♣A Verdade♣

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Foram até um prédio de sete andares abandonado, e Taehyung levou Jungkook até o último, para ver a vista da cidade. Os dois se sentaram na borda, e admiraram as luzes.

ㅡ Sim, o que você falou sobre mim é verdade. Mas não é tudo…

O mais novo olhou o híbrido que não conseguia encará-lo.

ㅡ Eu fui criado num laboratório, e vivi lá até meus sete anos. Os cientistas eram como pais pra mim… todos os cinco. Me cuidavam como se eu fosse o filho deles, tenho lembranças muito boas sobre o tempo que passei com eles… ㅡ Taehyung sorriu triste. ㅡ Mas tudo mudou num piscar de olhos, quando meus surtos e alucinações começaram… ㅡ sente alguém esfregando suas costas. ㅡ Pararam de se importar comigo, e isso não melhorou minha situação. Cada vez ficava pior, e eu naquela idade não conseguia entender o porquê dos meus "pais" terem deixado de me "amar" ㅡ fez aspas com os dedos. ㅡ Justamente quando eu mais precisava deles… como você se sentiria se seus pais te abandonassem? ㅡ Taehyung, com um olhar magoado, perguntou a Jungkook.

ㅡ E-eu não sei… ㅡ o mais novo se encontrava tocado com a confissão do híbrido. Ficou aliviado de não ter tirado conclusões precipitadas.

ㅡ Isso me deixou com raiva na época, porque eu não tinha controle sobre o que estava acontecendo, e eles me deixaram por causa disso! Aposto que pensaram que seu "experimento", no caso eu, era falho. ㅡ quanto mais Tae desabafava, mais seu antigo rancor vinha à tona. ㅡ Eu tinha problemas de controlar minha agressividade por causa da minha metade tigre, mas estávamos trabalhando isso… então houve um dia que eu simplesmente explodi.

Jungkook mantinha sua mão acariciando as costas do irmão, em um apoio mudo.

ㅡ Eu saí da minha jaula, onde me colocaram quando comecei a apresentar problemas, de algum jeito, e os encontrei tomando café na sala de reuniões. É difícil lembrar com detalhes, porque eu estava com tanto ódio que nem conseguia pensar direito, mas vi que eles tiveram medo de mim. Então, foi muito realista, muito mesmo… ㅡ Taehyung encontrou seu olhar com o do mais novo, que percebeu a euforia e o medo que ali haviam. ㅡ Eu imaginei o coração deles parando de bater. Olhei pros olhos de cada um e eles foram morrendo, conforme eu imaginava aquilo. E eu fiz aquilo sem hesitar… eu estava tão magoado com eles por terem me deixado de lado que nem pensei no que estava fazendo. ㅡ riu, desacreditado. ㅡ Depois eu saí do laboratório sem dificuldades e morei na rua por umas duas semanas até me acharem e me levarem pro orfanato onde me vocês me adotaram… eu havia bloqueado o que tinha acontecido, por que era um choque muito grande para uma criança de sete anos suportar. Mas nos meus quinze anos, flashes começaram a aparecer e eu comecei a me lembrar de tudo. Foi então que a consciência do que eu havia feito começou a pesar sobre mim e tento lidar com isso até hoje. ㅡ bateu as mãos nas coxas e virou o rosto inexpressivo para Jungkook.

ㅡ Por que não me contou isso antes? ㅡ indagou, no fundo, um pouco magoado, já que sempre desabafou com Tae, mas ele não fazia o mesmo consigo. ㅡ Pensava que confiava em mim.

ㅡ E eu confio… só que eu tinha medo do que você iria pensar, porque, sabe... ㅡ deixou pairando no ar as palavras que não disse, mas Jungkook entendeu.

ㅡ Aposto que não imaginava que seu irmão mais velho possuía tantos segredos, não é? 

O mais novo não responde e Tae, com medo de o ter assustado, perguntou se estava tudo bem.

ㅡ Não… mas eu vou dar um jeito de pensar melhor sobre isso… acha que o que fez com aqueles caras está relacionado com o que eu fiz com o dono do bar? Porque eu imaginei a ferida se curando e isso aconteceu… ㅡ Jungkook questiona, agora sabendo de toda a verdade, podiam achar um jeito de entender aquilo tudo juntos.

O tigre riu.

ㅡ Olha, se tiver algo relacionado, vai ser muita cara de pau do destino… porque você teria o poder de curar e salvar vidas, enquanto eu teria o poder de tirar elas. 

Os dois ficaram em um silêncio desconfortável, sem saberem como agir. Aquela noite havia tido muitas surpresas e os dois, secretamente, torciam para não se tornarem estranhos depois disso. Era muito confuso a mera possibilidade de possuírem poderes e ainda por cima, que poderiam ser totais opostos.

ㅡ Precisamos ir, Jungkookie. ㅡ Taehyung se levantou, tirando o pó imaginário das calças, esperando alguma reação do irmão.

ㅡ Eu...ㅡ ouve-se um suspiro. ㅡ Eu tenho que ficar um pouco sozinho, Tae. Preciso pensar mais sobre tudo isso. ㅡ o híbrido viu que o olhar do mais novo, que estava dirigido a si, havia mudado. Agora não sabia identificar o sentimento, se era bom ou ruim.

ㅡ Isso você pode fazer em casa no seu quarto. Já é tarde da noite, temos que voltar para casa. ㅡ estendeu a mão para ajudar o outro a levantar.

ㅡ Não consigo fazer isso perto de você. Quero caminhar. ㅡ Jungkook afirmou.

ㅡ Então quer dizer que eu atrapalho seu raciocínio? ㅡ era a primeira vez que o tigre deliberadamente flertava com o irmão. ㅡ Por que será? ㅡ fez a pose do Superman, e Jungkook sorriu. ㅡ Talvez pela minha incomparável beleza e minha graciosidade felina… ㅡ nisso o mais novo já ria e revirava os olhos.

ㅡ Desculpe, deixa eu te mostrar uma coisa. ㅡ levantou, enquanto procurava uma foto na galeria do celular. ㅡ Aqui. ㅡ riu, ao ver a cara do irmão com a foto que havia tirado quando estava dormindo. Estava de boca aberta com a baba escorrendo. ㅡ De uma beleza incomparável, com certeza, tigrinho. ㅡ falou, com um tom superior, sabendo que dessa vez, a última palavra era sua. ㅡ E à propósito, o Homem de Ferro é o melhor. ㅡ deu as costas ao mais velho e desceu em direção às escadas, e logo o híbrido o seguiu.

ㅡ Você jogou sujo, bebê.

ㅡ Aprendi com o melhor. ㅡ começaram a descer um novo lance de escadas. 

Taehyung fica quieto, não tendo uma resposta inteligente para dar no momento. Quando saem do prédio, o tigre monta na moto e estende o capacete para o irmão, que nega com a cabeça.

ㅡ Já disse que quero passar um tempo sozinho.

ㅡ É muito perigoso você andar na rua de noite sozinho, viu o que pode acontecer e ainda insiste? ㅡ Taehyung disse, frustrado.

ㅡ Eu consegui curar aquele homem, estou seguro. E não vou andar por zonas perigosas, vou ficar em lugares com bastante gente para passar despercebido. ㅡ Jungkook retruca.

ㅡ Primeiro lugar, você curou um homem, mas não sabemos se pode curar a si mesmo. Segundo, é perigoso. ㅡ balançou o capacete, impaciente. ㅡ Sobe logo!

ㅡ Já disse que não vou! ㅡ pisando duro, começou a caminhar pela calçada, deixando o híbrido para trás. Logo ouve o ronco da moto, que vem até ele e segue, devagar, ao seu lado. 

ㅡ Você é muito teimoso e inconsequente! ㅡ Taehyung xinga, irritado com o mais novo.

ㅡ Eu juro que ligo pra você quando quiser que venha me buscar.

ㅡ Quem disse que eu vou ser seu motoqueiro particular e vou vir te buscar? ㅡ havia desgosto na voz do mais velho, que o encarava com a sobrancelha arqueada. Jungkook, por um milésimo de segundo, pensou que ele estava muito sexy irritado, em cima da moto. Chacoalhou a cabeça, se livrando do inusitado pensamento.

ㅡ Por causa dos nossos pais e porque você se importa comigo, já que sou seu irmãozinho. ㅡ conseguiu colocar toda a presunção do mundo numa única frase.

ㅡ Depois não precisa vir chorando pra mim se alguma merda acontecer. ㅡ Taehyung comenta e coloca o capacete com um último olhar para Jungkook, e acelera a moto, se distanciando.

O mais novo seguiu sem rumo e o híbrido foi para casa, não muito feliz. Passou pela porta e foi para o quarto, e empalideceu ao ver a cena de seus piores pesadelos. Ela estava de volta.

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