Garoto de 93

Capítulo único: Happy ending.

Oii! Antes de começar eu queria só avisar que essa é  uma "estória resposta" para uma que eu escrevi ano passado (Garoto de 96), aqui é a visão do Chang.
Espero que gostem e boa leitura!

...

Sabe eu acho que nunca vou ter coragem o suficiente pra te contar tudo que eu penso e sinto por você.

Por que nós poderíamos estar juntos, poderíamos nos amar, poderíamos ser muito felizes. Nós poderíamos ser aquele casal que, graças a deus, Shakespeare nunca criou – ou estaríamos mortos agora. Poderíamos ser muitas coisas, se você quisesse. E eu te beijaria se eu pudesse

No decorrer dos meus vinte e três, quase vinte e quatro anos de vida, eu me deixei entregar a essas pessoas, esses amores que nunca foram amores de verdade, numa falha e infinita tentativa de te esquecer, mas nunca deu certo. Eu sempre acabava saindo mais quebrado do que quando tinha entrado. E em todas às vezes você estava lá. Era sempre você que me consertava e me fazia inteiro de novo. Remontava as partes soltas, grudava-as aqui e ali e logo tudo parecia bom. Para logo então o idiota aqui ir e quebrar a cara outra vez e se desmontar em porções ainda menores.

Um dia talvez eu fosse engolido pela minha própria dor.

Mas eu decidi que esse seria o último. E caso eu quebre a cara de novo, que seja num dia cheio de coragem insana em que eu te diga como eu me sinto, talvez valha a pena. E que eu esteja bêbado, ao menos aí eu emendo um coma alcoólico, por que essa rejeição eu provavelmente não serei capaz de suportar.

Certo, talvez eu esteja sendo um pouquinho dramático, mas é o meu não identificado ascendente em câncer.

Quando foi que eu me apaixonei por você?

Talvez tenha sido no dia que você me levou para casa depois da escola por que era a minha primeira vez indo tão longe de casa e você ficou preocupado que eu me perdesse. Ou pode ter sido na vez que cozinhamos juntos pela primeira vez no nosso apartamento e quase botamos fogo na cozinha e entramos em desespero por que o apartamento é alugado. Mas, talvez, só talvez tenha sido naquele fatídico dia em que meus olhos se recaíram sobre esse garoto, filho de um amigo do meu pai, que começou a frequentar nossa casa quase que diariamente e bagunçando tudo da forma mais perfeita e complicada do mundo você foi se instalando neste coração. E quase como uma simbiose, ia ocupando mais e mais espaço a cada passar de tempo. E o meu eu hospedeiro de cinco anos não fazia nem ideia do espaço que tu tomaria.

Lembra de quando nos mudamos para o nosso apartamento? Até hoje eu fico meio besta falando "Nosso apartamento, nossa casa". Lembro dos dias arrumando tudo, ficamos uma semana cozinhando numa boca de fogão portátil por que atrasaram a ligação do gás encanado, lembro que na primeira noite você me abraçou pra dormir por que eu estava morrendo de medo de ser tudo um sonho e que quando acordasse estaria no meu quarto na casa dos meus pais.

No dia seguinte quando acordei ainda dentro do teu abraço eu tive certeza de que era real.

E normalmente era assim, ou eu dormia no meio das tuas pernas com a cabeça apoiada no teu peito enquanto assistíamos alguma coisa na TV, ou tu dormia no meu colo quando nos jogávamos no sofá depois do jantar. Em poucas semanas decidimos que um sofá cama seria a melhor opção, já que eram raras as vezes que usávamos nossas camas de verdade.

As manhãs começavam ao som de I wanna be yours, e no começo eu não achei que seria tão difícil, não achei mesmo. Mas depois de alguns anos eu percebi que os segredos do meu coração já estavam quase insuportáveis de esconder.

Eu só não queria ser tão medroso a ponto de não ter coragem de gritar pro mundo inteiro o quanto eu sempre te amei.

Eu podia falar de você por horas, talvez dias a fio, sobre cada pedacinho de você.

Por que, Kihyun, eu te conheci de diversas formas, e em todas elas eu te amei.

­­- Ki...

- Sim?

- Eu quero falar com você.

É talvez tenha chegado a hora.

...

I wanna be yours é uma música do Arctic Monkeys (recomendo, eu gosto muito dela).
Até a próxima meus amores ♡