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Harriet empilhava pequenos blocos de madeira que se encontravam espalhados no tapete da sala junto com a maioria de seus brinquedos. A pequena criança de dois anos franzia a testa em concentração para sua nova brincadeira, ela planejava construir um grande castelo, do seu jeito, mas um castelo.

Seus pais discutiam baixo na cozinha a fim de não chamar a atenção da filha. Charlotte tentava controlar sua impaciência enquanto escutava os argumentos de seu marido, não estava conseguindo um grande efeito.

- Só pensa nas partes boas, querida. - Henry praticamente suplicou a fazendo abrir os olhos determinada e sibilar para ele.

- Henry Prudence Hart, não teremos outro cachorro aqui, não vou mais acordar de madrugada para tirar outra criaturinha presa da cerca-

- Ele só queria passear.

- Não vou mais passar a tarde limpando toda a cozinha porque um deles encontrou nosso saco de farinha-

- O Danger só estava brincando.

- Não terei mais uma viagem arruinada porque nossos cachorros espantam todas as babás existentes-

- Tem que admitir que até que é engraçado. - soltou uma risada que logo engoliu ao notar que sua esposa não achava a menor graça.

- Temos sorte deles terem gostado da Anabela ou nunca teriamos ido passar o natal com nossos pais.

- E você está totalmente certa. - concordou, a fim de que ela se acalmasse mais, nunca mais teria a loucura de afirmar que ela estava exagerando em algo.

Ela exagerava sim algumas vezes, mas sempre notava sozinha, porém tinham momentos, principalmente na gravidez, em que ela surtava por mínimas coisas. O Hart estremeceu, foram tempos assustadores.

- Henry. - Charlotte retomou sua atenção para ela. - Escute bem, nós não teremos um terceiro cachorro e ponto final.

Charlotte torcia para ele entender, não conseguiria equilibrar mais um cachorro maluco com uma bebê de dois anos e outro pseudo bebê, já que no momento ainda não tinha certeza em relação à ele, torcia internamente para que fosse Oliver, mas evitar mais uma dor de cabeça seria uma benção. Henry assentiu emburrado e saiu da cozinha indo em direção à sua filha, que abriu um enorme sorriso assim que ele sentou ao seu lado.

A Hart apoiou os cotovelos na pedra fria da bancada e passou a observar sua pequena família, Henry ajudava Harriet, que em alguns momentos recusava e em outros gargalhava, sua filha definitivamente tinha a personalidade dos dois. Apoiou o queixo na palma da mão esquerda e se pôs a pensar que nunca iria imaginar que no auge dos seus vinte e sete anos estaria discutindo a adoção de mais um cachorro com Henry Hart, no meio da cozinha deles enquanto sua filha pequena brincava na sala. Mas ao encarar a pequena que batia palmas animadas e seu marido que a encarava com um sorriso sincero, Charlotte teve a certeza de que não desejaria estar em nenhum outro lugar.

*****

Feliz dia para as suas pessoas maravilhosas!

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