11.1 - Morte ou Suicídio?

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-NÃO!! 

Grito muito alto quando vejo o corpo de Colin cair no chão ouvindo o seu último suspiro me chamar.

Em estado de choque olho pro corpo deitado na minha frente, vejo o seu semblante angelical deixar a sua feição, as bochechas perdem o rosado e não consigo mais ouvir a sua respiração, nada nele poderia provar que ele tinha vida. Não consigo sentir as lágrimas deixarem os meus olhos pois todos os meus músculos, ossos e nervos parecem ter cedido completamente.

Abaixo meu ouvido sobre seu peito ouvindo as batidas muito leves e demoradas do seu coração, me arrasto até a minha bolsa pegando o celular e ligando para a emergência e quando o senhor atende obrigo a minha boca a se mexer mas pareço não ter voz.

-Por favor - digo baixo e finalmente eu volto a sentir o meu corpo completamente fraco e dolorido, digo o endereço pra ele quando pede e ele diz que a ambulância vai demorar cerca de 20 minutos pra chegar - não vai dar tempo - sussurro e o homem tenta me acalmar do outro lado da linha.

Quando olho pra cima sinto os pingos de chuva baterem no meu rosto e no meu ombro até começar a chover de verdade, conto os segundos para a ambulância chegar mas não chega.

-Você prometeu - sussurro baixo pro corpo dele - você prometeu que não ia embora - sinto mais e mais lágrimas se misturarem a chuva - era pra ser eu, por que se colocou na minha frente? - falo com um pouco mais de adrenalina e mais alto sem conseguir diferenciar meus sentimentos - não me deixa, Colin - falo baixo.

Abraço o corpo dele com força sentindo a sua pele gelada, sentindo meu coração vazio e minha garganta cheia pedindo para eu gritar e ao mesmo tempo me obrigando a ficar quieta, me sinto completamente vazia e incapaz ao mesmo tempo em que mil sentimentos por segundo atravessam a minha cabeça.

Aquelas foram as minhas últimas palavras até a ambulância chegar e quando entro nela completamente encharcada eu só consigo chorar em silêncio, perdida, sem conseguir e nem querer um mundo onde ele não existe, a minha cabeça insiste em repetir as cenas várias vezes, vendo ele me empurrar de forma que eu fosse incapaz de impedir que ele levasse um tiro.

O hospital estava tranquilo enquanto a minha mente estava um caos, eles usaram desfibriladores e me pediram para esperar na sala de espera mesmo quando eu quase quebrei as cadeiras pedindo pra ficar ao lado dele, mas não, eu tive que esperar ali e me concentrar em me controlar e em não parecer histérica.

Ouvi os ponteiros do relógio marcarem cada segundo e as mãos juntas na minha frente onde meu rosto estava apoiado não era de uma reza, estava quase amaldiçoando o mundo inteiro sem me dar conta que provavelmente tudo aquilo já estava previsto. Sinto a enfermeira colocar uma coberta nas minhas costas e me entrega uma toalha pra eu secar um pouco meu corpo e então se senta ao meu lado.

-Está mais calma, querida? - ela me pergunta e eu nego com a cabeça devagar, ela me olha de forma suplicante e suspira - quer me contar como se sente?

Ela fala comigo de uma forma carinhosa e me olha como se entendesse a verdade por trás dos meus olhos, abro a boca pra falar mas apenas isso já ativa as minhas lágrimas de novo quando começo a soluçar e nenhuma palavra consegue sair, nem mesmo tenho tempo para respirar sentindo meu corpo tremer, talvez de febre ou talvez de pânico mas isso nem se quer importa, eu só sei que dói.

-Por favor, faça parar - cubro o meu rosto com as mãos me encolhendo na cadeira - isso dói, eu não quero mais sentir - meu estomago revira como se estivesse prestes a explodir, aperto as mãos no meu rosto e depois agarro a raiz do meu cabelo completamente fora de mim tentando distrair a dor dentro de mim com uma dor fora de mim.

Mas a enfermeira pega as minhas mãos tirando elas do meu cabelo e acariciando a minha pele com paciência, ela me entrega um copo de água e acaricia o meu cabelo até o meu corpo parar de tremer pedindo algumas vezes pra eu me acalmar.

-Essa dor que está ai dentro de você, vai passar, você tem que entender isso, querida - ela fala com cuidado e então encontro o seu olhar - mas eu garanto que ele precisa de você tanto quanto você precisa dele, e por mais que esteja doendo, por mais que pareça que você quer se entregar ao caos... você precisa respirar e por enquanto aguentar firme, só por enquanto, se não quiser fazer por você ou por mim, faça pelo seu namorado.

Namorado? eu não sei se era isso que nós eramos, não tivemos tempo de arranjar formalidades e nem títulos mas eu o amava, céus como eu o amava e eu precisava dele, não podia perde-lo.

-Agora você vai sentir que perdeu tudo e que não há nada que possa curar uma ferida tão profunda, você pode até pensar que é sua culpa, mas não é - ela acaricia os meus cabelos mais uma vez secando as pontas dele com a toalha - você me parece uma garotinha muito forte, parece que estava disposta a passar por tudo com esse rapaz, então infelizmente o "tudo" também inclui isso... ele ficará bem mas você também precisa ficar.

Ouço tudo que ela diz, as coisas parecem fazer tanto sentido quando explicadas assim, parece até ser simples... Ouço um médico me chamar e me levanto imediatamente correndo até ele.

-Doutor? 

Ele me olha em silêncio como se procurasse as palavras certas para dizer, sinto minha respiração se aumentar conforme mais ele demora.

-O tiro foi dado do lado direito do peito, a bala não passou pela vesícula mas não conseguimos tirar toda a pólvora e ela se espalhou pros outros órgãos... nós... - Ele me olha por um tempo e então suspira pesadamente - nós tivemos que induzir ele ao coma, para que não se prejudicasse mais - minha cabeça gira como se eu fosse desmaiar - agora precisamos esperar ele reagir.


CONTINUA...


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