30 dias para ser feliz

t r ê s

Charlotte Paige

Henry e eu nos conhecemos no primário. Ele e Jasper estavam sentados em uma das mesinhas redondas da sala, tentando fazer um boneco de massinha. Como era o meu primeiro dia eu estava sozinha então a professora Mônica me colocou para sentar ao lado de dois garotinhos. Henry foi o primeiro a puxar assunto comigo; lembro-me que ele me deu um pouco da sua massinha e então eu sorri para ele. Ele me perguntou meu nome e minha idade, eu lhe respondi e vimos que nós três tínhamos a mesma idade; então ele me apresento a Jasper. Depois disso nós três ficamos inseparáveis.

Jasper não gostava de mim até o sétimo ano, ele tinha muito ciúmes em relação a Henry e eu; até cogitei a ideia dele ser gay e ter uma paixão por Henry, mas joguei fora a minha ideia quando escutei uma conversa deles onde Jasper dizia estar apaixonado pela Meredith,
a menina estranha que gostava de comer terra da nossa sala; ouvi ele dizer também que tinha vergonha de falar com ela, então em uma tentativa dele gostar de mim, eu me aproximei dela e no final viramos um quarteto. No oitavo ano, sua família se mudou para Los Angeles, e desde então nunca mais a vimos. Um dia após sua partida, Jasper veio me agradecer por ter encaixado ela no nosso grupo. Eu respondi um "não tem de que" e desde então ele começou a gostar de mim também.

Piper sempre foi muita chata. Eu e Jasper víamos ela como: a irmã pirralha do Henry. Porém eu comecei a me aproximar dela quando estava no primeiro do médio. Eu tinha dezesseis e ela quatorze. Foi nessa época que eu comecei a olhar meu melhor amigo com outros olhos, e com vergonha de ter tal conversa com a minha mãe eu a chamei. No começo ela ficou me atazanando para contar ao Henry, e eu obviamente disse que isso nunca aconteceria. Como eu e ela estávamos próximas, automaticamente ela se juntou ao nosso trio, e desde então somos um quarteto novamente.

Ela é a única que sabe sobre a minha paixonite por Hen. Não é atoa que ela sempre consegue fazer piadinhas envolvendo nós dois, seja quando estamos somente eu e ela ou quando estamos todos juntos. No começo eu não me importava, até porque eu conheço o meu melhor amigo e sei que ele é muito lerdo, porém agora que estamos maiores eu temo de que um dia Piper faça uma dessas piadinhas e ele perceba que eu sinto sentimentos amorosos por ele.

— Char você não vai dormir não? — Jasper pergunta me tirando do transe. Estávamos nós quatro deitados na parte de trás da van do cacheado.

— Não estou com sono, e você? Por que não está dormindo?

— Também não estou com sono. Vamos lá fora olhar as estrelas? — Pergunta me surpreendendo. De imediato eu fiquei intrigada, o que ele queria me dizer? Jasper não me chamaria apenas para ver as estrelas, ou chamaria?

— Claro. — Respondo me levantando com muito cuidado para não acordar os irmãos Hart. Eu e ele saímos da van e sentamos em uma pedra enorme ao lado da estrada. — Então, por que me chamou aqui?

— Eu estou com medo Char. — Responde me encarando.

— Doque?

— Você é a minha melhor amiga, eu não quero te perder para sempre. — Responde. Eu consegui ver pequenas partículas de água se formando em seus olhos castanhos. — Você foi a primeira garota que eu gostei, a primeira garota que eu quis beijar, minha primeira melhor amiga, a minha...

— Como assim eu fui a primeira garota que você gostou Jasp? — O interrompo confusa.

— Eu vou lhe contar. Quando nos conhecemos eu achei você linda, mas não disse nada. Com o passar do tempo nós fomos crescendo e meus sentimentos por você cresciam. Eu sabia que Henry gostava de você, e ele estava desconfiado de que eu também gostasse, então eu inventei uma história para ele dizendo que gostava daquela garota estranha da classe, a Meredith. Ele acreditou e então você começou a se aproximar dela; para Henry não desconfiar que eu estava mentindo eu também comecei a me aproximar dela; ela entrou pro nosso trio mas depois de um ano teve que se mudar. Naquela festa que fomos quando estávamos no nono, eu queria te beijar, então dei a ideia do jogo da garrafa. Porém você acabou beijando o Jack, que hoje em dia é um cantor famoso, e eu beijei a Clarisse. Eu cheguei extremamente triste em casa, e assim que cheguei em casa o Hen me mandou uma mensagem dizendo que não gostava mais de você, e sim que estava apaixonado por você. E então, eu decidi que não iria mais gostar de você. — Ele explica me deixando muito surpresa.

— E deu certo? — Ele me encara um pouco confuso. Acho que não fui muito clara. — Você ainda gosta de mim Jasp? — Pergunta com medo de sua resposta. Ele é um cara legal, divertido, engraçado, bonito e etc; porém para mim ele é um irmão.

— Eu não gosto mais de você Char. — Suspiro aliviada. — Eu estou apaixonado por você. — Fala me encarando seriamente.

— Quê? — Eu grito mas então lembro que tem duas pessoas dormindo próximas a nós, e me repreendo.

— Eu estou brincando! — Fala rindo.

— Jasper! Você quase me matou de susto! — Falo rindo junto a ele.

— Por que? Seria tão ruim assim nós termos algo? — Pergunta me surpreendendo novamente.

— Não é isso, você é bem atraente para falar a verdade, é que para mim você é meu irmão de outra mãe. Não seria ruim que nós nos relacionarmos, só seria...estranho. — Confesso.

— Entendo. Mas o que me deixou surpreso foi você não ter falado nada sobre eu dizer que o Henry te ama, e mais doque uma amiga.

— Espera, o quê?

— Eu falei Char, você escutou?

— Não.

— Bom, então eu repito: Henry era apaixonado por você quando éramos crianças.

— Mas você sabe se ele ainda sente isso por mim?

— Por que você mesma não pergunta pra ele. — Fala se levantando.

— Jasper, — O chamo. — Aonde você vai?

— Dormir oras. — Responde como se fosse óbvio. — Quer que eu chame o Henry?

— Pra quê?

— Como "pra quê" Char? Vocês precisam conversar. Então, quer que eu chamo ele ou não?

Fico em silêncio por alguns minutos pensando se devemos mesmo conversar. Eu tenho medo de falar os meus verdadeiros sentimentos por ele e estragar nossa amizade porque a probabilidade de não ser recíproco é bem grande.

Quer saber? Eu não vim aqui nessa viagem por ficar com medo! Qual é Charlotte, você morrerá daqui a trinta dias - ou menos -, não deve ficar com medo de coisas bobas!

— Pode chamá-lo. — Responde segura.