Consigo ver minha casa da janela do veículo. Ross estaciona o carro debaixo de um pinheiro e sai, eu faço o mesmo. Corro para casa sem esperar que o garoto me acompanhe. Este começa a andar mais rápido, mas acaba pisando em uma poça de lama.

— Ah que beleza... — ele murmura, irônico.

— Vai se acostumando. — grito para ele.

Ross fica para trás limpando o seu tênis, que imagino que deva ser caro.

Passo o resto do dia atualizando os meus seguidores e pintando. O tempo passa rápido e percebo que já são seis horas da noite.

— Eita! — exclamo e corro para me arrumar.

Coloco as minhas botas e corro à procura de Ross. Entro no quarto de Tristan e percebo que ele não está ali.

— Tristan, você viu o Ross? — pergunto.

— A última vez que o vi foi no celeiro. — responde — Por quê?

— Droga, o que ele tá fazendo lá!? — corro até o celeiro e vejo ele.

A pequena luz consegue iluminar Ross, ele está suado e com as roupas sujas. Ótimo.

— Ross...? Você não ia na festa? — me aproximo.

— Eu ia. Mas lembrei que eu tinha cuidar do celeiro — ele sorri suavemente — Pode ir sozinha.

— Ah..., então tá. Tchau. — sem olhar para ele, saio de lá.

  Na porta de casa lembro que era Ross que ia me levar. Murmuro um "droga!" e me viro para abrir a porta, mas um tipo de lambreta para bem na frente da minha casa.

— Ei! Catherine!

Não, não, não. Tudo menos ele. Me viro com um sorriso forçado.

— Oi Éthan, o que você tá fazendo aqui?

— Vim te buscar, oras. — ele dá um sorriso.

— Que... ótimo — reviro os olhos — E percebo que trouxe a Hanna. — aponto para a lambreta.

— Claro que sim, vamos hã... — Éthan olha para a minha fantasia — Você está vestida de que?

— De Anne. Anne de Green Gables. — acrescento antes que ele pergunte outra coisa.

— Ah, tudo bem. Vamos?

Ele sobe na lambreta e eu faço o mesmo. Não conversamos no caminho, grande parte da culpa foi minha por ter respondido secamente todas as suas perguntas, mas o bom foi que ele desistiu.

Chego bem na hora em que marquei. Minhas amigas chegam bem na hora em que desço do automóvel. Éthan me olha, mas eu não retribuo o sorriso dessa vez.

— Obrigada pela carona Éthan — ele fica confuso — Tchau...

Louise fica o admirando, enquanto Marrie dá um risinho irônico.

— Cuidado que a baba cai. — Maggie avisa a ruiva, que fecha a boca imediatamente.

— Vamos entrar logo. — Marrie fala, com um pressentimento de que Éthan nos siga. 

 Éthan me lança um último olhar antes de entrarmos. Hesito por um segundo. Não. Eu não vou cair de novo, não depois de...

— Terra pra Catherine. Ooooi? — Marrie estala os dedos, me tirando do transe.

— Hããã... eu tô bem. — desvio o olhar e as sigo. 

 O jardim da escola está cheio de luzes coloridas e mesas. Além de ter uma pequena elevação no chão que penso ser o palco. O lugar está se enchendo aos poucos, alunos com fantasias esquisitas, outros vestidos normalmente; depois de alguns minutos, o lugar está lotado de alunos, professores e funcionários. 

 As horas se passam sem eu perceber. Louise me dá um copo de suco quando nos cansamos de ficar em pé. Bebo de uma vez fazendo uma careta. 

— Ugh! — exclamo — O que tinha nisso? 

— Só maçã. Eu mesma me certifiquei disso perguntando para a pessoa que estava servindo. — explica a ruiva, confiante. 

 Músicas agitadas começam a tocar e minha visão começa a ficar turva, mas mesmo assim sou puxada para a pista de dança por Maggie. Minha cabeça gira e fico tonta, as pessoas estão conversando mais alto que o normal e minha amiga não percebe nada. Será que só eu que estou achando estranho isso tudo? Por que todos estão agindo naturalmente enquanto a Terra está girando mais rápido queo normal? 

 As vozes estão abafadas agora, como se eu estivesse com um fone de ouvido. 

— O que vocês deram pra ela? — uma voz masculina fala, longe.

— E-Eu não sei... eu juro que não fomos nós... só tinha suco... — alguém choraminga. 

— Tanto faz, eu vou levá-la para casa. Vocês querem uma carona? — alguém me levanta e me põe em pé.

— Não..., obrigada Ross... — outra voz fala. 

 Passo pelas pessoas, a pessoa que está me conduzindo me segura com mais firmeza. Me colocam no carro e adormeço. 

Love AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora