Capítulo 1

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"Ali estava eu, sentada de frente para o meu amor, que depois de todos esses anos ainda me deixava boba com os pequenos detalhes. Tudo nele me encantava, mas o que mais me chamava a atenção eram seus olhos azuis topázio que brilhavam mais forte a cada vez que encontravam os meus. Eu me perdia ali toda vez que o olhava, e naquele momento estava dessa forma novamente.

-Pensando em que, darling? -Ele pergunta, me tirando dos devaneios sobre o quão bonito meu marido era.

-Em nada, só te olhando. -Respondo, o que o faz sorrir e fechar levemente seus olhos, daquela forma que me fazia sempre sorrir junto e me dava vontade de apertá-lo.

-Sabe, as vezes eu acho que nós estávamos destinados a ficar juntos, darling. Não tem como ser só muita sorte, passamos por tantas coisas, tantas vezes nos separamos e mesmo assim não desistimos de nós. Deve ter alguém nos guiando, somos lerdos demais para levar isso sozinhos. -Fala, acariciando levemente meu rosto com sua mão esquerda enquanto jantávamos.

-É meu loiro, deve ter sim..."

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-Senhorita... Senhorita? Peço desculpas, mas vim avisá-la de que o avião já pousou. -Fala uma gentil moça sorrindo, enquanto que eu estava apenas brava por ela ter interrompido meu sonho. Estava na melhor parte, eu estava finalmente vendo como era o meu príncipe dos sonhos e ela me atrapalha.

Vou aos poucos acordando até que percebo o motivo dela ter me chamado. O avião estava praticamente vazio, só estávamos eu e algumas aeromoças, sem contar o outro senhor que também estava sendo acordado. Levo um susto com a minha capacidade de ter dormido e não acordado nem no pouso, então apenas peço desculpas para ela e arrumo minhas coisas o mais rápido possível, saindo da aeronave e indo direto para a sala de desembarque, vermelha de vergonha e rezando para que ninguém note, o que para minha sorte não aconteceu.

-Parabéns Manu, seu primeiro dia longe de casa e já quase fica presa no avião dormindo. O que vai ser desses meses em Londres? -Falo para mim mesma, baixinho para que ninguém mais ouvisse.

Londres. Eu nem tinha me dado conta ainda de que estava em Londres mesmo, o sono devia ter me tirado dos eixos ao ponto de nem surtar ao pisar na terra da rainha e do meu tão amado McFly. Assim que entro no saguão algumas placas em inglês (e só inglês, confesso que estava um pouco preocupada com a minha "fluência") me indicaram onde era a esteira de malas e fui seguindo por elas até um ponto onde haviam muitas pessoas, o que era um bom sinal.

Em dois minutos acho a esteira com a indicação "Madrid", minha escala, e vou até lá onde já rodavam minhas malas. Eu só tinha trazido duas malas porque meu pai me convenceu dizendo que eu logo começaria a comprar aqui e as roupas seriam mais bonitas e mais adequadas para o frio londrino, senão eu teria trago ao menos umas cinco malas.

Assim que junto as duas olho para o meu conjunto até que orgulhosa por ter feito tudo caber em duas malas e uma bolsa, que ainda eram rosas com florzinhas brancas e combinavam. Eu parecia uma criança que não cresceu, mas sério, o conjunto era fofo demais para eu trocar por um simples.

Decido que não iria pegar um carrinho, afinal eu consigo carregar duas malas ao mesmo tempo, então vou assim até a saída, onde vejo diversas pessoas esperando seus parentes e amigos, algumas até com plaquinhas, e entre essas acho uma singela com meu nome. Olho melhor para a pessoa segurando e um sorriso se abre em meu rosto com a atitude fofa, afinal ele já havia conseguido a vaga para mim, não imaginei que me buscaria no aeroporto também.

-Finalmente, menina! Aconteceu alguma coisa? O vôo atrasou? -O dr. Andrade fala ansioso, me dando os tapinhas no ombro costumeiros enquanto tomava uma de minhas malas.

-Na verdade o vôo foi perfeito, quer dizer, como se eu soubesse dizer o que aconteceu. Na verdade fui eu quem dormiu além do tempo e dei trabalho para as aeromoças, todos já tinham saído quando eu acordei. -Respondo, fazendo meu velho orientador dar aquelas boas gargalhadas de sempre.

Eu adorava o jeito com que ele lidava comigo, quase como um pai, e na verdade esse foi o único motivo para eu aceitar o intercâmbio para Londres. Sejamos sinceras, se me dessem essa oportunidade anos atrás no meu auge de fã do McFly eu simplesmente não pensaria duas vezes e aceitaria, viria toda feliz viver uma vida nova.

Mas agora, cursando minha faculdade dos sonhos, vivendo no conforto de meus pais me bancarem e tendo tudo o que eu quero na mão era assustadora a possibilidade de ir para fora ficar um ano longe da minha família, com o dinheiro racionalizado e num lugar onde eu não conhecia ninguém. O simples fato de meu orientador ter recebido proposta de emprego lá e ter me convidado para fazer um intercâmbio sob sua orientação mudava tudo.

Eu já não seria tão desconhecida, seria a orientanda do Dr. Marco Andrade, um dos mais cultuados professores de literatura do Brasil, indicada por ele para uma vaga ali. Sem contar a bolsa que ele tinha conseguido para mim, que conseguia suprir todos os meus gastos e se eu soubesse guardar ainda dava pra fazer uma trip pela europa nos dias em que eu estivesse livre.

-Bem, bobeiras a parte, vamos logo, o táxi está nos esperando. Vou te deixar no apartamento estudantil para que saiba onde fica, depois tudo vai ficar mais fácil. Ele fica dentro do campus da universidade, então não terá problemas em achar nada. -Ele ia falando naquele seu modo rápido de ser ao mesmo tempo que íamos andando quase correndo por entre os ingleses. -O campus fica num ponto bem tradicional de Londres, então boa parte dos pontos turísticos estão ali perto, porém as coisas ali são mais caras. Julgo que seria melhor que você fizesse as compras uma vez por semana em um mercado mais afastado, costuma ficar mais em conta.

No caminho até o táxi ele vai me dando várias dicas de como viver aqui, o que me ajudava bastante. Quando chegamos no carro preto parado vejo um senhorzinho que parecia simpático sorrir para mim e vir pegar as minhas malas, colocando tudo no porta-malas antes de abrir a porta para que entrássemos.

-Como eu estava dizendo, menina, eu vou te levar pra conhecer as dependências da universidade, mas prometo que te deixarei livre para aproveitar seu final de semana. -Eu adorava a maneira como ele me chamava de menina, de uma forma até fraternal, coisa que mesmo no Brasil acontecia e me acalmava nos piores momentos, como se eu tivesse um pai ali para mim. -Foi uma ótima ideia ter vindo uma semana antes, assim você pode se adaptar antes de tudo começar e, claro, pode turistar por Londres livre dos trabalhos da faculdade. Não espere que quando as aulas começarem eu irei pegar leve com você, vou te apertar ainda mais, estamos em um lugar perfeito para o trabalho então tem que dar tudo de si.

Dou risada do seu jeito mais nem isso o impede de continuar falando, então seguimos assim por todo o caminho, comigo apenas ouvindo os conselhos do meu orientador e tentando prestar atenção em cada detalhe, afinal não seria nada fácil ficar em um país desconhecido sozinha, precisava de todas as dicas que ele tivesse para me passar.

Quando chegamos no campus da universidade minha felicidade era tão nítida que eu parecia uma criança que havia acabado de ganhar de presente de natal a bicicleta que passou o ano inteiro pedindo. Saio do carro tão rápido que nem percebo se o Dr. Andrade ainda estava falando, e a primeira coisa que faço é tirar uma foto de tudo aquilo, do lugar onde eu passaria a viver por um ano e se tornaria o berço das minhas pesquisas, e quem sabe até dos meus livros, que eu sofria para terminar.

-Vamos menina, vou te deixar no seu apartamento. Amanhã te apresento tudo que vai precisar, mas hoje é melhor que você descanse. Não queremos que o seu primeiro dia em Londres seja exaustivo, não é mesmo? -Meu professor diz, tirando as duas malas do carro e saindo de lá com elas, em um sinal para que eu o seguisse rapidamente, já que o táxi estaria esperando para o levar embora.

Saio correndo atrás dele meio desengonçada, tirando fotos e mais fotos a cada passo que eu dava, afinal eu estava em Londres, não podia perder nada, queria ter cada detalhe daquilo salvo em minha memória para o resto da minha vida.

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My Princess - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora