Bom dia, novidade

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Acordei com o barulho de você vomitando. Delícia de manhã! Peguei um remédio para ressaca e preparei para você. Esperei você sair do banheiro e, te entreguei. 

_ Obrigada  _ bebeu.

Estava branca como uma folha de sufite. Nunca te vi passar mal assim. Desci o olhar para o seu ventre e quadris e, gargalhei. Entendi tudo. Peguei o copo vazio e deixei de lado. O seu olhar estava sobre o meu rosto. Te abracei,  ainda sorrindo. 

_ Eu divirto você? _ soou irritação.

_ Estou feliz.

_ Sério mesmo? _ o mesmo tom _ Compartilha, estou precisando. 

_ Você está grávida _ sorri.

O seu olhar foi para a própria barriga, cética _ Eu não parei de tomar o contracetivo. 

_ Ainda assim, engordou de uma forma diferente da habitual e, eu nunca te vi ficar tão mal por causa de bebidas. 

De repente, o seu olhar demonstrava dúvida sobre o meu _ Está pronto para ser pai?

_ Estou, e você? 

Sorriu e me beijou.

Fizemos um teste de farmácia que, deu positivo, duas vezes.

_ Estamos grávidos _ você declarou me abraçando. 

Eu tinha que saber _ Você ainda me ama? _ hesitei na pergunta.

_ Daniel, eu fiquei muito sozinha enquanto você passava pelo luto. Desculpa, mas eu fiquei com outra pessoa _ foi tão fria, pareceu que falava de uma doença qualquer, como médica.

Algo quebrou dentro de mim _ Como vou saber se o seu filho é meu?

Levei um tapa bem dado. Saí de casa, em seguida. Precisava pensar. Precisava respirar. Algo me impedia. O nó na garganta. Só chorar alivia isso. Fui para o Anhangabaú e encostei nos abalaustre do acesso ao metrô, olhava para baixo. Estava com raiva, bravo, machucado.

Lembrei do que me veio a mente quando o Morris nos pediu netos. A sua morte, como a morte da Bella. A morte do bebê que pode ser meu. Isso não vai acontecer. Eu não mudo de personalidade, não mais. O Julho está errado. Eu não sou perigoso. Vamos resolver isso. 

O que estou fazendo na rua? Você precisa de mim em casa.

Voltei para casa. 

Você chorava de frente para a pia.

_ Desculpa, Madu _ te abracei por trás e pousei o meu queixo no seu ombro _ Está tudo bem. Vamos ficar bem, meu amor. Mesmo que você não me ame mais.

_ Eu não te amo mais _ declarou mais tranquila depois de me ouvir.

Ouvir isso doeu também.

_ Você quer se separar de mim?

_ Eu quero a separação de corpos até o nascimento do bebê. Depois nós resolvemos o que fazer.

_ Não vou ficar tranquilo com você longe de mim e, grávida. Quem vai cuidar de você?

_ Posso contratar uma enfermeira e, com certeza eu terei empregada. Você não tem com o que se preocupar.

_ Podemos trocar mensagens?

_ Claro que sim. Não somos inimigos.

Ajudei você com a mudança para um apartamento mais perto do hospital, onde você trabalha.

Foi a última vez que eu te vi em semanas. Você não quer me ver.

_ Talvez ela sinta repulsa de você por causa da gravidez. Acontece, sabia? _ o Julho comentou.

Se for assim, talvez você estivesse grávida antes de me trair. Seria mais fácil, para mim, aceitar que fui traído e abandonado. Talvez você esteja com ele agora. O segundo possível pai do seu filho.

Sujo e LindoOnde histórias criam vida. Descubra agora