Capítulo XVIII

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— E tudo o que se soube depois disso é que Lady Eliza partiria para uma temporada em Bath.

Os olhos de Charlotte permaneciam estáticos, assim como seus lábios.

Apesar de ser nítido que Georgiana terminara seu relato, a jovem simplesmente não sentia-se capaz de esboçar qualquer reação, nem mesmo a mais simples delas.

— Charlotte, eu sei que é muito para compreender, mas preciso que me diga alguma coisa. — A Srta Lambe observava a face estática da amiga, sentada de frente para si no estofado que compartilhavam em seus aposentos.

— Eu não consigo... Eu... — A voz de Charlotte soava falha e distante, como se ela realmente houvesse perdido a capacidade necessária para voltar a utilizá-la. — Georgiana, eu não sei o que dizer. — No interior da moça, uma torrente de espirais tomava-lhe o estômago, deixando-a confusa, zonza e enjoada.

O que Georgiana lha havia dito era,sem sombra de dúvidas, muito para processar.

— Ah, Deus... Só não me diga que irá desmaiar. — Imediatamente, Georgiana levantou do estofado, caminhando até uma jarra de água que ficava disponível com alguns copos, acima de sua penteadeira. Retornou com um dos copos cheios, ofertando-o à Charlotte enquanto via sua face sendo tomada pela palidez. — Não irá, não é? — Ela voltou a balançar o copo em frente ao rosto da amiga, que tinha os olhos distantes.

— Não, é claro que não. — Charlotte apenas então conseguira despertar do confuso devaneio no qual entrara, recebendo o copo em suas mãos, mas sem possuir a mínima vontade de levá-lo à boca. — Meu Deus, Georgiana, como isto pode ser real? — Toda incredulidade dela, então, se fizera presente. — Se o que acaba de dizer for verdade... Se Lady Eliza realmente houver tido este tipo de relação com outro homem...

— Conforme realmente acredito que teve após ver e ouvir o que foi dito...

— Não é correto o que está fazendo com Sidney. — E então, fora como se uma inquietude alarmante a dominasse. Colocando-se de pé, Charlotte começou a caminhar com passos largos de um lado ao outro. — Este senhor realmente disse tais palavras no baile?

— Cristalinas como água, Charlotte. — Georgiana confirmou. — Bom, talvez não tão cristalinas por Lorde Caldor encontrar-se levemente ébrio, mas fora dito nítido o suficiente para que todos os presentes se interessassem pela cena. — Georgiana também ficou de pé. — Com todas as palavras, afirmou que Lady Eliza "não tinha o direito de deixá-lo daquela forma".

— Meu Deus... — Charlotte levou as mãos aos lábios, e sussurrou.

— De fato, eu mesma não teria acreditado de imediato se fosse algo que houvessem me dito mas, como lhe disse, estava presente no baile, tendo sido inclusive atingida por alguns resquícios do vinho provindos da taça que ele lançou furioso ao chão, ao vê-la sair do salão da Mansão Caldor. — Georgiana se repetia, mas parecia que Charlotte realmente necessitava ouvi-la confirmar a história mais uma vez. — Isto foi há pouco mais de uma semana, como lhe disse, mas realmente acreditei que a notícia já havia chego aos ouvidos de Sidney. — A Srta. Lambe, então, soltou um riso exasperado. — Obviamente, Lady Eliza fora mais ágil do que o próprio escândalo. — Furiosa, Georgina levou as mãos à cintura, refletindo enquanto seguia falando. — Chega a ser ultrajante a forma como os mesmos correm muito mais rápido quando envolvem moças solteiras como nós, ao invés de viúvas. Lhe garanto que se fosse o oposto, meu nome já estaria na boca de todos, nos quatro cantos do reino!

— Georgiana, por favor, pare. — Ainda inquieta, andando de um lado ao outro, Charlotte não conseguia ouvir aos próprios pensamentos, já suficientemente confusos, frente ao falatório da amiga. — Eu... — A moça estagnou finalmente os pés, virando-se para ela. — Eu não consigo pensar. Não sei o que fazer, apesar de sentir a imperativa necessidade de fazer algo!

Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora