e seca para tudo que eu falo? - ela pergunta irritada.

- Acredito que você estava errada afinal e o problema sou eu e não você - digo.

- Quer saber - diz irritada. - O problema é realmente você que tem maturidade de uma criança de onze anos.

- Você... - respiro fundo tentando me acalmar. - Você quer tomar um café?

Ela me encara besta.

- Você é bipolar? - pergunta. - Porque... do nada... você está testando minha paciência?

- Não, estou testando a minha - digo. - Eu estou indo para a cafeteria que te levei da outra vez, se você quiser vir comigo, venha, se não apenas fique aí.

Começo a andar refletindo se eu estou mesmo irritado com ela ou se é só o cansaço e a irritação de antes que estou descontando nela.

E assim que ouço seus passos vindo atrás de mim várias coisas fazem sentido. Primeiro, sim, eu estou irritado com ela por ter um namorado, e, mais ainda, comigo por ter criado tanta esperança em uma coisa de dois encontros. Segundo, eu realmente estou cansado depois de ter passado boa parte da noite acordado e isso deixa minhas emoções bagunçada. E terceiro, e muito importante, eu ainda estou de sangue quente por causa da discussão com Suk.

...

Quando chegamos no café Tommy faz uma piada sobre meu humor, mas o encaro com um olhar assassino que o faz ficar desconfortável a ponto de nós levar para a mesa em silêncio e continuar assim até anotar os pedidos e ir embora do mesmo jeito.

- Eu... - ela começa mas a interrompo:

- Espere, eu ainda não estou calmo - falo sério.

- Certo - ela abaixa a cabeça encarando as mãos e depois de um tempo começa a descascar o esmalte assim como na primeira vez que viemos.

E, ainda assim, continua sendo fascinante.

Mas não me deixa mais calmo, me deixa mais agoniado. Desvio o olhar dela e examino as outras mesas, há um casal da nossa idade sentado junto eles riem e dividem uma fatia de torta. Há também um homem e provavelmente sua filha que deve ter uns quatro anos e um senhor que está guardando o lugar para uma senhora que sempre se encontra com ele.

Quando sei que não vou mais respondê-la com uma cara de nojo, respiro fundo, uma última vez, e pergunto:

- Por que está sempre descascando seu esmalte?

Nesse ponto ela não faz mais isso, ela brinca com o garfo que veio junto com a torta e o café que pedimos e chegaram há pouco tempo.

- Não sei - diz. - Eu apenas faço quando fico nervosa.

- E porque você está nervosa?

- Eu não sei, você é estranho. Antes era estranho de um jeito bom, mas hoje só foi estranho de um jeito estranho.

Rio fraco.

- Desculpa, eu descontei a raiva de algo que aconteceu antes em você. Me desculpe por debochar do seu pedido de desculpas.

- Talvez eu tenha merecido - diz. - Eu primeiro quis ser sua amiga, depois fugi de você, depois causei toda aquela confusão com o Soo...

- Parte da culpa é minha que me interessei por você sem nem te conhecer e te deixei numa posição desconfortável. Desculpa por isso também.

Ele tenta esconder a vergonha.

- Então vamos começar de novo e esquecer tudo isso? - sugere. - Se você quiser é claro.

- Certo. Então, oi. Me chamo, Jung HoSeok, tenho vinte e um anos e sou advogado.

- Tem vinte e um? - ela pergunta besta.

- É, não parece?

- Achei que tivesse vinte e quatro.

- Aish, eu cuido tão bem da minha pele - reclamo.

- Mas você parece maduro, não parece mais novo que eu.

- Eu sou só um bebê - digo sorrindo para minhas covinhas aparecerem.

- Certo, bebê, só não me chame de Noona, porque eu não aceito você ser mais novo que eu.

- E te chamo como? Já que até hoje não me disse seu nome - pergunto direto.

- Ah... Desculpa por isso também. Eu tenho vinte e dois anos, estou desempregada e me chamo Na...

- Está desempregada? - Tommy pergunta aparecendo do nada. - E está procurando emprego?

- Sim.

- Ótimo, precisamos de alguém para me ajudar com as mesas, se estiver interessada pode começar hoje mesmo.

- Eu adoraria, mas eu não tenho experiência nenhuma - diz

- Não faz mal. Ninguém com experiência quer trabalhar aqui, além de ser pequeno eles reclamam que temos muitos estrangeiros como clientes e eles não se sentem confortáveis com eles.

- A nossa querida sociedade preconceituosa - ela diz. - Se estiver mesmo desesperado ao ponto de me contratar, eu aceito.

- Ótimo - Ele diz. - Vou avisar ao dono.

Ele nos deixa sozinhos.

- Você não trabalha na casa dos dois idiotas? - pergunto.

- Não, o DoHyung apenas não gosta de mim.

- Ah...

Ficamos em silêncio.

- Vamos comer - fala me dando um garfo e não consigo parar de pensar que devemos parecer muito com o casal da outra mesa.

Forever - JHSOnde histórias criam vida. Descubra agora