Depois de tantos anos eu tive a oportunidade de voltar a Incheon na minha mão. Espero que isso esteja ok para todo mundo, se não vamos somente eu e Jimin mesmo. Não quero perder uma viagem de graça.
- Jungkook. - entro no quarto para contar a novidade. - Tenho uma coisa pra contar. - deito ao seu lado na cama. - Ei, to falando com você, sai dessa merda.
- Eu to quase passando pra terceira fase, espera aí. - ele continua apertando os botões do jogo portátil como um louco.
- O que eu tenho pra falar não é importante? - faço um biquinho. - Jungkook. Jungkook. Jungkook. - cutuco ele. - Kook. Kookie. - rio.
- Para. - ele se vira e senta com as costas na cabeceira.
- Vou começar a te chamar de Kook, é tão bonitinho. - continuo deitado beliscando a barra da sua camisa.
- Hm... - ele murmura, olhando para o jogo.
Caralho, Jungkook, que saco!
- Deita aqui. - sento como ele e afasto um pouco as pernas para ele sentar entre elas.
Isso ele ouve, né?
- Já tá terminando essa porra? - envolvo meus braços nele. - Hm?
- Quase, só preciso completar o rendimento na barrinha.
- Mas chegou na metade só agora, pausa aí. - beijo sua orelha.
- Eu vou perder o pique se continuar pela metade depois... - levanta um pouco os ombros para afastar meu rosto.
- Você parece uma criança, pelo amor de deus. - belisco seus mamilos.
- Para, caralho. - ele se remexe sem tirar a atenção do jogo.
- Eu não vou parar até você me ouvir.
- Tá bom, então. - ele provoca, ficando parado de uma vez.
Continuo o apertando e percebo sua respiração ficar pesada. Eu não sabia que ele tinha tanta sensibilidade aqui.
A tal da bArRiNha dE ProGreSsO dele já estava quase cheia, então eu paro. Assisto o final daquele joguinho idiota e espero ele recolher as moedinhas.- Agora que a boneca já deu as prioridades dela, já pode ouvir a segunda opção que tá tentando falar aqui?
- Para de drama, o que foi? - ele desliga o móvel e joga na cama.
- Seokjin chamou a gente para voltar para Incheon com a tia divorciada dele. Vai ser tipo uma viagem toda bancada por ela.
- Tia divorciada? Onde a gente vai ficar? E a faculdade?
- Ela é dona de hotel na cidade. E disse que é só pra gente acompanhar ela em refeições porque não gosta de receber muita visita.
- Tá, e a faculdade?
- Ah. Sei lá, que exploda.
- Puta que pariu.
- Vamos, poxa, vai ser tão legal. Podemos escolher um quarto para ficarmos juntos. - cheiro seu cabelo. - E tem vários lugares legais para ir.
- Quando ela vai?
- Não sei. Provavelmente essa semana ainda, né?
- Tá, eu vou ver.
- Então você vai.
- Eu disse que ia v-
- Vou avisar o Seokjin.
- Vai tomar no cu. - ele emburra e se deita de costas no meu peito.
- Eu vou te arrastar pra todos os lugares. Você vai tirar algumas fotos pra mim.
- Vou nada.
- Vai sim. - aperto sua bochecha.
- Acho que estão te chamando na sala.
Ficamos em silêncio por alguns segundos e consigo ouvir o Jimin gritando meu nome.
- Meu lanche chegou. - levanto assim que ele sai do meu colo. - Depois eu volto. - sorrio.
- Ganhamos um refrigerante. - Jimin põe as coisas no balcão. - Pega os pratos fazendo favor.
- Tem alguma promoção hoje? - ponho a louça perto da comida.
- Sei lá, acho que sim. - ele se senta. - Mas é Pepsi, eu prefiro Coca.
- Eu prefiro Pepsi mesmo. Deve ter uma Coca aberta na geladeira, aliás. Ah, eu conversei com o Jungkook. Ele disse que ia ver sobre a viagem mas pode considerar que ele vai sim. Eu obrigo. - rio.
- O Cláudio disse que ia também. Ficou todo animado pra tirar foto na Chinatown.
- Eu estava pensando - mordo o lanche. - quero ter uma resposta para o Jungkook até o final dessa viagem. - falo baixo.
- Mas você não disse que estava descobrindo as coisas ainda?
- Eu sei, mas... não falar "eu amo você", só dizer que... eu gosto dele. Que estou correspondendo aos sentimentos dele por enquanto. O que acha?
- Vocês convivem há bastante tempo juntos, acho que não é tão precipitado você confessar que está gostando dele no momento. Só não se joga de cabeça, você disse que ainda não entende bem o que sente por ele e isso pode dar merda depois.
- Pois é. Hm, então eu falo que gosto dele?
- Se quiser dar uma resposta ao que ele te disse lá no restaurante.
- Sim, é isso que eu quero. Aish, que vergonha.
- Por que?
- Você me conhece, com quantas pessoas eu já tive interesse em um relacionamento sério?
- Nenhuma.
- É. Não tenho a mínima noção do que fazer a partir de agora.
- Pode começar dizendo que gosta dele. Continuem saindo e vê se isso vai dar certo para ambos.
- E se não der?
- Paciência né more, nem tudo é como a gente quer.
- Tá nervosa? - o olho de cima a baixo.
- Não. - ele ri. - Nossa, você tá amadurecendo. Finalmente.
- A gente tem a mesma idade.
- Mas eu sempre fui mais ajuizado. Sua mãe nem te deixava sair se eu não fosse junto.
- Sem motivos, também.
- Você já dirigiu um trator quando saiu sozinho, me poupe. Me ralei todo correndo atrás de você aquele dia.
- Mas é lógico, ninguém mandou descer um barranco de plataforma.
- E você desceu um barranco de trator.
- Meu primeiro osso quebrado, aquele mês foi um inferno.
- E eu que ficava brincando com você no hospital mesmo tendo mil e uma coisas para fazer durante a tarde.
- Você tinha nove anos.
- E daí? Eu era uma criança ocupada.
- Você era a porcelana de estimação da sua mãe. Era natação, balé, canto, sapateado, judô, reforço de matemática, futebol americano... tá faltando alguma coisa?