-Foi o mesmo sonho, Brooke?- o doutor Fontes me pergunta pela segunda vez desde que nossa consulta começou.
Mas só consigo me concentrar no tic tac do relógio na parede do consultório e em como minhas pernas tremiam de nervosismo fazendo meu corpo inteiro saltitar.
-Senhorita?- o doutor tenta mais uma vez me tirar do meu transe e dessa vez decido ouvi-lo.
-Sim..- respiro fundo numa tentativa de me acalmar.
- Foi o mesmo sonho..
-Pode descrevê-lo?- o doutor pergunta e já saca seu caderninho para fazer suas anotações sobre mim.
-De novo? Eu já fiz isso na consulta anterior..- tento evitar ao máximo falar sobre esse pesadelo de novo.
-Brooke...- o doutor suspira de impaciência e já sei que não tem como escapar dessa.
-Tá bom..- respiro fundo umas três vezes antes de continuar.
-Era uma noite normal.. eu tinha acabado de sair da faculdade de psicologia e estava a caminho de casa, já que eu moro bem perto da faculdade decido ir a pé..- merda já estava me tremendo de novo.
-Leve o tempo que precisar, senhorita.- o doutor diz enquanto anotava rapidamente em seu pequeno caderno.
-Eu... Ele... Ele me agarra por trás.. tudo fica escuro..- eu não vou conseguir continuar.
30 minutos depois...
-E aí linda! Como foi a consulta?- o Luke pergunta enquanto abre a porta do banco de passageiro para mim.
-Foi normal..- entro no carro e tento evitar contato visual, mas ele não deixa escapar nada!
-Desembucha, peste!- quem ele pensa que é?
-Não me chama de peste!- respondo igual a uma criança mimada.
-Tá bom.. peste.- como não amar este ser humano, não é mesmo?
-Você é impossível!- respondo segurando uma risada.
-Não vai mesmo me contar como foi? Vai fazer isso com seu melhor amigo?- ele diz e faz uma cara triste bem forçada.
Mas que não consigo resistir porque até assim ele fica fofo.
-Eu só contei aquele sonho que eu estou tendo ultimamente..- respondo e começo a roer as unhas, uma mania chata que não consigo me livrar.
-Ah..- é isso que ele responde! Isso nem é uma resposta!
-O que quer dizer com "Ah"?- pergunto.
-É aquela história de novo né?- ele pergunta e revira os olhos.
Já sei do que ele está falando.. mas mesmo assim do jeito que eu sou, resolvo me fazer de idiota.
-Que história?- pergunto com a voz mais cínica do mundo e começo a encarar o lindo pôr do sol que dá pra ver pela janela do carro.
-Aquela de que você acha que esse sonho é uma premunição.- ele diz num tom de zoação, o que me deixa muito irritada e triste ao mesmo tempo.
-Porque você não consegue acreditar em mim?- pergunto bem chateada.
-Porque isso não existe, Brooke! Isso é o tipo de coisa que meu irmão de 12 anos falaria!- ignoro esse comentário, não estou com cabeça pra continuar essa discussão.
Então deixo ele falando sozinho enquanto continua dirigindo a caminho da minha casa e me deixo adormecer observando o sol indo embora na imensidão rosa do céu.
Eu espero que o Luke esteja certo. Espero que esse sonho seja apenas um sonho...
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A Premunição
RomanceBrooke é filha de um dos criminosos mais conhecidos da Rússia. Com esse status, já é possível imaginar que sua vida não seja fácil. Mas tem como piorar... Brooke tem sofrido com um sonho que anda tendo frequentemente, onde ela era sequestrada. Ela c...