Capítulo 1 - Teste de Química

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Burcu

Era uma manhã de quarta-feira, eu estava começando a considerar o dia oficial do contrário. Além do meu mal humor, eu estava atrasada e todos a minha volta agiam de forma estranha. Meu cunhado faleceu a poucos dias e a imagem da minha irmã chorando sobre o túmulo do esposo veio à tona mais uma vez na minha mente. Hoje ela foi a primeira pessoa com quem falei, sua voz estava controlada e ela agiu como se estivesse tudo normal, mandei mensagem pedindo pra minha mãe verificá-la e ela respondeu com um simples "Hoje não posso". O que estava acontecendo? Resolvi ligar para entender melhor, mas não tive tempo porque o telefone tocou assim que selecionei seu nome. Uma ligação da minha agente avisando que o horário do teste foi antecipado. Eu tinha organizado todo meu dia baseado que isso só aconteceria a tarde e agora faltava menos de uma hora, então começou minha corrida contra o tempo, esse dia estava uma bagunça.

- É, o atraso será inevitável... resmunguei enquanto saía do carro correndo pelo estacionamento até a entrada do Kanal D. O Usain Bolt ficaria orgulhoso de mim... No corredor, esbarrei em uma mulher ruiva no meio do caminho. Pedi desculpas mas não olhei em seu rosto. Ainda ofegante pela curta corrida estiquei a mão para abrir a porta da sala, mas ela abriu antes que eu tentasse.

- Oi, prazer em conhecê-lo! Eu sou a Burcu. – Falei ofegante apertando a mão do cara de quase 2 metros na minha frente.

- E eu sou o Çağlar, é... Uau!

- O que? - Ele me olhava parecendo surpreso, como não respondeu, voltei a perguntar.

- O que você disse?

- É... Uau! Quero dizer... você está atrasada no primeiro dia, espero que isso não se torne rotina!

Puxei minha mão do seu aperto e ele se assustou.

- Tive meus motivos, mas não se preocupe, eu costumo ser pontual! – Falei entrando na sala.

- Ótimo! – ele respondeu se afastando. Eu o encarei e segui para cumprimentar o resto da equipe na sala. Mas o senti como uma sombra, vindo atrás de mim e se sentando numa das cadeiras que havia na mesa.

Quem é esse cara? Eu achei que nós teríamos uma boa amizade pelo que o diretor comentou sobre ele. Pelo visto me enganei. Terminei os cumprimentos e sentei na única cadeira ainda vazia. Infelizmente era ao lado dele.

Serdar, nosso diretor nos pediu pra passar o texto que havia enviado no início da semana. Era a cena da primeira vez que Kerem e Ayşe se encontravam. Depois iríamos passar outras cenas. Eu me senti um pouco nervosa e desconfortável.

- Ei, você está bem? - Çağlar falou apenas para que eu ouvisse.

- Estou bem, só um pouco nervosa.

- Não se preocupe, também estou um pouco nervoso, mas vamos nos sair bem! Serdar me enviou alguns dos seus trabalhos e você estava incrível! Se estiver desconfortável com qualquer coisa é só falar, estamos aqui pra ser parceiros. – E um leve sorriso saiu do seu rosto na última palavra "parceiros". Quem é esse cara? Ele parecia preocupado e tentou me tranquilizar. E, pra minha surpresa, conseguiu! Eu respirei fundo e sorri de volta.

- Ok, Çağlar! Seremos parceiros! - Ele me deu um sorriso doce, e dessa vez de uma orelha a outra. E voltamos a nos concentrar no que o diretor falava.

Serdar ficou feliz com nosso teste de química. Elogiou nossa intensidade e as cenas de improviso. Conhecido por ser um diretor criativo, ele realmente me deixou feliz em saber que tinha ficado impressionado. Eu ainda estava tentando entender o Çağlar, mas talvez a gente se dê bem.

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