Capítulo II

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Eu lia e relia as regras da faculdade que estava prestes a me inscrever dois dias antes do último dia disponível para inscrição, quando ouvi meu celular vibrar com uma mensagem:

Alex [11:37 a.m.]: Fez a inscrição? Só tem mais dois dias para a confirmação!

Sorri com sua preocupação e respondi que estava fazendo isso naquele exato momento.

Alex [11:39 a.m.]: TELEPATIA!

Ri e voltei a ler e reler as regras até compreender toda e qualquer palavra escrita lá.

Fiz a minha inscrição em poucos minutos, o que me fez ficar lá por mais vinte e três minutos foram as revisões que fiz nos dados para não haver nem mesmo um erro.

— É, isso aí! — falei contente e fechei o Notebook na minha escrivaninha, encarando as fotos que estavam na parede azul turquesa atrás.

Fotos minhas exclusivas em datas especiais, escritas na parte branca da foto Polaroid em caneta preta. Fotos minhas e de Brian bem pequenos, tomando banhos juntos com os cabelos cheios de espuma e fazíamos caretas. Eu tinha quatro anos e, Brian, dois. Fotos minhas e de Emma, eu e minha família, eu e Alex... E então, minha mãe bateu em minha porta — só reconheci porque eram sete batidas ritmadas e suaves com o dedo do meio, que fazia a aliança bater na madeira também.

— Entre, mãe. — virei a cadeira e a encarei. Ela estava de roupão rosa e com o cabelo comprido castanho solto e parecia ter acabado de acordar. — Bom dia, Aurora.

— Aurora?

— É, a Bela Adormecida.

— Ah! É, verdade. — ri enquanto a via coçar os olhos e bocejar. — Vamos jantar com seus avós hoje.

Sorri alegre.

— Com os avós Louis e Victoria na companhia de vovô Dave e vovó Dolores! — ela sorriu falsamente.

Meu sorriso se desfez inteiro.

— Eles não podem se juntar, é contra as leis da natureza! — falei num sussurro-grito, fazendo gestos com os braços.

— Eu sei, mas não temos escolha! — ela retrucou num sussurro-grito como eu.

— Eu odeio quando isso acontece, a gente nem pode aproveitar com a Dolores lá.

— Eu sei. — fez careta e eu sorri.

— O que ela odeia? — disse meu pai entrando no quarto de terno, procurando alguma coisa.

— Comer sushi na hora do jantar. — falei e entreguei o que ele estava precisando: Uma cartela de ibuprofeno. Ele agradeceu com uma piscadela.

— O que acham de comer frango ao molho de laranja? — meu pai perguntou arrumando sua gravata.

— Por mim, tudo bem. — minha mãe passou a ajudá-lo com o nó da gravata roxeada.

— Aceito! — falei animada e peguei meu caderno de anotações, junto com uma caneta preta. Levantei-me da cadeira, dei um beijo na bochecha da minha mãe e outro na do meu pai e saí do meu quarto, indo para a sala fazer as listas de coisas que preciso fazer até o fim do ano para poder ir para Londres com tranquilidade.

A campainha tocou e Brian atendeu, já que estava mais perto do que eu.

— E aí, irmão da Lolla! — eles fizeram um Hi-5 e eu reconheci a voz de Emma.

— Olá, Emma. — falei calma ao terminar de escrever mais um item da minha lista.

— E aí, futura cineasta britânica? — ri por ela dizer a mesma coisa que a minha mãe e ela se sentou ao meu lado no sofá. — Você tá fazendo listas, né?

Por Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora