Valentina Rocha, 22 anos. Uma mulher livre e independente. Sofreu muitas perdas em sua vida e acabou ficando sozinha no mundo. Derek Müller, 34 anos. Um homem frio e guardião de um grande segredo.
Suas vidas estão ligadas uma a outra, Embora os acon...
Meus olhos ardiam como uma chama, sentia meu coração despedaçado dentro de mim, eu não queria acreditar que isso estava acontecendo comigo!
Passei toda a madrugada na recepção do hospital esperando ser chamada para ver minha mãe. Já era 6 da manhã quando acordei com uma enfermeira me chamando:
-Senhora sinto muito lhe informar mas o quadro da sua mãe ainda é o mesmo. Senti o olhar de pena daquela mulher.
Ela me levou até o quarto e ali meu mundo desabou. Minha ficha ainda não tinha caído. Me sentia culpada por tudo! Se eu tivesse a cuidado melhor isso não estaria acontecendo.
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-Senhora sei que sua dor é grande, mas este é o momento para você se despedir de sua mãe. Como sua mãe não está apta para ser doadora de órgãos por conta do alcoolismo, não podemos deixa-la ligada aos aparelhos por muito tempo. Sinto muito. Peço que venha até mim para assinar a papelada e informa-me quando estiver preparada. Disse e saiu fechando a porta, deixando-me a sós com minha mãe.
Eu fiquei ali a olhando como se o tempo tivesse parado. Me aproximei de sua cama e me deitei ali junto a ela. Ela era a única coisa boa em minha vida. Meu Porto Seguro. Era pra ela que eu ia correndo quando as coisas não iam bem. E agora o que seria de mim? Eu não tinha ninguém. Não queria acreditar no que estava acontecendo. Eu só conseguia chorar...
Passei o dia ali com ela, conversava com ela na esperança de ela estar me ouvindo, eu tinha esperança que ela ia ouvir e iria voltar para mim! Mas todos nós sabemos que isso não ia acontecer.
Estava tão atortoada que nem me dei conta que tinha passado o dia ali, não comi, não dormir, se quer escovei os dentes. Estava suja e exausta.
As 19:30hrs escuto batidas na porta, era a enfermeira. Entrou silenciosamente e me chamou.
-Senhora, está pronta? Perguntou com pena em seus olhos.
NÃO! EU NÃO ESTAVA PRONTA! QUEM É QUE ESTA PRONTA PARA PERDER UMA MÃE ?
-Não! Não estou pronta coisa nenhuma! Saia daqui! Você não vai fazer nada com ela. As lágrimas caiam sem parar, a moça me olhou confusa. Eu fui uma grossa, mas eu estava perdendo a minha mãe. Eu não estava nem perto de estar preparada para ver minha mãe morrer bem ali na minha frente. Minha mãe tinha morrido, era fato. Mas seu corpo ainda estava ali, eu podia ouvir seu coração bater.
-A senhora não tem ninguém para chamar? Algum parente? Você não precisa passar por isso sozinha. Falou me abraçando.
Eu estava tão perturbada que me esqueci completamente do mundo lá fora. Iria ligar para Samantha. Eu precisava de alguém.
-Alô? Valentina é você? Desde ontem que ligo para você e você não atende nem retorna minhas ligações. Estou preocupada. Fui na sua casa e não tinha ninguém lá. Encontrou sua mãe? Me responde. Por favor fala alguma coisa! A voz de Samantha saia como um raio em minha direção. Eu não conseguia falar nada. Ficamos ali em uma ligação de 5 minutos apenas ouvindo a respiração uma da outra quando tive coragem e falei:
-Samantha ela morreu, minha mãe morreu... Por favor vem até aqui. Preciso de você.As palavras saiam misturadas a soluços e lágrimas.
-Valentina como isso pode acontecer? Me diga onde ela esta, vou ai agora mesmo.
Não conseguia mais falar nada, desliguei o telefone sem responder nada e mandei o endereço por SMS.
Novamente a enfermeira entra no quarto para desligar os aparelhos. Agora já com os papéis em mãos assinados por mim.
-Por favor, você pode esperar só mais alguns minutos? Eu não estou pronta.. Aquele foi um dos pedidos mais sinceros que fiz em toda a minha vida.
Ela assentiu e saiu dizendo: -Eu sinto muito! Sinto mesmo. Você tem mais uma hora.
Conforme os minutos iam passando o desespero aumentava. Não podia aceitar isso. O mundo estava sendo muito injusto comigo! Por que meu Deus?
Surtei e comecei a quebrar tudo dentro daquele quarto, quebrei alguns quadros ali enpendurados, as várias revistas rasguei todas, comecei a mexer no corpo de minha mãe pedindo para ela acordar... Não me deixe por favor mamãe! Você é tudo que tenho!
Deitei ali mesmo no chão e chorei que dormir... Acordei com seguranças tentando abrir a porta. Quando conseguiram eu estava deitada ao lado da minha mãe. Samantha tinha chegado e me olhava com pena.
-Valentina o que você fez ?
Não respondi nada, olhei para a enfermeira que me olhava espantada.
-Você pode desligar agora. Peço que desligue e saiam todos do quarto. Quero ficar sozinha com ela.Não haviam mais lagrimas em meu rosto, me sentia dormente.
Assim ela fez e todos saíram dali. Eu pude ouvir o último bip da máquina. Pude ouvir sua última respiração, sua última batida do coração. Agora era pra sempre! Ela se foi. Chorei feito criança até não conseguir mais. Sai daquele quarto e encontrei com Samantha na porta, a abracei e pedi que me tirasse dali. Tudo isso era demais pra mim! Eu não sabia que era capaz de suportar tanta dor. Eu era?!
Samantha me levou pra casa, fomos de carro. Eu encostei minha cabeça em suas pernas e ela passou todo o caminho tentando me consolar enquanto mexia em meus cabelos. Acabei adormecendo dentro do carro mesmo.
Acordei com Samantha me avisando que tínhamos chegado. Entrando em sua casa fui direto para a sua estante de bebidas. Peguei um Bourbon que Samantha tinha comprado a uns anos nos EUA. Ela guardava como uma lembrança boa do que viveu nos Estados Unidos, mas eu hoje precisava de alguma coisa bem forte. Só assim para aguentar! Samantha quando viu não falou nada, mas não deixei de notar sua cara de preocupação e decepção ao mesmo tempo. Eu não estava nem ai, a dor que eu estava sentindo ninguém podia tirar de mim. Mas isso podia amenizar-la. Ou não.
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A cada gole que descia em minha garganta era como se o mundo tivesse parando aos poucos. Eu já não sentia mais nada, só conseguia imaginar momentos juntos com ela. Morreu a pouco tempo e eu ja estou morrendo de saudades. A saudade agora seria eterna! Samantha tomou a garrafa da minha mão.
-Por favor amiga, vamos dormir, eu sei que ta doendo, sei que você está sofrendo mas beber desse jeito não trará sua mãe de volta. Amanhã acordarmos cedo, temos que providenciar tudo para o velório e enterro de sua mãe.
Puta merda! Nem se quer lembrei disso. Merda de vida! Droga!
Samantha me banhou, trocou minha roupa e me pôs pra dormir. Agradeci por sua vida. Ela era uma ótima amiga, a única pessoa que me restou agora.
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Estava quase dormindo quando senti meu celular vibrar. Um SMS.
-Desculpe te incomodar a essa hora, sei que está passando por um momento difícil, eu só quero deixar meus pêsames. Eu sinto muito. Derek.
Meus olhos pesaram e eu não me lembro de mais nada. Cai em um sono profundo...