- VAMOS SOFIA!!! CADÊ O ESFORÇO? SEM ESFORÇO NÃO HÁ VITÓRIA! EU QUERO PERFEIÇÃO NESSES PASSOS! SUTILEZA E LEVEZA!
Seguro na barra em frente ao espelho e continuo fazendo o que fui treinada pra fazer, ignorando os gritos e protestos da minha mãe. Já estou acostumada. Odeio quando ela faz isso, mas não posso fazer nada.
Não está entendendo? Vou explicar!
Minha mãe era dançarina quando mais nova. Mais especificamente, uma bailarina. Porém, ela conheceu o "homem" dos seus sonhos, tiveram um caso e, boom... Depois de nove meses eu nasci. Então pelo que dá para perceber, ela teve que largar a carreira para "cuidar" de mim. Não que ela não tenha cuidado. Mas ela cuidava quando achava conveniente, já que meu pai era um empresário ricaço, e tinha grana pra pagar uma babá.
Meus pais casaram pouco tempo depois do meu nascimento. A minha chegada era a alegria da casa. Tudo corria perfeitamente bem. Até eu completar os 6 anos de idade, quando minha mãe viu em mim a oportunidade de "continuar" seu sonho de se tornar uma bailarina mundialmente famosa. E olha que ela já é conhecida pelo fato de ser esposa de um dos homens mais ricos do Brasil. Até que eles fazem um casal bonito. Enfim. Minha mãe é uma ex bailarina que atualmente virou uma dondoca da alta sociedade.
Agora vamos falar um pouco da minha infância. Eu comecei a fazer balé aos 6 anos de idade. Sem contar os incentivos que recebia antes disso. "Compre isso! É rosa, a cor que bailarinas gostam", "Vista isso! Bailarinas gostam desse tipo de roupa", "Faça esse penteado. É comum bailarinas usarem ele", etc. Na minha cabeça nessa época, era legal. Eu adorava. Até porque, quase toda garota gostaria de fazer balé naquela idade. Eu mesma queria. Mas chegou um ponto que eu só queria brincar e comer chocolate, coisa que eu não podia fazer, porque tinha que "manter a rotina e dieta" de uma bailarina. Quando cheguei aos 12 anos, já odiava tudo. Fui privada de fazer muitas coisas por causa da obsessão da minha mãe por balé. Eu me sentia revoltada por ver as meninas da minha idade fazerem festas do pijama para comer porcarias e brincar, ou até mesmo falar sobre o garoto bonitinho da escola, e eu não podia. Porque eu era tão "atarefada" que não tinha tempo pra fazer amizades. Que dirá quebrar a rotina de sono pra madrugar. Nessa idade, odiava rosa, odiava balé, odiava minha mãe, meu pai e tudo que se movia. Claro que passou. Afinal, meu pai não tinha culpa da cabecinha da minha mãe teimosa. Ele já tentou conversar com ela, mas ela é mais teimosa que uma mula. Apesar disso, meu pai acabou se metendo e fracionou meu tempo. Depois da sua intervenção, passei a poder fazer outras coisas que qualquer criança normal faria.
Cheguei a um ponto que eu odiava tudo que envolvia dança, música e balé. Pra mim, tudo tinha uma conexão. Um tempo depois, ela chegou na minha vida. Eu tinha 15 anos. Stefanie. Minha melhor amiga. A chegada dela me ajudou muito, e em vários aspectos. E foi com ela que descobri minha paixão por dança. Vocês devem estar confusos, né!? Eu sei... Até eu fiquei, mas calma. Vou explicar.
Stefie e eu passamos a fazer tudo juntas. Ela me tirou de um buraco bem profundo. Era uma menina solitária e fechada. Reprimida pela minha própria progenitora. E Stefie chegou na minha vida cheia de carinho fraternal e transbordando alegria. Ela passou a ser mais que uma amiga. Era uma irmã de outra mãe. Éramos cúmplices, e às vezes nossa cumplicidade assustava as pessoas. Dessa cumplicidade nasceu esse grande sentimento fraternal entre nós. Era ela e eu. Eu e ela. Passei a conhecer os hobbies dela e ela os meus. Até que chegou aquele dia. O dia que ela me apresentou um jeito diferente de me expressar. Em que eu podia liberar todas as minhas frustrações e aflições.Me apaixonei por dança nesse mesmo instante. Queria dançar como ela. Me sentir livre. O balé representava uma prisão onde minha mãe era um carcereiro cruel que me torturava 12 horas por dia. 12 horas de treino intensivo e pesado. Queria mais pra mim. Queria não. Quero! E vou.
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Dancin
RomanceSofia Torres é uma jovem de família rica que não está satisfeita com a pressão de sua mãe para dançar ballet, e por isso, carrega muitos sentimentos negativos acerca deste. Aos 21 anos, acaba conseguindo entrar numa renomada Academia de ballet em Lo...