Capítulo 10

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Elizabeth sabia que o seu fim de semana ao lado de Gabriel iria lhe custar muitas coisas. Ela tinha pleno conhecimento que ele sabia do que havia acontecido entre ela e seu rival durante o fim de semana em Los Angeles, quase como um ser onipresente e onipotente; e, por mais que a loira estivesse feliz por ter se reconectado tão profunda e apaixonadamente com Gabriel, seu grande amor, temia a reação de seu marido. Afinal Wiliam nunca fora conhecido pela sua prudência, compreensão ou misericórdia.
E era exatamente por isso que a ex-Miss Califórnia estava com uma dor de cabeça que parecia perfurar seu crânio.
Elizabeth apertou mais o seu blazer azul marinho em torno do seu corpo, tentando se proteger de uma inexistente rajada de ar gélido, que parecia perfurar sua pele, atravessar seus ossos, contudo, tanto a dor de cabeça crescente e o frio inexplicável que sentia, infelizmente não significavam um mal estar ou até mesmo um resfriado. Não. Estes sintomas eram de ansiedade. Ansiedade de ter que enfrentar William que não seria nenhum pouco misericordioso diante dos acontecimentos do fim de semana.
De repente toda a paixão, todo o amor que compartilhara com Gabriel não era forte o suficiente para enfrentar a ira de William.
Elizabeth contraiu-se com o pensamento, fechando seus olhos e fazendo uma oração silenciosa.
- Chegamos Senhora Levy. – disse o motorista rompendo o silêncio tranquilizador do automóvel.
- Obrigada Mark. – agradeceu suavemente. Tomando uma respiração profunda, que poderia ser compreendida como um fôlego para uma enorme batalha. Ela ainda tinha um ligeiro fio de esperança, torcendo intimamente que Wiliam já tivesse ido para o Senado, contudo conhecendo como conhecia dificilmente ele iria sem enfrenta-la, para o seu simples bel prazer.

Agarrando-se a sua maxi bolsa branca como se fosse um salva-vidas, enquanto cada passo que seus sapatos vermelhos ressoavam como uma marcha fúnebre; ao adentrar a sua casa o silêncio imperava, Elizabeth até mesmo se deu ao luxo de suspirar de alivio, todavia antes mesmo de se convencer com o alívio o aroma do cigarro de William preencheu a sala. Ela sabia que não poderia evitar o seu marido. Mesmo se quisesse.
- Olá Wiliam, achei que você já estivesse no Gabinete. – tentou dizer o mais tranquilamente que podia.
- Estou esperando Joe trazer meu carro da oficina. – respondeu sem emoção. Um silêncio carregado recaiu sobre os cônjuges.
- Por que não usou o Aston Martin? – perguntou fazendo referência ao carro que Wiliam tinha apenas por luxo.
O político riu consigo mesmo.
- Porque irá chover esta noite. – pontuou como se o tempo fosse uma causa válida para não tirar o automóvel, que ficou famoso por ser usado pelo agente 007 de sua garagem.
- Ok. – concordou reticente. Virando-se para subir a escada que levaria ao seu quarto.
- Como foi em LA? Seus pais estão bem? A sua estadia foi prazerosa? – Wiliam questionou cheio de sarcasmo a sua esposa. Elizabeth sabia: ele não deixaria a sua traição passar em branco.
- Boa. – respondeu vagamente. – E o baile dos democratas, como foi? – perguntou como um meio de se proteger do ataque do marido.
- Interessante. – pontuou com um sorriso. – Teve algum encontro interessante em LA? – inquiriu dando uma última tragada em seu cigarro.
- Nenhum que valha mencionar. – disse Elizabeth com falso descaso.
- Hum... – murmurou pensativo deslizando o seu indicador por sua sobrancelha. – Nem mesmo este? – questionou levantando uma fotografia em que ela estava aos beijos com Gabriel.
- Hum... er... – hesitou a loira. – E você desfilando com a sua puta diante de toda a sociedade no sábado? – retorquiu acusatoriamente.
- Puta?! Que puta?! – desdenhou. – Eu estava com a minha assessora de imprensa que gentilmente aceitou me acompanhar, uma vez que a minha esposa estava abrindo as pernas para qualquer um.
Elizabeth riu indignada.

- Como se você não fodesse a sua "assessora de imprensa" – ela fez aspas no ar ao dizer o cargo de Maite. – e qualquer outra que lhe abra as pernas. Não seja hipócrita William! – exclamou exasperada.
Fora a vez de William rir em completo desdenho.
- Prove Elizabeth. Prove que eu te traio, como estas provas de você fodendo Gabriel que então eu aceito essa hipocrisia que você está me acusando. – disse com arrogância, levantando-se de sua cadeira e abotoando um dos botões de seu blazer negro.
- Quer saber Wiliam?! Dei sim para Gabriel e posso te garantir foi muito prazeroso, muito mais prazeroso que qualquer ato sexual que já compartilhei com você, que só se preocupa com o seu próprio prazer! – exclamou irritada. Suas mãos tremiam e seus olhos estavam banhados de lágrimas. – Você sequer me beija William! Eu nem sei quando foi à última vez que você me beijou! Você trata a mãe dos seus filhos como uma de suas prostitutas. Você nunca me amou, me respeitou, você apenas aceitou o nosso casamento quando o seu avô e minha mãe propuseram apenas para desafiar Gabriel, para mostrar que você conseguia tudo e ele não!
- Cala a boca sua vagabunda! – fora a vez de Wiliam exclamar enfurecido com as palavras de sua esposa. Wiliam nunca fora muito receptivo a acusações, ainda mais quando elas eram verdadeiras. O político se revoltara tanto com as palavras de sua esposa que diminuiu a distância entre eles com sua mão levantada, pronta para desferir um golpe na loira.
Elizabeth riu revoltada.
- Me bate Wiliam. Quer dizer me espanque! Tenho certeza que mídia ficaria extasiada com a minha história!
- Eu vou deixar você sem nada Elizabeth, quero ver se o santo Gabriel conseguira manter seu luxo. – desdenhou afastando-se de sua esposa. – Aguarde uma ligação do meu advogado.
- Eu nunca me importei com o seu dinheiro! – esbravejou.
- Ah... eu quero que você saia da minha casa ainda hoje.
- Sua casa? – gritou. – Essa casa é nossa William!
- Não querida, essa casa é minha, e só minha, e eu quero você fora dela ainda hoje. – declamou com insolência.

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