Capítulo 13

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Quando cheguei ao quarto de Mafalda, ela estava de pé ao lado da impressora. O meu guia de masturbação estava sendo impresso e a mão da minha irmã pendia junto à saída da impressora, esperando-a expulsar o papel por completo. O que diabos eu ia fazer para que ela não lesse o conteúdo sem levantar suspeitas?

— Er... — Balbuciei. — É coisa do trabalho. 

Mafalda continuou no mesmo lugar. Podia sentir a testa começar a suar. Como explicaria para minha irmã que estava imprimindo aquele tipo de coisa?

— Você está bem? — Mafalda franziu a testa.

— Sim. Claro. Por que não estaria? — Soei mais estridente do que havia planejado.

— Você está estranha. — Ela observou. Olhei da minha irmã para o papel. A impressão já estava terminando e eu cogitava seriamente empurrar a mão de Mafalda para a impedir de pegar meu guia. — Sua impressão termin... Ai, eu não acredito nisso!

— O quê? Qual o problema? Para sua informação, isso não é... — Eu comecei a reproduzir o discurso de Théo.

— Já é a segunda vez que a impressora faz essa página de alinhamento. — Mafalda revirou os olhos e me entregou o papel, irritada.

— Página de alinhamento?

Olhei para o papel em minhas mãos e percebi que aquele não era o arquivo que eu havia enviado.

IMPRESSORA, EU TE AMO.

— O que deu em você?

— Você não deveria estar no trabalho a essa hora?

— Eu saí mais cedo. A impressora só vai funcionar se você digitalizar os desenhos dessa página. Vou tomar banho.

Assenti com a cabeça, um sorriso estampado no rosto.

Mafalda franziu a testa mais uma vez antes de sair, sem entender. No instante em que ela pôs os pés para fora do quarto, eu quase pulei em cima da impressora para digitalizar a abençoada página de alinhamento e tirar a maldita impressão dali de uma vez por todas.

Por sorte, Mafalda demorou longos minutos no banho, o que me deu tempo de sobra. Pouco depois, já estava na segurança do meu quarto, de portas trancadas e com as mãos tremendo enquanto segurava meu guia de vinte e quatro passos para a profanidade. Até ter coragem de ler o conteúdo do papel, precisei repetir algumas dezenas de vezes que não era errado.

O primeiro item dizia para deixar o ambiente com baixa iluminação, acender velas aromatizadas e colocar músicas que me fizessem sentir sensual e relaxada — itens esses que terminei ignorando já que: 1) não conseguiria ler o papel sem luz; 2) não tinha velas aromatizantes; 3) não havia música no mundo que me fizesse sentir sensual e relaxada naquele momento.

— Ok. Próximo.

Tirar as roupas e deitar a cabeça num travesseiro. Suspirei e, sentindo-me idiota, tirei os jeans e a calcinha.

— Aplicar lubrificante em abundância em toda a vulva.

Eu não tinha nem mesmo um lubrificante, quanto mais em abundância?

— Próximo!

As etapas seguintes também não foram muito animadoras. Ao longo do texto, fui me dando conta do quão pouco conhecia o próprio corpo e, mais de uma vez, tive que recorrer à internet para tentar identificar o que eram diversos termos da anatomia feminina.

Até que já havia ouvido falar do tal de clitóris, mas nunca me dera ao trabalho de tentar identificá-lo em mim, muito menos o que era capuz, períneo... Quando o texto mencionou um músculo pubococcígeo, joguei o papel para o alto e xinguei. Já cogitava abandonar a tarefa quando a lembrança da conversa com Théo me veio à mente.

̶E̶d̶u̶a̶r̶d̶o̶ ̶e̶  MônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora