Capítulo VII

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5 de Novembro, 9:30 pm

A chuva bate com força na minha janela. Lá fora está dando um temporal, suspiro pensando que amanhã terei que limpar toda a bagunça no meio da lama.

Balanço a cabeça tirando esse pensamento dela e continuo a pintar. As cores vermelha e amarela se juntam formando um laranja diferente, mais forte. Coço a minha bochecha e tiro uma mecha de cabelo que está me atrapalhando, um arranhar na minha porta me faz levantar e ver o que está fazendo essa barulheira.

Abro a porta e vejo Rex parado na minha frente com a língua para fora.

— Cachorros — murmuro e o deixo entrar.

Ele pula na minha cama e coloca as patas em cima das tintas, fazendo minha colcha ficar cheia de patas.

— Rex, sai daí! — mando. Ele se joga no chão e começa a correr pelo quarto. — Rex...

Rex pula na janela e quase se joga para fora. Pego bem a tempo dele não cometer um suicídio. O cachorro começa a latir descontroladamente para o nada do outro lado da janela.

— Você quer sair? — pergunto, como se ele me entendesse. Em resposta, Rex late. — Tá, vamos logo.

Levo ele para fora e vejo que o caminho que leva para a garagem está todo alagado. Pego minhas botas de plástico e as coloco.

— Eu vou te levar para sua casa e você vai ficar lá, ok? — olho para o cachorro, mas ele já está correndo pelo quintal cheio de lama. — Calma aí, Rex!

Corro até ele e o puxo para a garagem. A porta está fechada e há um pequeno murmúrio lá dentro; abro e vejo Ross sob uma máquina cantando uma música que está tocando no fundo. Ele está tão concentrado que não percebe a minha chegada nem a de Rex. Melhor assim.

Tento chegar à casa do cachorro o mais sorrateiramente possível, mas o cachorro late e Ross grita um palavrão. Com a mão no peito e os olhos arregalados, ele olha para mim primeiro e depois para Rex.

— Minha boca é um túmulo. — ele dá um sorriso e volta a trabalhar.

— Ninguém aqui está fugindo de nada, Ross. Eu só vim levar Rex para a casinha dele. — explico.

— Aham. — ele me olha mais uma vez. — Eu deveria saber, quem foge de pijama?

Minhas orelhas ficam quentes. Finjo que não estou com vergonha e chamo Rex para entrar na casinha. Dou um boa noite para ele e me dirijo para a saída.

— Boa noite, Ross. — atravesso a porta.

— Calma aí - ele grita — , vem aqui.

Me viro e entro de novo na garagem. Ross está se levantando do chão e vindo até mim, com um sorriso presunçoso no rosto.

— Seu rosto, ele tá sujo. Bem aqui — ele aponta para a minha bochecha, passo minha mão tirando a mancha de tinta. — Isso, agora saiu.

— Ah... obrigada, Ross. — agradeço, envergonhada.

Ross sorri e dá uma piscadela bem quando uma música francesa começa a tocar.

— Uau, não sabia que você gostasse de música desse tipo. — comento.

— Claro que sim, senhorita. O que você pensou, que eu fosse um homem sem classe? — ele coloca a mão no peito, fingindo estar ofendido.

Dou uma risada baixa, mas Ross começa a se mexer ao ritmo da música como se estivesse dançando. Ele estende a mão para mim me convidando a se juntar a ele.

— Aceita essa dança, senhorita Sallow? — com um sorriso e um sotaque francês, ele pega a minha mão.

Me junto a ele, os passos dele são sincronizados, diferente dos meus, que são totalmente fora do ritmo.

— Sinta a música de levando é só vai. — o garoto fecha os olhos, faço o mesmo.

Sinto o ritmo da música me levando como se fosse pinceladas de tinta em uma tela. Minha mente fica inquieta e não consigo formular frases completas, então ninguém fala enquanto a música está tocando. Para a minha infelicidade, ela acaba e me deparo com um Ross vermelho e gaguejando.

— Hum... — começa ele.

— Obrigada pela dança, senhor Ross. — faço uma reverência exagerada e vou embora.

— P-Por nada... — responde.

Eu só consigo pensar claramente quando saio da garagem.

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»oi oi gente, desculpa pela sumida que eu dei esses dias ksks, mas eu vou voltar a postar toda semana como era antes :) sayonara

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