Poeira de gente

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(Início escrito por Lucas Raupp)

O vô já foi há tempos, mas a vó continua lá, cheia de lembranças, dando prenúncios da morte volta e meia, quando solta uma frase das mais deprimidas. É fraco e doído o corpo da vó. E seu velho sorriso dá o amor que me sustenta para ver ela indo. Mas, e depois, o que vai ser de mim sem o sorriso da vó?


(Continuação escrita por Maria Williane, @ mariawilli_)

A vó ainda guarda os sapatos do vô, sapatos de festa, com cheiro de armário e memória de baile. Faz tempo que o vô não dança com ela, o último bolero foi triste, lento e fúnebre, o corpo dele frio e inerte, a vó num choro murcho. Não sei quanto tempo demora pra vó esfriar também, não sei. O riso dela ainda me enche, nutre uma alegria bonita logo de manhã, mas o corpo anda fraco. Falta dança, falta o vô. Eu não sei como é o dia sem o riso da vó,  não sei como ela sorri sem o bolero do vô, fica só essa poeira do tempo quando penso nisso tudo.


(Finalização escrita por Jella R., @ eijella)

               Poeira do tempo

A memória dele, viva

A dança deles, última

A risada dela, vida

A ausência deles, fúnebre

A continuidade dela, pouca

Poeira de genteWhere stories live. Discover now