Nossa Cama

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O outro dia amanheceu tenso. O mau humor era evidente. Lorenzo tentava a todo modo deixá-la feliz, distribuindo lambidinhas nas pernas dela.

A verdade era que estava nervosa. Tudo o que passara nos últimos dias parecia um pesadelo de muito mal gosto. Mas jamais poderia ser um pesadelo, visto que nem ela poderia ter imaginação para criar tanta coisa confusa e aterrorizante.

Sem saída, sentou-se na cama e pegou o celular de cima da mesinha de cabeceira. Ela massageou um pouco as têmporas e afastou os cabelos que insistiam em cair sobre os olhos.Havia uma mensagem:

Bom dia, gatinha

O número ainda não estava gravado. Mas nem precisa de nome para saber que era Max. E nem precisava perguntar quem tinha dado a ele o seu número pessoal para saber que tinha sido Leandro.

Ela suspirou e tentou se esquecer da mensagem enviada a dez minutos. Olhou a agenda. Olhou todas as redes sociais e por fim, respondeu alguns e-mails e mensagens no Whatsapp.

Quando respondia um e-mail, o celular começou a vibrar na sua mão. Ela apertou os olhos e atendeu o número desconhecido.

- Alô?

Ela esperou na linha. Um pigarro veio antes da resposta.

- Helena. – A voz de Max soou profunda e distribuiu um calafrio na espinha dela. Ele soava seu nome como uma música com sotaque americanizado.

Não sabia muito bem o que dizer. Então respirou. Seu coração começou a bater um pouco mais rápido. Pensou que talvez estivesse soando esbaforida e nervosa. Não iria dar esse gostinho a ele. Então respondeu.

- Max.

Ele pareceu digerir a voz dela. Conseguia ouvir a respiração dele. E se fechasse os olhos, conseguiria sentir a lembrança do hálito dele. Ela balançou um pouco a cabeça para afugentar os pensamentos.

- Gosto de ouvir você falando meu nome.

É, ela também gostava de ouvir ele falando o nome dela. Meu deus. O que estava acontecendo entre eles? Era melhor mudar de assunto.

- O que quer comigo, Max? - Devia ter exalado sua grosseria revestida de raiva.

Raiva dela, raiva dele, raiva de tudo o que estava passando. Mas sabia, a raiz de todo aquele sentimento era aquela chama no peito dela, que ardia quando estava perto dele.

Ela escutou uma risada do outro lado da linha. Imaginou a covinha aparecendo com o sorriso.

- Gosto do seu sarcasmo também – Ele pigarreou mais uma vez depois do comentário. – Mas te liguei, porque... porque temos que nos conhecer, Helena. Porra, iremos morar juntos por um tempo. Então temos que, pelo menos, nos acostumar um com o outro.

Helena respirou fundo. Max estava com toda razão. E como ela, parecia estar nervoso com toda aquela situação. Precisavam pelo menos se acostumar. Intimidade, pareciam até ter devido aquela noite.... Ela mordeu os lábios.

- Verdade, sim. Você tem razão.

- Então, o que está fazendo agora?

- Nada demais, na verdade.

Ela se pegou olhando para camisola que vestia e Lolô deitado aos seus pés. Ela passava o pé direito em cima da barriga dele. O bichano se esticou ainda mais para receber seu carinho.

- Tudo bem, pode dizer - Max era insistente.

- Estou na cama, acabei de acordar.

Um riso erótico foi escutado por ela. Notadamente não tinha dito a coisa certa.

Pedaços do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora