Como combinado e constantemente reiterado por Freddie, ele e os companheiros continuaram com seu trabalho, não perdendo tempo e se dedicando ao máximo, não só em fazer música e shows, mas serem os bons irmãos que sempre foram.
Os Taylor, os Deacon e os May sempre estavam presentes na maioria dos dias de Freddie, porém, as coisas ficaram assim somente por um período de três anos, quando os tratamentos dele se intensificaram.
Nenhum dos meninos era muito fã de hospital e às vezes, o próprio paciente relutava em ficar ali, mas aí, cabia aos seus amigos que antes, compartilhavam da mesma opinião dele para convencê-lo a ficar ali para o seu próprio bem.
No começo, vendo Freddie ficar pior, Roger evitou visitá-lo. A simples ideia de que veria seu amigo convalescendo o deixava mal, culpado, com uma enorme vontade de fazer alguma coisa para reverter esse quadro, mesmo sem ter os poderes necessários para isso.
Uma vez, quando o próprio Roger entrou em crise, se trancou no banheiro de casa, chorando por um longo tempo, longe dos filhos, que estavam na escola e longe da esposa, que estava trabalhando.
Quando Dominique chegou em casa e não ouviu mais ninguém ali, mesmo encontrando a porta da frente encostada, encheu-se de medo e preocupação, chegando a pensar que alguém tentou roubá-los.
Com medo de atrair um suposto ladrão, ela entrou devagar em casa, fazendo o mínimo de barulho. Só naquele silêncio absoluto, ela foi capaz de ouvir os soluços abafados do marido. Bateu na porta, contendo a própria pressa, desesperada para ver como ele estava, mas esperou por uma resposta, nada veio. Engolindo em seco, ela decidiu chamá-lo.
-Roger, sou eu, abre a porta pra mim, meu amor, por favor - suplicou ela.
Ele por sua vez, sentiu mais culpa por deixar a esposa preocupada, então abriu a porta de imediato. Dominique o observou por um breve momento, tentando decidir o que fazer, sentindo a comoção que vê-lo assim lhe trouxe.
-Você não está bem... - foi o que ela conseguiu dizer, o abraçando imediatamente.
-Freddie, Domi, Freddie... - murmurou Roger no ombro dela.
-Eu sei, eu sei, não precisa me dizer mais nada, eu te entendo, eu também me sinto assim... - Dominique partilhou da dor dele - mas lembre-se o que combinamos, ele não quer ver nenhum de nós assim...
-Mas é inevitável, se sentir assim, não é? - ele conseguiu enxugar os olhos - eu me sinto horrível por não conseguir ser forte o suficiente pra ficar com ele quando está passando justamente pelo pior momento disso tudo...
-Não, você não é um amigo ruim por não conseguir ver, ao contrário, ver a dor do Freddie te tortura também - Dominique entendeu.
-Eu sei, é só que isso não vai ter fim, o único fim pra tudo isso vai ser... A perda... - e aqui Roger ficou sem fala, não conseguindo concluir seu pensamento.
-Não, Rog, você não pode focar no final, só porque estamos esperando por isso que vamos sofrer antes que aconteça... - Dominique tentou ser realista, buscando o mínimo de otimismo em toda a situação, para se manter forte também.
-Não tem como ver esperança numa causa que parece perdida - ele resumiu todo o seu sentimento do momento, e nem mesmo a sra. Taylor tinha argumentos contrários para isso.
Eles tiveram que se recuperar daquela conversa, Dominique se ofereceu para ir buscar as crianças na escola, e quando Rory e Felix chegaram, o pai deles ainda estava abatido, mas não mais tão desesperado.
Apesar da tristeza, as palavras de Dominique tiveram efeito, quando Jim e Freddie conversaram com a família outra vez, tendo novidades sobre uma decisão importante que tomaram.
Seu querido amigo passaria por um tratamento experimental, algo pouquíssimo testado antes e caríssimo, mesmo assim, o paciente estava disposto a arriscar. Era típico de Freddie, mas ele estava disposto a ver o que aconteceria, depositando sua confiança no destino.
Bem nessa época, todo o trabalho do Queen foi interrompido, já que o tratamento era intensivo, e os familiares estavam atentos, apreensivos, apenas esperando que os melhores resultados pudessem surgir, mesmo sabendo que tudo poderia dar errado.
A fé e a medicina cooperaram para o bem de todos, era uma recuperação lenta, gradativa, mas aos poucos, Freddie voltava a ser como era antes, talvez com mais energia, e com toda certeza, mais sabedoria. Um pouco depois de ele ter conseguido ficar de pé sozinho e ter passeado pela primeira vez na rua depois de tanto tempo, Freddie estava oficialmente autorizado a receber visitas.
Roger, ainda com a consciência um tanto pesada, foi o primeiro a se organizar para isso, fazendo questão que Dominique o acompanhasse, por sentir medo, por causa de tudo que havia mudado e que continuaria mudando dali para frente.
-Domi, minha querida! - Freddie falou com ela primeiro de propósito, olhando de modo travesso para Roger, que ainda estava reservado.
-Olá, Freddie, como está? - ela o abraçou o cumprimentando, aliviada por vê-lo bem melhor.
-Ótimo, Domi, bem melhor do que já me senti em toda minha vida! - ele garantiu, e só depois olhou para Roger - vai dizer alguma coisa ou o gato comeu sua língua?
-Ah Freddie, seu metido idiota... - Taylor reclamou, dando um suspiro longo que se transformou em choro, indo abraçar o amigo com pressa - eu achei tantas coisas, eu fiquei tão perdido...
-Você, perdido? É de se esperar, mas no final seu jeito impulsivo dá um jeito em tudo! - depois de brincar, Freddie ficou mais sério - eu sei bem o que foi tudo isso, Rog, o que vocês viram eu passar e o que eu ainda vou passar, mas se acalme, loirinho, o pior já passou, foi ficar bem, e não vou a lugar nenhum.
-Hum, acho bom mesmo - retrucou o baterista, mas se sentindo bem melhor.
O tratamento de Freddie continuaria para o resto de sua vida, mas a parte mais intensiva tinha acabado, e ele ainda se recuperava de todo esforço, até que o Queen pudesse retomar os trabalhos. Assim, um novo álbum começou a tomar forma, composições, sugestões e criações resumindo toda a união e amizade dos quatro amigos, que nunca seria perdida, não importasse as circunstâncias.
A/N: Desculpem pelas partes tristes.
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A Peça que Faltava
FanfictionAparentemente, Dominique Beyrand e Roger Taylor tinham vidas realizadas, apesar de serem relativamente jovens adultos, tinham alcançado carreiras bem sucedidas e nada parecia que daria errado, agora que tudo já tinha dado certo, mas eles tinham outr...