Capítulo 5

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Sou acordada por Diana, que insiste que eu tome as mesmas medicações de mais cedo, mesmo que eu afirme que já não sinto mais incômodos. 

—A Sra Martha ligou para o Sr Andrew mais cedo —Ela diz, mas eu não me manifesto. De todas as coisas que eu gostaria de saber neste momento, Andrew e qualquer coisa relacionada a ele são, de longe, as menos  importantes. 

—Não tenho interesse neste assunto, Diana —Digo, e ela franze os lábios, movendo a cabeça em um sinal positivo — Você consegue imaginar quão confusas estão as coisas para mim agora? —Falo, sentindo  o vazio, que existe em mim desde o primeiro segundo em que acordei nesta realidade, se expandir.

—Não, Laura, não consigo. 

—Obrigada pela sinceridade —Falo, estampando um sorriso falso em meu rosto. Ela, com o seu olhar curioso e empático, Christopher ou ninguém daqui jamais conseguiria nem ao menos imaginar tudo que se passa em minha mente. 

—Talvez se você procurasse pistas, algo dentro do seu leque de dúvidas pudesse ser esclarecido. 

—A questão é que eu não sei nem por onde começar, Diana. Olhe este quarto! Eu sei que provavelmente escondo vestígios de tudo que eu já vivi bem aqui, mas não sei nem o que procurar.  Olhe aquelas fotos —Aponto para a penteadeira com diversas fotografias e recortes fixados no espelho tão caprichosamente — Eu me vejo nelas e não me reconheço. Não sei o dia em que foram tiradas, não lembro quem são essas pessoas, não lembro como eu me sentia nestes momentos — Sinto que meus olhos estão marejados ao terminar de falar. 

—As coisas vão melhorar, Laura —Ela se compadece e me envolve em um abraço, que apesar de ainda me causar um leve estranhamento, parece ser tudo que eu precisava no momento. 

—Espero que isso seja logo! 

—Podemos fazer algo diferente hoje, se você quiser. Diga-me, tem interesse em assistir a algum filme, ou qualquer outra coisa?  

—Eu não sei...

—Eu posso escolher! Conheço um e acho que você vai adorar tanto quanto eu! —Ela diz, enquanto me puxa, delicadamente, para fora do quarto, em direção ao imenso corredor branco que desemboca na escadaria da casa. 

Diana escolhe um filme de natal através do processador de streaming, enquanto eu me ajeito no grande e aveludado sofá da sala de TV. Ela diz que esse tipo de filme é o melhor quando se quer fugir de alguma situação da vida real, e parece muito empolgada, sem parar de falar por um segundo, o que, curiosamente, me deixa um pouco menos deslocada e sozinha nesta casa.  


Ao final do incrível filme que conseguiu, ainda que brevemente, me tirar da realidade, olho em direção à Diana, que adormeceu no sofá da sala. O cabelo ruivo está desarrumado e cobrindo levemente a pele quase nada enrugada. Ela parece estar tão confortável ali, que prefiro deixar que descanse.  Levanto-me e vou para a cozinha, a fim de beber um pouco de água ou comer alguma coisa, e me deparo com alguns empregados, que se assustam ao me ver e se endireitam, disfarçando a visível pausa que deram em seus trabalhos diários.    

—Não precisam se incomodar! Vim apenas comer algo —Digo.

—Posso preparar algo para a senhorita —Diz uma senhora de cabelos grisalhos. 

—Seria bom, obrigada! —Dou um sorriso rápido e me sento à bancada central.   

Vejo que, com exceção da simpática senhora, o restante do grupo fica parado me olhando. Alguns disfarçadamente, outros não, e estando envergonhada, sinto que consigo ler exatamente o que se passa na mente de cada um deles: pena. Estão com pena de mim e receosos por não me reconhecerem mais.  

Doce PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora