cinco

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   Fiquei a noite toda no porão, à procura de uma fonte de energia que possa sustentar o propulsor. Nada era tão forte que poderia sustentar a máquina. Após umas
cinco ou seis horas de procura, acabei adormecendo.

  Dei um pulo de susto na cadeira, e me ergui abruptamente da mesa quando Marcos jogou uma pilha de papéis à minha frente.

   — Matéria escura. — disse ele, cruzando os braços.

   — O que? — digo esfregando os olhos para espantar o sono.

   — Primeiramente, bom dia. — disse ele, dando um tapinha em meu ombro.

   — Bom dia. — digo arrumando meu cabelo, e pegando uma das pastas que Marcos jogou em minha mesa — Matéria Escura?

   — Energia escura, mais precisamente. — diz ele, cruzando os braços — É basicamente o maior componente do Universo...

   — Não, eu sei o que é Energia Escura. — interrompo ele enquanto me levanto para pegar café na máquina — Mas por que está falando disso?

   — Eu estava pensando... — disse ele, enquanto que, em um ato de cavalheirismo, pega uma caneca, enche de café e entrega para mim — Essa é a fonte de energia que pode sustentar a máquina.

   Soltei uma gargalhada irônica antes de tomar um gole de café.

   — É impossível. — digo — Você tem uma nave que possa nos levar para o espaço para captar essa energia? Ou você tem um acelerador de partículas?

   — Isso já está sendo resolvido, tenho um colega que pode ativar o acelerador de partículas dele pra nos dar um pouco dessa energia.

   Me engasgo com o café, devido ao impacto da notícia. Digo a ele que não podemos lidar com uma energia perigosa e desconhecida em nosso porão, que qualquer sobrecarga pode incinerar nós dois e todos que tiverem em um raio de cento e cinquenta metros.

   — Então você tem uma ideia melhor? — diz ele.

   — Não verifiquei todas as possibilidades ainda. — digo — Pode ser que energia éolica resolva...

   — Se tiver um furacão com ventos de cento e quarenta quilômetros por hora, talvez ligue a máquina por trinta segundos.— diz ele, me interrompendo.

   — Tudo bem, mas também tem a energia vinda dos raios.

   — E esperar pacientemente para sermos um em um milhão de sermos atingidos... Sério? — diz ele.

   — Energia geotérmica?

   — Quer mesmo montar uma usina geotérmica aqui? Você tem dinheiro pra isso?

   — O que acha de energia nuclear? — digo, já não escondendo meu tom de irritação.

   — Você está ficando maluca?

   Sento na cadeira, decepcionada. Digo que é muito perigoso.
 
   — E você acha que tentar viajar no tempo não é perigoso? — diz Marcos — Vai dar tudo certo.

   — É tudo o que temos? — digo, me recostando na cadeira.

   Marcos balança a cabeça em sentido afirmativo. Pega o telefone do bolso da calça e disca um número. Se afasta de mim e conversa em um tom amigável com a pessoa do outro lado da linha. Quando desliga, fala comigo que amanhã teremos que viajar para conversar com um dos responsáveis pelo segundo maior laboratório privado de astrofísica e estudo de energia do país, onde também há um Acelerador de Partículas.

 
  

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